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Fernando Pavão rebate críticas à novela 'Máscaras'. 'Hoje em dia qualquer um pode ser crítico'

Fernando Pavão, protagonista da novela 'Máscaras' da Record, fala a CARAS Online sobre as duras críticas que a trama tem recebido

Redação Publicado em 04/07/2012, às 12h48 - Atualizado em 03/08/2012, às 22h38

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Fernando Pavão interpreta Otávio Benaro em 'Máscaras' - Michel Angelo / Record
Fernando Pavão interpreta Otávio Benaro em 'Máscaras' - Michel Angelo / Record

Fernando Pavão (41), protagonista da novela Máscaras, da Record, na pele do personagem Otávio Benaro, defende com unhas e dentes o seu e o trabalho de todo o elenco da trama, que vem sendo alvo de críticas pesadas por conta de seu baixo desempenho nas pesquisas de audiência da televisão brasileira. 

No começo desta semana, um grupo de atores da novela se reuniu, assinou e divulgou uma carta de amor para toda a imprensa. No documento, eles pedem mais responsabilidade dos críticos. "Hoje em dia existe uma febre de criticar e qualquer um pode ser o crítico, que se acha no direito de falar de maneira ofensiva", desabafou o ator em entrevista exclusiva a CARAS Online"Não estou pedindo que gostem da novela, só que tenham respeito e mais discernimento na hora de fazer uma crítica", completou.

Confira a entrevista na íntegra: 

Na carta de amor dos atores de Máscaras, o elenco diz que a trama inova e transgride. Você acha que os críticos e os telespectadores não estão preparados para isso?

- Eu não acho que o telespectador não está pronto, embora seja difícil a entrada da modernidade em uma novela, que costuma a trabalhar com esteriótipos. Máscaras não traz os mocinhos como mocinhos e os vilões como vilões. Mas, o enfoque dessa carta foi outro, foi o de defender nosso trabalho que está sendo atacado por críticas por conta dos baixos números de Ibope. A audiência trata de números e não revela a real qualidade de um trabalho. Hoje em dia existe uma febre de criticar e qualquer um pode ser o crítico, que se acha no direito de falar de maneira ofensiva. E não é por aí. Se uma emissora para de produzir, não é só os atores que vão ficar sem emprego. Tem muita gente envolvida nisso. Nas redes sociais vemos muitos comentários maldosos também. Não estou pedindo que gostem da novela, só que tenham respeito e mais discernimento na hora de fazer uma crítica. 

Existe algo que se possa atribuir, então, os baixos índices de audiência da novela?

- O horário [23h15] é uma coisa que eu acho que atrapalha, só que esse índice é muito relativo. O Ibope é medido por São Paulo, que não é o lugar onde está a melhor audiência da Record. No Rio de Janeiro a gente bate 15 pontos; no Nordeste damos de 18 a 20 pontos. Só que nenhum crítico se atenta a isso. Quando é para elogiar, não vem o elogio. Ninguém está falando da mudança estética da novela, que é muito importante. Só querem saber de falar mal do folhetim e da emissora. 

Em uma entrevista, o autor de 'Máscaras', Lauro César Muniz, disse que essa novela iria para o hall de 'equívocos' de sua carreira. Essa declaração não desmotiva o elenco?

- Quem não conhece o Lauro, deve ter interpretado essa informação de forma negativa mesmo. O Lauro é um autor extremamente apaixonado, totalmente passional pelo o que ele faz. Se ele falou isso, foi com profunda tristeza com relação a uma série de coisas. Quando eu li a entrevista, não achei que foi desestimulante. Pelo contrário, enxerguei uma pessoa tentando recuperar suas forças diante de tanta dificuldade. Isso me incentivou. Temos que levantar essa novela, mexer, fazer acontecer. O Lauro defende a obra dele de corpo e alma até o final. Ele não vai abrir mão de Máscaras e nós, atores, estamos juntos com ele. 

Na sua opinião, a mudança de diretor contribuiu para a trama? [Ignácio Coqueiro foi substituido por Edgard Miranda]

- Foi uma decisão que partiu da própria emissora, que, de alguma maneira, percebeu algo errado acontecendo. Acredito que houve uma melhora porque é alguém novo que chega cheio de gás, com vontade de fazer acontecer. É um grande direitor e uma grande pessoa. Tudo que está acontecendo é na tentativa de melhorar. E tem funcionado. Vejo uma novela muito boa no ar e a repercussão das pessoas nas ruas é de quem está gostando do que vê. Estamos em um momento de Máscaras que a trama começa a ficar mais clara; acredito que isso vai facilitar a compreensão do público. 

Você acha que sua atuação em Máscaras será uma contribuição satisfatória para a sua carreira de ator?

- Não tenho dúvidas disso. Tenho muito carinho pelo Otávio. Eu sempre quis fazer um herói em uma novela e esse personagem é isso e muito mais. Ele é rico, cheio de nuances. Tem sido uma experiência muito boa. Os personagens do Lauro são assim. Eles fraquejam, são vuneráveis, têm vida.

Você está na Record desde Caminhos do Coração (2007). Como tem sido a relação de trabalho com a emissora? Está satisfeito na casa?

- Super satisfeito. A Record é uma emissora que me deu condições boas de trabalho, grandes oportunidades em novelas e personagens muito bons. Tenho prazer de trabalhar lá todos os dias. É um ambiente de trabalho saudável. Não que as outras emissoras não sejam assim, mas eu gosto de falar do meu universo. 

Quais são os seus planos para depois do final da novela? Algum novo projeto? 

Depois de Máscaras eu vou descansar, pelo menos, um mês. Tenho ficado longe da minha família por conta das gravações da novela e quero ficar um tempo matando a saudade deles. Depois disso, vou pensar em trabalho. Devo fazer alguma peça, porque estou morrendo de saudades do teatro. 

Mais - Leia a carta de amor que os atores de Máscaras escreveram em represália às críticas que a novela tem recebido: 

Inconformados com o tratamento  dado ao nosso trabalho, em vários tipos de mídia, nos manifestamos e queremos alertar para algo que não está sendo percebido.

No começo os críticos  reclamavam que a novela era difícil, feia até. Acatamos, Lauro abriu mais a trama, lutamos, perdemos um diretor, ganhamos outro, uma NOVA novela está no ar. Isso, estranhamente, quase ninguém comenta.

1 – É do conhecimento de todos que uma novela que vai ao ar após às 23h30m , não tem a mesma audiência de uma outra que vai ao ar às 21h. No entanto, a veiculação sobre o índice de audiência de “Máscaras”, não vem com esta informação.

2 – Nós não aceitamos a avaliação de nosso trabalho apenas através do índice/Ibope, o que significaria colocar o trabalho dos atores no mesmo patamar de componentes de um reality show. O Ibope é um índice de mercado, comercial, compreendemos isso, mas nosso trabalho é artístico.

3 – “Máscaras” inova e transgride, mas isto não está sendo percebido pela maioria. O que não estão vendo em nossa novela, é que ela quebra com os clichês das novelas convencionais: quando apresenta um galã dúbio, que tanto pode ser bom ou mau caráter, sem heroísmo romântico; vilões que se apaixonam, cujas ações são misturadas com humor e atitudes paradoxais, sem maniqueísmos; um casal que tem um filho imaginário, uma metáfora, algo inexistente em novelas; personagens com tesão explicita e realizada, fugindo aos padrões antigos de comportamento; um retrato político do capitalismo selvagem internacional, ao mostrar uma organização com interesses em propriedades de outra nação, como acontece com o petróleo do Oriente Médio, ou a loucura dos investidores da bolsa americana, em sua ambição desenfreada, levando o mundo a uma crise imensa. Não é justo que essa inovação, essa ousadia, não fique registrada, seja tratada tão prosaicamente, baseada tão sómente  no valor Ibope.

4 – Não estamos incomodados por qualquer crítica desfavorável, respeitamos o gosto de cada um. Afinal, o que seria da música “brega”, se todos gostassem de Mozart? O que seria de Van Gogh que só vendeu após a morte? O que nos dói é saber que esta que será a última novela de Lauro Cesar Muniz tem sido tratada de forma tão equivocada por alguns veículos da mídia, sem o cuidado de prestar atenção ao texto deste grande dramaturgo, cuja obra plenos de amor e garra representamos. Além disto  trata-se do nosso ofício e do nosso mercado de trabalho.

5 – Temos encontrado uma reação calorosa nas ruas e, sabemos, isto não acontece com um trabalho sem audiência. A TV de hoje tem tantos canais, tanta programação, que não se pode cobrar das pessoas que acompanhem tudo e, talvez por isso, não tenham percebido o que estamos alertando agora. Mas, tendo feito já as mudanças que grande parte da mídia  tanto criticou e talvez estivessem certos em alguns aspectos, seria honroso que no mínimo comentassem de forma mais respeitosa, e opinassem inclusive sobre a “nova novela” quem vem sendo exibida, chama-se “Máscaras” e é boa pra caramba.