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Fábio Arruda: 'Tenho mania de velho'

<i>por Aline Cebalos</i><br><br> Publicado em 01/07/2009, às 13h20 - Atualizado às 14h01

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Fábio Arruda - Reprodução
Fábio Arruda - Reprodução
O consultor de etiqueta Fábio Arruda se despediu de seus amigos de confinamento no domingo, 28, como o quarto eliminado de A Fazenda, com 59,5% dos votos. Sofrendo com a diferença de idade entre ele, que tem 39 anos, e os outros participantes - a maioria na faixa dos 20 - desde que soube que estava "na roça", Fábio pedia para que o público o escolhesse para deixar o programa. "Tenho mania de velho", confessa ao Portal CARAS. "Por várias vezes me senti um peixe fora d'água. As pessoas têm horários, padrões de controle de higiene e arrumação diferentes das suas", conta. Confira trechos da entrevista abaixo: - Como foi participar de A Fazenda? - Me achei um campeão por ter participado de um programa com uma infraestrutura destas. É espetacular, estar num reality assim dá a impressão de estar na Disney. São 36 câmeras espalhadas, é impressionante, de uma tecnologia incrível. As câmeras estão em lugares superabertos, distantes e captam tudo. Para você ter ideia, temos a sede, a piscina, a área dos animais que é distante, o piquete dos animais, que é mais longe ainda, uma área muito grande. É espetacular, de ficar bobo. - Você mudou com a experiência? - Não. Entrei um Fábio e sai o mesmo. E lá dentro também fui eu mesmo. - O que é mais difícil em se tratando de um reality show? - A convivência com as pessoas. Isso ganha em disparado. O trabalho braçal com os animais, a limpeza, é tudo difícil porque são coisas que não fazem parte do meu cotidiano, mas você aprende e faz. Claro que a motivação é diferente, numa academia você fica três horas numa boa, mas limpando cocô debaixo do sol, é diferente. Lá, você perde o pudor mesmo, não é sujeira dos animais, é cocô mesmo (risos). Basta ter disposição física que você lava a tua roupa, limpa banheiro, lava louça... Isso você até consegue fazer, o problema está em conviver com 13 pessoas completamente diferentes e que, eu pelo menos, nunca tinha tido contato. De repente, você se vê dormindo no mesmo quarto, usando o mesmo e único banheiro, a mesma pia... não é brincadeira. As pessoas têm horários, padrões de controle de higiene e arrumação diferentes das suas. - Chegou a se sentir um peixe fora d'água? - Em diversos momentos. Não houve exclusão por parte de nenhum dos participantes, todos são uns queridos, tive desentendimentos, claro, inclusive com o Théo (Becker), mas nada sério. Foi muito bacana, no lado humano não houve problema. Mas é uma moçada, tirando a Babi (Xavier) e a Danni Carlos, todos estão na faixa nos 20. Eu tenho 39 anos e hoje em dia dez anos são considerados uma geração, as diferenças são muito grandes. Dá para notar isso nas brincadeiras, na forma de humor, nas conversas... Não me acho, de jeito nenhum, melhor nem pior, só diferente. - Você, por várias vezes, pediu para ser eliminado. Por quê? - Pedi para sair. Na realidade, existem duas formas de se fazer isso no programa. Uma é como a Bárbara (Koboldt) fez, ela pediu para a produção, foi uma quebra de contrato, o que acarreta resoluções pré-determinadas. Quando digo que pedi para sair, não digo que fiz isso. Eu participei de todas as etapas, acabei indo para a roça participando de uma prova de sorte que perdi. Foi nesse momento, quando já estava na roça, que disse que queria sair, minha missão estava cumprida, eu estava satisfeito, mas queria sair, gostaria de voltar para casa. A produção não interfere em nada disso, nem a direção. Saí pelo voto popular. - Por que quis sair? - Meu discurso foi verdadeiro, achei que já tinha dado minha contribuição ao programa e não estava gostando do rumo que o jogo estava tomando. Cada um já está começando a tomar um rumo, a ter que jogar mesmo, independente de sentimentos, valores éticos, tem que jogar apostando. É um cassino de emoções, você pode ganhar ou perder muito. Não era o que queria. Estava satisfeito o suficiente, não tenho essa fissura no R$ 1 milhão, adoraria ganhar, claro, não sou louco. Mas R$ 1 milhão não paga qualquer preço. - Estava com muitas saudades de casa? - Claro que estava, mas dava para aguentar mais. Já morei nos Estados Unidos, na Espanha, estudei fora, sempre tive o hábito de ficar mais tempo fora de casa, mas era jovem. Hoje tenho mania de velho (risos). Gosto da minha cama, do meu banheiro, das minhas coisas e estava com muita saudade da minha vida, do meu cotidiano. Saudade do meu trabalho, de ir à academia, agendar minhas palestras pelo Brasil... não era nem uma saudade, mas sim uma falta física. - Acredita que não aguentaria ficar lá nem mais uma semana? - Se tivesse que ficar, ficaria, o ser humano aguenta qualquer coisa. Acredito numa frase que o avô da minha melhor amiga dizia. Desde que ouvi, há muitos anos, não tinha notado o quanto é verdadeira. Diz assim, 'o ser humano se acostuma com tudo'. E é verdade, pode até não estar feliz com a situação, mas se acostuma. Se eu tivesse que ficar, ficaria, não quebraria as regras do jogo, não desistiria, não é do meu perfil. Gosto de tentar... até porque não estava sofrendo, mas estava difícil. - Quem foi a melhor e a pior pessoa que conheceu lá dentro? - Não posso dizer quem é a melhor ou pior pessoa. Em um mês não dá para avaliar isso, até porque tem quem esteja assumindo personagens. Para mim, todos são ótimos. Mas, com quem tive mais afinidade e uma imensa admiração foi pelo Carlinhos. E com quem menos me identifiquei foi com o Théo Becker. - Você e o Théo discutiram lá dentro, não? - Sim. Tivemos uma discussão acalorada, que hoje (ontem), na gravação do Hoje em Dia, já foi superada. Nos desculpamos, nos abraçamos... Tudo o que aconteceu lá dentro, ficou lá, pelo menos para mim. Mas não concordei com a postura que ele estava tendo, não bate em nada com o que acho minimamente necessário para um convívio. - Como consultor de etiqueta, qual foi a pior gafe que viu? - Lá existiam diversas. A grande maioria comia de forma despreocupada, segurando os talheres de qualquer jeito, mastigando de boca aberta... Até o fato de pegar uma mexerica, descascar e comer, sem oferecer um gomo, não faz parte do meu cotidiano. Também tinha uma turminha que gostava de ficar gaseificando o ambiente, peidando e arrotando. Para mim era uma postura infantil. Cortar a unha na sala, lavar todas as calcinhas e as pendurá-las no banheiro para todo mundo ver o dia inteiro, dormir sem trocar de roupa, enfim, vararemos a noite falando sobre isso (risos). Mas entrei com a postura de que não estava lá para dar consultoria de etiqueta, não era a minha missão. Só quando me perguntavam. Tinha quem parecia fazer de propósito, como birrinha sabe, para provocar o sistema. Com a postura de que 'sou jovem, artista e não ligo para essas coisas. Sou descompromissado...'. Algumas pessoas acham que etiqueta é frescura, mas não. Etiqueta serve para uma melhor convivência entre as pessoas. - Pode dar exemplos de quem fazia isso? - O Dado Dolabella tinha uma maneira particular de comer e o Carlinhos era o rei do pum, era coisa que ele mais se divertia e morria de rir em qualquer momento. - E agora com a saída da casa, quais são seus projetos? - Estou participando de quase todos os programas da Record e voltarei a dar minhas palestras de etiqueta e comportamento pelo Brasil. Como estou há poucos dias fora da casa ainda não deu para sentir, mas acho que a procura até aumente, por conta da minha exposição no programa.