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Feliz o casal que descobre o amor antes que a paixão chegue ao final

Solange Maria Rosset Publicado em 21/12/2006, às 12h19

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Solange Maria Rosset
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Ouvi recentemente de uma mulher que ela se sentia privilegiada por ter se apaixonado uma vez. Sentia-se mais privilegiada ainda porque foi apenas uma vez. Esse e outros depoimentos são de pessoas que passaram pelo encantamento e também pelo sofrimento da paixão. Sobreviveram e são capazes de falar sobre o assunto com distanciamento. Quem está mergulhado nesse torvelinho de emoções não enxerga com tanto discernimento. Ao pensar e pesquisar a respeito do tema, cheguei a algumas conclusões. O tempo da paixão varia de uma pessoa para outra. Depende de muitos fatores, mas posso afirmar que dura mais nas relações em que os parceiros se esforçam para mostrar apenas o que agrada ao outro. Alguns casais conseguem levar isso por longo tempo. Mas é necessário esforço - consciente ou não, intencional ou não - para manter a realidade fora da relação. A intensidade da paixão depende do funcionamento dos parceiros, porém muito mais do motivo da atração inicial. Se o que atraiu ao primeiro olhar ou contato foi algo que é vital para os valores e o momento da pessoa e foi fortemente impregnado de emoção e sensações vai dar maior intensidade à paixão que viverão. Uma mulher, ao encontrar o homem que acabou sendo seu marido por vários anos, ficou encantada com a calma e a segurança que demonstrava. Ela saía de uma união que, à semelhança das anteriores, era repleta de problemas, traições e brigas. E apaixonou-se. A possibilidade de se apaixonar depende também da condição que a pessoa tem de correr riscos e entregar-se à experiência. Já a ausência de paixão na vida de uma pessoa sinaliza seu nível de controle, seu funcionamento racional e sua independência. Por outro lado, o excesso de facilidade para se apaixonar mostra uma fantasia de que a sua segurança vem de fora, de alguém. Pessoas que têm dificuldade de aprender com as experiências correm o risco de estar sempre apaixonadas por alguém. É inevitável que a paixão desapareça, pois o tempo, as mudanças e a realidade são poderosos. Uma esposa dizia que, quando o deslumbramento causado pelo coquetel de hormônios diminuiu, depois de mais ou menos um ano, e ela pôde ver o companheiro como ele era realmente, alguns detalhes que pareciam encantadores passaram a ser irritantes. Antes, achava engraçado ele não conseguir encontrar nada na geladeira, mas agora tem vontade de gritar. Ele, que adorava ouvir tudo que ela dizia, agora se cansa com a falação e gostaria de poder "desligá-la". Em alguns casos, quando a paixão acaba, o relacionamento não tem energia ou força para continuar. Não sobram motivos para isso. Mas a paixão também pode transformar-se. A passagem para o amor envolve o desenvolvimento de muitos aspectos. Algumas pessoas têm mais facilidades, outras menos. Vai depender da forma como cada uma lida com a realidade, as frustrações e as diferenças. O amor não tem uma definição única. Cada pessoa vai defini-lo de acordo com o ângulo ou as questões que são importantes para ela. De modo geral, todas as definições apontam para o prazer, ou a facilidade, ou a importância de estar junto à pessoa amada. O que desencadeia o prazer, a facilidade ou a importância muda de pessoa para pessoa, dependendo do que é significativo para ela. O casal que aprende a usufruir o que o outro e o relacionamento têm de bom, de útil, e ao mesmo tempo é capaz de neutralizar o que o outro e o relacionamento possuem de ruim, superando as dificuldades que surgem no dia-a-dia, tem mais condições de ir navegando pelas mudanças da paixão, do amor, das afinidades e das diferenças.