Uma mulher-bombom, "embalada" para presente?? Exatamente isso, queridinha. Lacroix vê a mulher como uma jóia, como uma "oferenda". Assim sempre foi (ele está festejando 20 anos de alta-costura) e assim sempre será. Colorista estupendo (ainda que ele diga que "sonha em branco-epreto"...) e - quasequase - mais figurinista do que propriamente estilista, suas imagens passeiam livremente pelo passado, que ele ama. E... voilà! a história da moda entra em cena. As curvas das mulheres no fim do século 20 com seu perfume "art nouveau" versus o hieratismo um pouco rígido do século 17. Vai daí que seus "modelões" puxam o olho da gente para a cintura alta, a majestade da nuca, dos rins e dos ombros. Claro, são imagens definitivamente "grandiloqüentes", feitas para uma mulher que vive (ou ainda vai viver) algo espetacular. Então, toda teatral, ela chega usando acessórios "acrobáticos" na cabeça (aiaiai, como é que esse chapéu não cai??), cabelos frisados, emplumados, no melhor estilo século 18, botinhas de seda com penduricalhos de cristal negro, bolsinhas lindinhas, como um coração de strass, por exemplo. Vestidos-tesouros, plissados, drapeados, inflados, bordados, rebordados, acinturados, decotados, amarrados e... sei lá!! Fios de ouro, fios de prata, mil colares, mil bijoux, peles milionárias, plumas e... nossa!, esse repertório-fashion não acaba nunca. Anyway, o resultado final é sempre mágico, algo que - de certa forma - escapa do real, but who cares? Atenção, my sweet. Logo mais, em novembro, no Musée de La Mode et du Textile, vai acontecer uma exposição para celebrar os 20 anos de alta-costura de Lacroix. Peças antiqüíssimas (fim do século 16, começo do século 17), enfim todo um passado que ele adora. "Quero mostrar as peças que eu acho mais emocionantes, algumas até nunca vistas". Imagine só: tem uma malha verde vivo que foi tramada com fios de ouro, há não sei quantos séculos atrás... E quer saber? Ela lembra os pulls da Missoni, dos anos 70/80. Aiaiai, que medo... Será que o futuro-fashion já aconteceu??FOTOS: MARCIO MADEIRA
