CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Expressão, do latim exprimere, tirar espremendo, exprimir, é palavra ou grupo de palavras usado para passar uma idéia...

...Malas-sem-alça, por exemplo, são pessoas inconvenientes, entre as quais estão os pretensiosos, adjetivo que vem de pretensão, do latim pretensus, alongado.

Deonísio da Silva Publicado em 04/12/2007, às 17h28

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Atraso: de atrasar, verbo originado no advérbio atrás, formado do latim ad, para, e trans, além. Atraso é falta de civilidade e educação. Ibéricos, hispano-americanos e brasileiros sempre desprezaram a pontualidade. Quem deveria chegar antes eram os súditos. Nobreza e fidalguia consideravam-se superiores e procuravam chegar com atraso para marcar o privilégio de poder fazê-lo. Enquanto não apareciam, as pessoas sentavam-se e lhes era servido chá - daí a expressão "chá de cadeira" para designar espera demorada. No Brasil atual quem impõe atraso em geral são autoridades, que, pagas pelos contribuintes, os desrespeitam, fazendo-os esperar. Expressão: do latim expressione, declinação de expressio, de expressum, supino de exprimere, apertar com força, tirar espremendo, exprimir, dizer, declarar. Supino, que quer dizer inclinado, é forma nominal do verbo que gramáticos latinos criaram na Idade Média, sem que se saiba muito bem por quê. Como nem tudo pode ser designado literalmente, algumas expressões foram forjadas no meio erudito e outras, pelo povo, para passar certas idéias. "Mala-sem-alça", por exemplo, é pessoa inconveniente. A metáfora surgiu no tempo em que se usava o cavalo como meio de transporte. Para serem transportadas no seu lombo, as malas precisavam ter alças. Quando estas faltavam, estava criado o problema. Outra expressão curiosa é "tirar água do joelho", eufemismo de urinar (para o homem). Quem primeiro mandou construir mictórios públicos no Rio de Janeiro, de forma que ninguém precisasse tirar água do joelho na rua, foi a princesa Isabel (1846-1921), na segunda metade do século XIX. Ela pediu ao escritor Visconde de Taunay (1843-1899) que inventasse uma palavra para substituir a deselegante "mijadouro", que designava suas obras. Taunay, que já havia criado necrotério para tomar o lugar de morgue, concebeu mictório, por analogia com lavatório, do latim tardio lavatorium. Pródigo em expressões, o brasileiro criou também "mão na roda", auxílio oportuno, com base no costume antigo de desatolar carros de boi forçando suas rodas com as mãos. Já "andar na linha" pode ter origem no transporte ferroviário ou nos quartéis, onde o recruta aprende a andar na linha no sentido literal, acompanhando o pelotão, e no sentido conotativo, obedecendo a seus superiores. Gasogênio: provavelmente do francês gazogène, gasogênio, gás combustível produzido de carvão vegetal. Na Segunda Guerra Mundial, designou também o aparelho acoplado na traseira dos automóveis para gerar gás e substituir a gasolina. Getúlio Vargas (1882-1954), então presidente da República, incentivou o uso da engenhoca, que enfeava os carros e fazia com que os motores perdessem 50% da potência, além de sujar de fuligem motorista e passageiros. Com a falta de lenha, no final de 1944, as ruas ficaram desertas. Passada a guerra, a crise de combustível foi debelada, voltando em 1973. O Brasil respondeu com o Proálcool, que levou à produção dos primeiros carros a álcool em 1978. Em 1988, o projeto começou a declinar, pois o preço do petróleo voltara a cair, enquanto o do açúcar subia. Hoje, muitos carros já saem da fábrica no modelo flex: aceitam a gasolina e o álcool. Pretensioso: de pretensu, mais ione, forma desnasalada de pretensão, do latim pretensus, alongado, extenso, como indica o étimo tend, presente em estender, seja a roupa no varal, seja um assunto. Cláudio Moreno (58) e Túlio Martins (50), no livro Português para Convencer: Comunicação e Persuasão em Direito (Editora Ática), dão um exemplo de estilo pretensioso: "Destarte, como coroamento desta peça-ovo emerge a premente necessidade de jurisdição fulminante, aqui suplicada a Vossa Excelência. Como visto nas razões suso expostas com pueril singeleza, ao alvedrio da lei e com a repulsa do Direito, o energúmeno passou solitariamente a cavalgar a lei, este animal que desconhece, cometendo toda sorte de maldades contra a propriedade deste que vem às barras do Tribunal". Os autores sugerem mudar para: "Do que foi exposto acima, conclui-se que os fatos narrados nesta petição inicial são incontroversos e estão provados sumariamente por meio de documentos. Tanto o Código Civil como a Constituição da República contêm regras claras que protegem a propriedade, observada sua função social - ou seja, exatamente a hipótese deste processo".