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Etimologia

Redação Publicado em 11/04/2011, às 19h59 - Atualizado em 13/04/2011, às 15h18

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Brejeiro: de brejo, palavra provavelmente radicada em brag-wair e brag-welt, com as quais os címbrios designavam plantas aquáticas. Os címbrios vinham da Germânia para invadir a Gália, mas foram impedidos pelo Exército romano nos Alpes. Brejeiro veio a designar o habitante do Brejo, em Portugal, e por extensão o indivíduo divertido, bem-humorado.Mas tem também o sentido de patife, vagabundo, tratante. Cheda: do celta cleta, pelo latim cleta, designando cada uma das pranchas longitudinais do carro de boi, onde são encaixados os fueiros. Mas há uma palavra de origem inglesa, pronunciada de forma muito semelhante a esta, usada para identificar um tipo de queijo. É cheddar, neologismo que ainda não foi aportuguesado. Esse queijo, feito de leite de vaca, tem consistência firme e cor branco-amarelada. O nome homenageia a localidade de Cheddar, no condado de Somerset, no Reino Unido, onde ele foi fabricado pela primeira vez. Dos 10 maiores queijos do mundo, oito são do tipo cheddar. O maior deles, fabricado no Canadá em 1995, tinha 26,1 toneladas. Equivalia à quantidade de queijo consumida por 2500 canadenses no período de um ano: 10,44 quilos cada um. Firula: de provável redução do hispano-americano firulete, de florete, radicado em flor, designando enfeite. Passou a ter o significado de adorno retórico, dispensável na argumentação, migrando dali para outros campos, como o futebol. Aparece neste trecho de Na Grande Área, do jornalista brasileiro Armando Nogueira (1927-1910): "Quando não há pressa, fazem embaixada, fazem uma firula qualquer, realizando com os pés, em matéria de domínio de bola, o que os tenistas pretendem e mal conseguem realizar com a mão." Horto: do latim hortus, espaço murado, propriedade em geral perto de vilas ou cidades. Consolidou-se como lugar onde é preservado o verde: árvores frutíferas ou ornamentais, flores. Atualmente, a maioria dos hortos é propriedade pública. Na Bíblia, logo nos primeiros capítulos, o éden, conhecido também como jardim de delícias, é referido como horto em várias traduções. De acordo com esses textos míticos, ficava no atual Iraque. Outros intérpretes dizem que ficava na Armênia, na Turquia, no Irã, em Israel, no Egito. Mas, modernamente, como os restos mais antigos do Pithecanthropus foram encontrados na ilha de Java, passou-se a dizer que Adão e Eva viveram ali. Italianismo: de italiano, de Itália, cuja etimologia remonta a vitluf, bezerro, na língua dos oscos, que habitaram a Itália antes dela chamar-se assim, juntamente com os úmbrios e outros povos que ali consolidaram seus domínios depois da decadência dos etruscos. Os romanos adaptaram para vitellus, bezerrinho, ligado a vitulus, novilho. A origem remota é indo-europeu wet-olo, um ano completo. A pecuária era tão importante para os povos do sul daquela região do Mediterrâneo que eles adotaram como símbolo a efígie de um touro jovem, conhecido como vitalos, palavra depois escrita e dita italos. O italianismo, isto é, aquilo que é próprio da Itália e conserva as marcas da cultura que ali vicejou, ganhou o mundo e está presente na música, na arquitetura, na dança, na ópera, na literatura, nas estátuas. Há italianismos expressos de outro modo. O órgão de Corti designa a porção média do ouvido, por força das pesquisas do nobre italiano Alfonso Corti (1822-1878). Trompa: de trump, onomatopeia do som que faz o instrumento de sopro. Está presente na designação do canal que liga o ouvido médio à garganta, a trompa de Eustáquio, cujo nome remonta ao anatomista italiano Bartolommeo Eustachio (1513-1574), que foi médico de São Felipe Neri (1515-1595) e de São Carlos Borromeo (1538-1584). Provavelmente o dramaturgo e poeta inglês William Shakespeare (1564-1616) conhecia esse órgão, porque Cláudio derrama veneno no ouvido de Hamlet para matá-lo. Já as trompas de Falópio, condutoras do óvulo do ovário ao útero da mulher, devem seu nome a anatomista italiano Gabriel Fallopius (1523-1562), que ensinava em Pádua e em Pisa e em cujas primeiras cirurgias morreram muitos pacientes.