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Etimologia

Por Deonísio da Silva Publicado em 04/07/2011, às 18h27 - Atualizado às 18h35

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Acarear: ao contrário do que dizem alguns pesquisadores imaginosos, não procede de cárie, colocar as cáries frente a frente, mas de cara, do grego kára, pelo latim kara, cabeça, rosto. Antecedida de a e seguida do sufixo ear, frequente na formação de verbos, cara é o étimo deste verbo que designa o confronto, o ato de colocar frente a frente as testemunhas cujos depoimentos são conflitantes.

Bombeiro: de bomba, do grego bómbos, pelo latim bombus, designando barulho, fraco ou forte, desde o zumbido das abelhas até o do trovão, mais o sufixo eiro, frequente na designação de profissões. Em inglês é fireman (homem do fogo) ou fire fighter (combatente do fogo), mas em nossa língua a designação desse profissional está ligada à ferramenta utilizada pelo soldado que vinha combater o fogo, uma bomba hidráulica para obter a água.

Caipirinha: de caipira, variação de caipora, do tupi kaa'pora, de ‘kaa, mato, e pora, habitante. Vítima de preconceitos seculares, caipira designa o morador do interior do Brasil, dono ou empregado em atividades agropecuárias, tido como de pouca instrução e de hábitos bárbaros, rudes. Afastado do consumo, sua bebida preferida era a cachaça, que tomava pura ou com limão, aos quais mais tarde foi acrescentado mel ou açúcar. Nascia a famosa bebida, e o diminutivo deve-se aos hábitos morigerados do caipira, que a toma em copos pequenos. Cachaça é remédio para tudo desde o período medieval, pois os medicamentos feitos de raízes, sementes, frutos ou folhas raramente o dispensaram. Conservando a denominação de caipirinha, a bebida passou a ser oferecida em copos maiores, pois foram aumentadas as fatias de limão a ser macerado. A caipirinha integra a lista oficial de coquetéis da Associação Brasileira de Bartenders (ABB), fundada em 1970 e presidida atualmente por Nilson Vianna Candido, sucessor de Gilberto Aguiar, que guardou o lugar para ele voltar na eleição seguinte. Há rumores de que com o lulismo dar-se-á o mesmo. O porre do poder não passou naquele que já foi sucedido mas quer voltar.

Dundum: de Dum Dum, localidade nas proximidades de Calcutá, na Índia. Entre os anos de 1783 e 1853, os britânicos mantiveram ali um quartel em cujo arsenal foi desenvolvido um tipo de projétil que explode no impacto, produzindo ferimentos bastante graves com os estilhaços. O uso dessas balas foi proibido pela Convenção Internacional de Haia em 1899.

Galhofa: do espanhol gallofa, migalha dada aos peregrinos medievais que iam da França a Santiago de Compostela. No caminho pediam esmolas. Essas peregrinações se tornaram abundantes no segundo milênio e multidões de pedintes gritavam às portas dos conventos. Nasceu aí o significado de deboche, pois eles gracejavam uns dos outros ou eram ofendidos com pilhérias por outros transeuntes.

O.K.: de origem controversa, a versão mais documentada dá conta de que se trata da abreviação do inglês Oll Korrect, variante popular de All Correct, Tudo Correto. Nos Estados Unidos, os primeiros registros foram feitos entre 1836 e 1839 e um deles diz respeito a um suposto acréscimo que o oitavo presidente norte-americano, Martin van Buren (1782-1862), juntava a seu nome, indicando as iniciais de sua cidade natal, Old Kinderhook. Outra versão dá conta de que, depois das batalhas, eram levantados cartazes com o número de soldados mortos. 0 Killed, igualmente abreviada, indicava que tudo correra bem. O certo é que O.K. (Zero Kilometre) ganhou o mesmo significado em muitas línguas, inclusive no português, de tudo certo.

Pelego: do espanhol pellejo, lã do carneiro presa à membrana que fica entre os pelos e a pele propriamente dita. Todavia pelego não designa apenas a pele do carneiro com a lã. Pode ser feito com outro tecido ao qual a lã, obtida uma vez por ano mediante tosquia do animal, é fixada. A propósito, lembra Millôr Fernandes (88), com verve e humor: “A única diferença entre o carneiro e o contribuinte é que o carneiro só é tosquiado uma vez por ano». Por ser usado como peça dos arreios que fica entre o cavaleiro e a sela, pelego veio a denominar também o sindicalista que trabalha a favor do governo ou dos patrões, e ainda a pessoa servil, bajuladora.