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Fora dos Estados Unidos, o norte-americano costuma ser chamado ianque...

...do inglês yankee, possível variante do holandês jantje, diminutivo de Jan, João. Na língua dos ianques, sogra, do latim vulgar socra, a mãe do marido ou da mulher, é mother-in-law, algo como mãe jurídica.

Deonísio da Silva Publicado em 08/08/2008, às 16h14

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Ciranda: do árabe çarand, peneira grossa, crivo, designando também tabuleiro de madeira para secar rolhas de cortiça. No latim vulgar é tarantara. Ciranda, com sinônimos de sarandi e cirandinha, designa dança de roda, trazida para o Brasil pelos portugueses. A origem remota é a alegria dos festejos pela boa colheita, tema examinado pelo filósofo húngaro Georg Lukács (1885-1971) em seu vasto e complexo estudo de Estética, obra publicada em vários volumes, em espanhol, pelas Ediciones Grijalbo, de Barcelona. Como dança e cantiga infantil, a ciranda veio parar no folclore brasileiro: "Ciranda, cirandinha,/ Vamos todos cirandar./ Uma volta, meia volta,/ Volta e meia, vamos dar/ O anel que tu me deste/ Era vidro e se quebrou/ O amor que tu me tinhas/ Era pouco e se acabou/ Por isso, Dona Maria,/ Entre dentro desta roda,/ Diga um verso bem bonito,/ Diga adeus e vá-se embora". Ciranda de Pedra é também título do primeiro romance de Lygia Fagundes Telles (85), lançado em 1954 e adaptado para a televisão em 1981 e em 2008. Híndi: do inglês hindi, que assim grafou o nome da língua indo-européia, do ramo indo-iraniano, sub-ramo indo-árico, vinculada ao grupo sânscrito. Não apenas as palavras, mas também os conceitos, usos e costumes desconcertaram os ingleses quando chegaram para colonizar a Índia. É o caso da tradição de a viúva se imolar em ritual na fogueira funerária do marido, com o objetivo de provar seu amor e fidelidade. A sinistra cerimônia foi abolida apenas em 1829, por decisão do governo inglês. E a mulher sati, sábia em híndi, como era conhecida tal viúva, não mais se imolou. Palavras vindas do híndi e do sânscrito são invocadas muito raramente na mídia, mas, no dia 8 de julho o Brasil tomou conhecimento de uma operação da Polícia Federal chamada Satiagraha, expressão do sânscrito que junta duas palavras satya, verdade, e graha, firmeza. O líder político indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) adotou a expressão para designar o movimento de resistência pacífica, por ele liderado, que objetivava a independência da Índia. Mohandas Karamchand, seu verdadeiro nome, era advogado e morreu assassinado por um extremista hindu. Ianque: do inglês yankee, variante de yanqu(e)y, provavelmente apelido, do holandês jantje, diminutivo de Jan, João. Literalmente, o étimo aponta para "joãozinho". Contudo a popularização do termo deve-se à letra de famosa canção popular norte-americana, Yankee Doodle, que, desde 1755, nos tempos coloniais, já era de todos conhecida e por todos cantada, a ponto de ser quase um segundo Hino Nacional dos Estados Unidos. Outro ingrediente de sua popularização resultou de estratégia de vendas do fazendeiro e comerciante Jonathan Hastings, que usava a palavra yankee, com o sentido de genuíno, para apregoar seus produtos. Uma yankee cider era uma cidra pura; um yankee horse, um cavalo de boa raça, e assim por diante. Na guerra de secessão, que ensagüentou o país no século XIX, os nortistas eram chamados yankees. Segundo observa Raimundo Magalhães Jr. (1907-1985) no Dicionário Brasileiro de Provérbios, Locuções e Ditos Curiosos, o romancista brasileiro Adolfo Caminha (1867-1897), autor do clássico A Normalista, voltando de uma viagem aos Estados Unidos, publicou um livro intitulado No País dos Yankees. Sogra: do latim vulgar socra, mãe do marido em relação à mulher e da mulher em relação ao marido. No latim clássico era socrus, no masculino e no feminino, reduzido de socerum, já variante de socer, companheiro, sócio. No latim clássico, curiosamente, designava a avó, e não a mãe, dos respectivos cônjuges. Essas denominações têm outras sutilezas. Em inglês, sogra é mother-in-law (algo como mãe jurídica). Em italiano, suocera. O francês tem a designação mais bonita das línguas neolatinas: sogra é belle-mère (bela mãe). A figura da sogra, no imaginário popular, representa o que há de pior na alma feminina. Tal ódio às vezes é estendido também à filha dela e disso não escapou sequer o filósofo Sócrates (470-399 a.C.), que expulsou a esposa Xantipa de perto de si, preferindo morrer na companhia dos discípulos apenas. Medeiros e Albuquerque (1867-1934), na conferência Mas não Casar É Melhor, apresenta Sócrates não só como "grande pensador", mas como "cidadão perfeito", porque "esteve na guerra três vezes" defendendo sua pátria e "fez do ensino um verdadeiro apostolado", enfrentando, de quebra, por "toda a vida", "o pior dos tormentos na esposa, na odiosa e abominável Xantipa".