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Etimologia

por Deonísio da Silva* Publicado em 26/07/2010, às 12h47 - Atualizado às 12h51

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Etimologia
Etimologia
Audição: do latim auditione, declinação de auditio. Nos dois exemplos, o "t" é pronunciado em latim como o "ç" em português. Designa o sentido que permite captar os sons pelo ouvido e levá-los ao cérebro através do nervo auditivo, onde são recebidos, analisados e entendidos. O ouvido do homem é pobre quando comparado ao dos cães, que têm audição privilegiada. Eles ouvem sons quatro vezes mais distantes e inaudíveis ao ouvido humano, em alta e em baixa frequência. Rojões, alarmes, buzinas e vuvuzelas deixam os cães doidos de dor. É por isso que se refugiam durante festas. Enlouquecidos, podem até matar-se. Nasceu daí a expressão "matar cachorro a grito", situação improvável, mas tecnicamente possível. Desjejum: do latim jejunus, designando o esfomeado, o magro, o seco, o fraco e o ignorante. Com o prefixo "des", para formar a negação, veio a designar a primeira refeição do dia, o brequefeste, adaptação do inglês breakfast, pela formação break, quebrar, e fast, rápido. Em Portugal, diz-se pequeno almoço. No Brasil, o cafezinho ou pequeno copo de cachaça tomados ainda antes do café da manhã é denominado mata-bicho, baseado na superstição de que os vermes são mortos com o gole da rubiácea ou da pinga. Com a dissolução ou transformação dos costumes nas grandes cidades, criou-se para eventos um lanche que ameniza o jejum de quem precisou sair de casa sem tempo de tomar a primeira refeição do dia. Esta merenda, por imitação e neologismo dispensável, inglesou o nome para coffee break. Merenda é do mesmo étimo de merecer. Fica estranho cobrar por ela. Já o coffee break tem seu preço incluído nos gastos de quem patrocina o evento. Macaco: provavelmente do banto makako, presente também em outras línguas africanas, como o quicongo, o cabinda, o Lingala e o vili. O macaco aparece em expressões que indicam sabedoria adquirida pela idade. Diz-se de alguém experiente que é "macaco velho". E que "macaco velho não mete a mão em cumbuca". Para evitar intromissões indevidas, recomenda-se "cada macaco no seu galho". Para ofender, manda-se "pentear macacos". Como o animal é dado a imitar as pessoas, as moças que recebiam ordens de fazer os mesmos movimentos que animadores ou dançarinas faziam no palco foram chamadas macacas de auditório nos primeiros programas de televisão. E macaca de auditório passou a designar a mulher que incentiva os artistas nos programas teletransmitidos, manifestando sua aprovação com cantos, balanços e meneios de corpo. Para-choque: de para, do verbo parar, do latim parare, obter, preparar, aparelhar, do mesmo étimo de amparar, e choque, do holandês schokken, pelo francês choc e pelo inglês shock, todos com o sentido de encontro violento, batida, conceito surgido talvez nas lides náuticas. No português do Brasil, designa preferencialmente a barra de madeira, de metal ou de plástico, fixada horizontalmente nas partes dianteira e traseira de automóveis, caminhões e utilitários, com o fim de amortecer impactos, protegendo inclusive quem ali bate, como no caso do feitio e da posição da barra nos caminhões, pois do contrário os passageiros perecem ou morrem mais facilmente nas colisões. Nos caminhões, o para-choque tornou-se local para afixar dizeres, quase sempre divertidos, críticos e mordazes com os costumes, como estes: "Se barba fosse respeito, bode não tinha chifres" e "Se trabalhar enriquecesse, burro seria milionário". Zona: do latim zona, cinto, tanto masculino como feminino, designando também a cintura da pessoa e depois a circunferência da Terra, seu cinto imaginário. É esta a origem de zona como localidade, mas em latim tinha o significado também de bolsa, bolso, carteira. A região das pequenas cidades onde eram toleradas as casas de prostituição recebeu o nome de zona do meretrício, depois reduzido para zona apenas. Nos campos de futebol, temos a zona do agrião, a pequena área, onde há sempre perigo de gol, semelhando o terreno alagadiço onde viceja o agrião, capaz de fazer afundar quem pisa ali. Na Zona do Agrião era um programa que o jornalista João Saldanha (1917-1990) começou a apresentar na televisão em 1966, rebatizado depois para Dois Minutos com João Saldanha e levado ao ar diariamente, antecedendo o Jornal Nacional.