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Fernanda Young desiste de biografia pelos filhos

Fernanda Young diz que desistiu de lançar sua autobiografia por respeito aos seus filhos e conta como é sua relação com as filhas mais velhas, Cecília Madonna e Estela May

Renan Botelho Publicado em 13/10/2011, às 15h07 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Fernanda Young - Divulgação/ Rede Globo
Fernanda Young - Divulgação/ Rede Globo

Fernanda Young (41) estava determinada a escrever sua história, sem poupar nenhum detalhe, na autobiografia que se chamaria Acho que foi assim. Mas a escritora e apresentadora desistiu do trabalho pelos seus filhos. Mãe das gêmeas Cecília Madonna e Estela May (11) e dos pequenos Catarina Lakshimi (3) e John Gopala (2), ela explica por que largou o projeto em entrevista exclusiva à CARAS Online:

- Você estava escrevendo sua autobiografia. Como está o projeto?
Eu cheguei a clara conclusão de que é impossível. Não dá agora, por motivos vários, dentre eles é que comecei inúmeras vezes, avancei inúmeras vezes, e eu sou biográfica o tempo inteiro, não há nada que não seja biográfico em mim, mas eu não poderia... não poderia por motivos muitos menos burgueses do que ‘ah, vou magoar alguém, blá blá blá’. Mas por questões de respeito ao por vir e o por vir está relacionado aos meu filhos.

- Mas mais para frente, você se vê escrevendo sua história?
O tempo inteiro. Eu me vejo e fico buscando as linguagens. Eu adoro biografia, adoro a estrutura, então vejo várias hipóteses de reestruturar e fazer algo. Mas, de fato, eu tenho contado a minha vida para os meus filhos, principalmente para as mais velhas, de uma forma tão honesta e cuidadosa, que se eu escrever uma biografia seria uma indelicadeza com eles. E é realmente com eles, não é com o Alexandre [Machado, marido], não é com a minha mãe, não é com ninguém... Eu não poderia ser tão informativa.

- Qual é exatamente sua preocupação com seus filhos?
As minhas filhas mais velhas descobriram – quando eu fiz uma viagem agora para Londres para ver coisas de Harry Potter e tal – elas descobriram com um amigo meu que mora lá e é padrinho da Cecília, que eu parei de estudar com 16 anos de idade e terminei aos 23 e fiz o supletivo. Quando isto foi dito em uma mesa, aí elas falaram ‘mamãe, você parou de estudar o quê? Inglês?’. Como que se fala isso? Como que se entra neste assunto? É este meu cuidado, não é medíocre – tomara que não seja – não é hipócrita, e estou c.. e andando para aqueles que poderiam se sentir ofendidos. Elas daqui a pouco estão lendo os meus livros.

- Existe certo medo ou ansiedade por quando elas começarem a ler seus livros?
Eu sinto ansiedade, por que é a faixa etária para ler livro meu. Durante muitos anos, eu vejo muitos jovens gostando de livros meus, e essas pessoas ficam mais velhas e continuam gostando de mim e pessoas mais novas continuam gostando de mim. E eu adoro, por que são momentos pontuais na vida dessas pessoas e eu sei que faz diferença de quem você gosta. E o fato de elas não deixarem de gostar de mim é uma coisa que impressiona. Então, a questão é: como esta pessoa que eu sou, que é a mesma que está em casa, mas obviamente a que está em casa mostra mil vezes mais suas fragilidades e disfarça mil vezes mais coisas que não devem ser expostas, pode fragilizar as adolescentes que vão crescer comigo. Entendeu? É uma coisa que eu tenho que pensar. Elas vêm as pessoas falando comigo, elas identificam que meu público é de pessoas específicas e que são pessoas dotadas de alguma diferença e talentos, e delicadezas.

- Então, elas já perceberam que têm uma mãe famosa?
Já entenderam e acho que já estão começando a entender o porquê e para quem. E eu também não quero que isso macule o que sou como mãe. É complexo. Eu adoro os adolescentes, sou fascinada. É uma coisa híbrida entre criança e adulto, e é corajoso, é destemido e sofre. São pessoas que me encantam muito. E essas pessoas que me encantam muito daqui a pouco vão ser minhas filhas mais velhas. Isso tudo colocou em cheque tudo o que eu vou fazer escrevendo um livro onde não vou poder mentir em nada.

- Você parece bastante animada com adolescência de suas filhas, diferente de muitas mães que temem esta fase...
Eu adoro. Acho lindo. Eu olho para elas e elas estão cheias de questões. Daqui a pouco elas não vão me suportar, mas é bom...

- Você conversa com elas? Como é sua relação as gêmeas?
Elas vão, talvez nesta nova fase, perder a amiga. Elas vão ter uma amiga para sempre, mas eu não sou coleguinha. E uma coisa que eu falo muito para elas é que para me enganar vai precisar muito. Eu jamais vou banalizar meus atos como ‘tudo que eu fiz não foi nada’. É sério e é grave. Tudo que mamãe fez, que considero hoje como coisas perigosas e perniciosas, dizendo que era besteira... não é besteira nada. E eu, quando tomo cerveja na frente delas – o que acontece pouco, por que elas não freqüentam bares e festas que eu vou – eu sei o que estou fazendo. E espero que elas só venham a tomar cerveja com 21 anos, a louca (risos). Mas acho que lá pelos 16 e 17... Por que o que vai acontecer? Se eu banalizo isso, quando elas precisam de um escape por onde elas vão começar a ser rebeldes? Bebendo! Então, não vou banalizar nada. As coisas são graves e eu falo para todo e qualquer adolescente: de todas as m... que eu já fiz, ter fumado por 21 anos foi de uma estupidez infinita. Então, não tem essa brincadeira, eu não sou a coleguinha que vai deixar elas fazerem o que quiserem. Eu sou uma pessoa que está envelhecendo com os bons sonhos da infância e com a intenção de mudar o mundo da adolescência, mas que bem sei o preço de cada coisa.