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Etimologia

Redação Publicado em 09/08/2010, às 17h45 - Atualizado às 17h45

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Etimologia
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Borla: do latim burra, lã grosseira, pelo diminutivo burrula, floco de lã. É a designação erudita do barrete de doutores e magistrados, especialmente adornado para cerimônias importantes e sessões solenes de conselhos universitários quando atribuem títulos de doutor honoris causa, expressão latina indicando que o agraciado é motivo de honra para a universidade que o distingue. O pompom também é conhecido por borla. Como a pronúncia é parecida com burla, borla teve no latim também o sentido de bagatela, coisa de pouco valor. José Manuel Durão Barroso (54), reeleito presidente da Comissão Europeia, que congrega 27 países que no conjunto faturam cerca de 15 trilhões de dólares, recebeu da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, em julho último, o título de doutor honoris causa. Português, ele é filho de brasileiros e recebeu a homenagem em Copacabana, bairro onde seu pai nasceu. Dente de coelho: do latim dente, de e cuniculu, respectivamente, nasceu esta expressão para designar problema de difícil solução ou entrave de remoção impossível, imagem nascida da observação do coelho, cujos dentes aparecem sempre fora da boca, impossíveis de não serem vistos. Identifica roubalheira, ação escusa. O dente aparece em numerosas outras expressões, como dente de leite, categoria do futebol em que atuam meninos, quase crianças; dente de siso ou do juízo, o último dos molares, que aparece entre 17 e 21 anos; mostrar os dentes, com o sentido de ameaçar; armado até os dentes, preparado para luta feroz; falar entre os dentes, isto é, resmungar, querendo dizer as coisas, mas sem que o outro as entenda claramente, apenas observe que o falante está reclamando de algo. Hagiografia: dos compostos de origem grega hagio, de ágios, santo, e grafia, de grafes, escrita, designando biografia e história de santos. Os dicionários que abonam "agiografia" cometem erro ao excluir o "h" inicial, pois o "a" inicial é tônico em grego, de que são exemplos halo, halografia, halogenia, harmonia. Ao contrário da História, a hagiografia se parece mais com uma biografia com algumas licenças sobre os documentos, vez que lendas e milagres misturam-se a dados factuais. O gênero é praticado desde os primeiros tempos da Igreja, mas recebeu impulso na Idade Média, quando o cristianismo, tornado religião oficial do Império Romano, se apossou das estruturas jurídicas e políticas de Roma, adotando o latim como língua da liturgia e tomando conta de prédios públicos. Um dos primeiros autores de hagiografias foi Atanásio de Alexandria (295-373), santo das Igrejas Ortodoxa e Católica e um dos 33 doutores desta última. O primeiro santo cuja vida ele contou foi Santo Antão do Deserto (251-356). O modelo adotado foi semelhante ao de Suetônio (69-141) em Vidas dos Doze Césares. Pau-mandado: de pau, do latim palus, e mandado, de mandar, do latim mandare, designando pessoa que faz tudo que lhe ordena aquele a quem está subordinada ou ao qual deve favor. E o faz sem pensar, sem objeção ou protesto. Sua ação é em geral perniciosa, pois a expressão apoia-se na imagem de um pau lançado no adversário. Carlos Augusto Montenegro (56), comentando as pesquisas do Ibope, em que chefes políticos mandariam votar em seus candidatos, declarou: "O brasileiro não é pau-mandado". No Nordeste, há a variante cobra-mandada, pessoa encarregada de fazer mal a outra. Segundo o historiador e folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), a expressão procede do verso de uma canção popular: "Os olhos dele são de cobra mundiada". Mundiar, de origem obscura, significa seduzir, hipnotizar. Quebrado: de quebrar, do latim crepare, tendo também o sentido de crepitar, estalar, romper, rachar. "No silêncio, ouvi os círios crepitarem", escreveu Lya Luft (72) no romance A Asa Esquerda do Anjo. Círios são grandes velas utilizadas em cerimônias religiosas. José de Alencar (1829-1877) já usara este verbo também com o sentido de estalar: "A areia da praia crepitou sob o pé forte e rijo do guerreiro tabajara". A frase está em Iracema, um de seus romances referenciais da fase indianista, tentativa de fazer do índio a figura solar do brasileiro, substituindo o português e o negro. Tem também o sentido de descumprido: o protocolo foi quebrado. E de falido: o comerciante está quebrado.