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Etimologia

Na linguagem coloquial brasileira, evita-se, por superstição, dizer Diabo, do grego diabolos, o que levou à criação da variante diacho, supostamente mais suave. Ranço, por sua vez, tem origem no latim rancidus, estragado, desagradável, insuportável.

por Deonísio da Silva* Publicado em 19/04/2010, às 16h35 - Atualizado às 16h37

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Etimologia
Aerovelha: de aeromoça, da junção de aero, antepositivo de aéreo, e moça, feminino de moço, do basco motz, originalmente designando o boi sem chifres, depois aplicado ao rapaz ainda sem barbas. Designa aeromoça aposentada ou com idade excessivamente superior ao padrão, já que a maioria das comissárias de bordo receberam tal qualificação por serem jovens. Aerovelha, apesar do ranço machista, é palavra já assimilada pelas próprias funcionárias aposentadas, que se autodenominam assim, como é o caso da gaúcha Antonieta Maria Rauber (53), que abandonou a carreira de professora de Letras para tornar-se aeromoça, e da goiana Maria de Bastos Oliveira (1926-2010), a primeira aeromoça do mundo a aposentar-se segundo as leis trabalhistas, aos 42 anos, depois de 18 anos de trabalho. Sobre gracinhas e cantadas recebidas, ela disse: "Uma mulher consegue levar uma conversa para onde quiser". Búlgaro: do latim bulgarus, latinizado a partir de Bulgar, nome da capital de antiga região situada perto da Turquia e da Romênia, na Mésia Menor, às margens do rio Volga. Pode ter tido influência do turco bulghamak, misturar, ou bulga-mak, revolver, pelo fato de os soldados fineses, que conquistaram a Mésia no século VII, haverem-se mesclado com os eslavos. O latim bulgarus passou a sinônimo de herético porque os antigos búlgaros, membros da Igreja greco-ortodoxa, foram adversários temíveis dos cruzados. A ministra Dilma Vana Rousseff (63), mineira, uma das candidatas à presidência da República, é filha do búlgaro Pedro Rousseff, que, já viúvo, emigrando para o Brasil, aqui casou-se com Dilma Jane Silva. No romance O Púcaro Búlgaro, obra referencial da literatura brasileira, do mineiro Walter Campos de Carvalho (1917-1998), um personagem decide fazer uma expedição para verificar se a Bulgária existe. Os futuros expedicionários são estranhos. Um deles, por ter morado muito tempo ao lado da Torre de Pisa, na Itália, tornou-se inclinado também. Ivo, aquele que viu a uva, de acordo com a cartilha que alfabetizou tantas gerações, acha-se descendente do sábio hindu que inventou o zero e vive reivindicando os direitos autorais da cifra. Enquanto os outros ficam discutindo se a Bulgária existe ou não, um deles saqueia a geladeira do dono casa e transa com a mulher dele. A expedição é sempre prorrogada até transformar-se apenas numa partida de pôquer. Diacho: variante de Diabo, do grego diabolos, o que desune, contrário ao symbolos, símbolo, o que une, no latim escritos respectivamente diabolus e simbolus. No coloquial brasileiro, evita-se dizer Diabo, por crer-se que, ao dizer o nome, invoca-se o proprietário. Surgiram, então, substitutos como diacho, coiso, coisa ruim. Mas há expressões como "com o diabo no corpo", "levado dos diabos" e "diabo a quatro". O papa Sisto V (1520-1590) criou o cargo de Advogado do Diabo, em 1587, abolido por João Paulo II (1920-2005) em 1983. No julgamento de Alexandre Alves Nardoni (31) e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá (26), acusados de matar a menina Isabella Oliveira Nardoni (2002-2008), filha do primeiro casamento do réu com Ana Carolina Cunha de Oliveira (26), o papel de Advogado Diabo às avessas foi exercido por Roberto Podval, já que a opinião pública endossava as acusações do promotor Francisco Cembranelli (49). A sentença, assinada pelo juiz Maurício Fossen (40), condenou os réus, por coincidência, a penas equivalentes à idade que hoje têm: 31 e 26 anos de prisão, respectivamente. Ranço: do latim rancidus, fétido, estragado, desagradável, insuportável, cujo étimo está ligado a rancere, rosnar, a fala do tigre, e também a rancor, cujo significado original é cheio de ranço, que passou a designar também o gosto amargo e o mau cheiro de alimentos gordurosos estragados e de comidas impróprias ao consumo, por tempo demasiado de armazenagem. Mofo e bafio são seus sinônimos. No sentido conotativo, designa traço desagradável, percebido em pessoas e objetos, ou em coisas fora de moda. Serra: do latim serra, cadeia de montanhas, serra, e também ferramenta com lâmina ou disco dentados, utilizada originalmente para cortar madeira, mas depois muitos outros materiais. É sobrenome em Portugal, na Galícia, no Brasil e integra o nome completo do atual governador de São Paulo, um dos candidatos à presidência da República, José Chirico Serra (68), filho de Francesco e Serafina. A expressão "subir a serra", indicando irritação, provém do costume de habitantes do litoral de retirar-se para as cidades serranas vizinhas, fora de temporadas de veraneio ou fins de semana, inconformados com desavenças familiares ou políticas.