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Flexibilidade na divisão de papéis colabora para o equilíbrio da união

Luisa Mascarenhas Publicado em 20/04/2006, às 12h14

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Luisa Mascarenhas
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A convivência amorosa nos influencia fortemente. Tem até o poder de acentuar, atenuar ou ainda despertar determinados aspectos de nossa personalidade. Muitas vezes nos surpreendemos ao tomarmos consciência de características que nem imaginávamos ter. E mais: quando trocamos de parceiro ou parceira, podemos ver diferentes traços nossos aflorarem. Por essa razão, há delícias e inquietações próprias a cada relacionamento. Prazeres e angústias podem ser atribuídos em grande parte à divisão de papéis que aos poucos se impõe entre o casal. Mesmo sem se dar conta, cada parceiro vai se apropriando de funções de acordo com as suas tendências e as demandas da relação e do parceiro. O problema é que, quando um toma para si determinado papel, muitas vezes o outro acaba assumindo a postura contrária. Se um sempre se adianta nas decisões, por exemplo, o outro pode tornar-se dependente e acomodado. E o contrário também acontece: quando a dependência de um se instala, o outro avança na liderança. Um parceiro aéreo e distraído pode reforçar o comportamento controlador do companheiro. Um sensível e carente arrisca-se a estimular a frieza do outro. Embora se diga que os opostos se atraem, uma relação caracterizada por polarizações como essas provavelmente implicará prejuízo a ambos. Claro que, por um lado,é positivo que os papéis se complementem- os extremos é que são danosos. Onde há excesso num pólo, certamente haverá deficiência no outro. No mínimo, papéis fixos e estereotipados dificultam o crescimento pessoal dos envolvidos. É ilusão pensar numa relação em que não haja papéis mais ou menos definidos, porém certa mobilidade é fundamental para torná-la saudável. Ao refletir sobre o relacionamento que estamos vivendo, precisamos buscar entender como se dá essa dinâmica. Tal exercício pode esclarecer conflitos e dizer muito sobre os sentimentos despertados, além de ser boa maneira de visualizar como a união vai se desenvolver ao longo do tempo. Escapar da trama construída na relação é certamente um desafio. Mas às vezes basta mudar um elemento do sistema para alcançar resultados animadores. Pode ser pela adoção de uma nova forma de se posicionar diante do companheiro ou uma alteração na maneira de se comunicar com ele. Mas não se deve esperar que a mudança venha do outro. Tentar transformar o parceiro e fazê-lo encaixar-se no modelo almejado em geral é tarefa exaustiva e infrutífera. Quem se sente incomodado deve fazer o primeiro movimento e buscar reestruturar a relação em um modelo mais satisfatório. Mas precisa saber, de antemão, que enfrentará poderosas forças internas e externas responsáveis pela manutenção daquela dinâmica. Não é uma empreitada simples e muita gente pode se perguntar, no meio dela, se vale a pena continuar lutando pela relação. A dúvida muitas vezes procede. A possibilidade de alterar o padrão da união e melhorá-la qualitativamente existe, mas há limites para a persistência. A incansável luta para tornar o outro aquele que se deseja ter ao lado, assim como a tentativa de se modificar ao máximo em benefício do relacionamento, não raro resulta em esgotamento emocional. Logo, é pertinente buscar relações que estejam sintonizadas com nosso próprio modo de viver. Às vezes as pessoas se detêm demais naquele que querem ter ao seu lado e perdem de vista a pessoa que elas próprias desejam ser na relação amorosa e na vida. Mais do que buscar o melhor no outro, é essencial encontrar uma união que traga à tona o que há de melhor e de mais verdadeiro em si mesmo.