CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Etimologia

por <b>Deonísio da Silva</b>* Publicado em 07/02/2010, às 16h18 - Atualizado em 09/02/2010, às 12h14

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Etimologia
Etimologia
Almôndega: do árabe al-bundqá, bolinha. Na culinária, designa bolinho de carne moída, com ovos, miolo de pão e temperos, cozido em molho. No francês, o nome é boulette de viande, bolinho de carne. E no italiano, polpetta, diminutivo de polpa, carne. Deficiência: do latim deficientia, falta, radicado em deficere, abandonar, ser desprovido de algo. Com as muitas expressões ditas politicamente corretas vindas dos Estados Unidos, criadas por grupos da sociedade civil que combatiam preconceitos diversos, embutidos na língua inglesa, houve adaptações no português do Brasil. Aleijado, por exemplo, passou a ser pejorativo, embora estivesse presente no nome pelo qual é mais conhecido o escultor e arquiteto brasileiro Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), o Aleijadinho. A expressão "portador de deficiência", embora quisesse abranger todas as deficiências, restringiu-se a algumas. Ninguém diz, por exemplo, de quem usa óculos que é portador de deficiência visual. Goiabada: de goiaba, palavra de origem controversa, vindo talvez, com variação, do espanhol guaiaba, goiaba, pois foi assim que os colonizadores teriam entendido o nome da fruta em taino, língua falada na ilha de São Domingos, atual República Dominicana. O tupi tem guaiaua, com variantes de pronúncia guaiava e guaiaba, mas pode ser redução de acoyaba, ajuntamento de caroços, dada a constituição da fruta, repleta de sementes. De todo modo, a deliciosa goiabada, doce feito com a fruta, é identificada também como marmelada de goiaba, por força da precedência que teve o marmelo na culinária portuguesa. No Brasil, predominou marmelada para designar suas variantes, feitas também com outras frutas. Marmelada tornou-se sinônimo de fraude porque punham tanto chuchu que quase não se sentia o gosto do marmelo. Indenizar: das palavras latinas indemnis, sem dano, indemnitas, segurança, salvação, e indemniter, sem ter prejuízo, que serviram de étimo ao francês indemniser, indenizar. O verbo tem aparecido com frequência na mídia e os jornalistas precisam tomar cuidado ao escreverem, pois, incorrendo em erro, os atingidos podem ser indenizados, como ocorreu a Charles Spencer (45), irmão caçula da Lady Di (1961-1997), que recebeu 80000 dólares do jornal Daily Express, que o acusara de fraude financeira. O delito foi comprovado, mas tinha sido cometido por seu padrinho de casamento, que foi para a cadeia. Desde 1995, em lei sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso (78), pessoas que se sentiram prejudicadas pela ditadura militar vêm sendo indenizadas. Paulatinamente: do latim paulatim, devagar, aos poucos, por etapas. Expressões latinas expressam o conceito: Molli paulatim flavescit campus arista (pouco a pouco o campo vai amarelando com a espiga macia), traduzido como "de grão em grão a galinha enche o papo" e "De hora em hora, Deus melhora", preservando o sentido e alterando o original para que as frases sejam compreendidas e memorizadas, daí a razão de buscarem também a rima. Outra é Paulatim deambulando, longum conficitur iter (devagar se vai ao longe). O advérbio apareceu na mídia com destaque porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (64) vetou a frase "abandonar paulatinamente o uso de fontes fósseis de energia", que estava na Lei de Mudanças Climáticas. Se fosse mantida, o Brasil ficaria impedido de usar petróleo e gás na produção de energia, dado que o advérbio não fixa prazos e alguns poderiam entender que seria necessário começar a interrupção já; aos poucos, mas já. Tomara: do mais-que-perfeito do verbo tomar, verbo de origem incerta, provavelmente do grego tomos, parte, tomo, que se teria mesclado com o saxônico tomian, pegar, tomar. Passou a sinônimo de oxalá, do árabe in sa Allah, queira Deus, indicando desejo de que algo aconteça. Aparece em marchinha de 1950, popularizada pela cantora Emilinha Borba (1922-2005): "Tomara que chova/ Três dias sem parar, ô!/ Tomara que chova/ Três dias sem parar!/ A minha grande mágoa/ É lá em casa não ter água/ Eu preciso me lavar".