CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Etimologia

Redação Publicado em 28/08/2012, às 11h12 - Atualizado às 12h15

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
-
-

Autoajuda: de auto, do grego autós, por si mesmo, e de ajuda, redução de ajudar, do latim adjutare. Designa forma de tratamento psicológico, mas sobretudo estratégia mercadológica de vender produtos por meio dos quais as pessoas possam ajudar a si mesmas. A avalanche editorial de livros sobre o tema começou com Autoajuda, publicado em 1859 pelo britânico Samuel Smiles (1812-1904), que trabalhara de aprendiz com um médico. “Deus ajuda aqueles que ajudam a si mesmos”, frase de Benjamin Franklin (1706-1790), extraída do Almanaque do Pobre Ricardo (Poor Richard’s Almanac), serviu de inspiração para o autor compor seu livro, cuja primeira frase é: “O Céu ajuda aqueles que ajudam a si mesmos”. A principal crítica que se faz aos livros de autoajuda é que oferecem respostas por demais simplórias para questões complexas.

Baranga: provavelmente do quicongo mbalanga, hérnia umbilical. A língua quicongo foi trazida para o Brasil pelos escravos. A pessoa com hérnia umbilical ficava com aparência de desleixada, pois os panos mal cobriam a barriga. Quando mudou de mbalanga para baranga, passou a designar mulher feia, descuidada. Como adjetivo de dois gêneros, veio a significar pessoa ou coisa de pouco ou nenhum valor. No Supremo Tribunal Federal (STF), atuando na Ação Penal 470, o mensalão, o advogado Paulo Sérgio de Abreu e Silva pensou inicialmente em caracterizar como baranga sua cliente Geiza Dias, uma das rés do mensalão, ex-gerente financeira de uma das empresas do publicitário mineiro Marcos Valério, também réu do mesmo processo. Mas optou por identificá-la como funcionária mequetrefe.

Guilda: do holandês gild, pelo latim gilda, ao francês guilde, do qual chegou ao português. Designou originalmente reunião festiva, depois associação de negociantes, artesãos e artistas cujo objetivo era o atendimento mútuo. O ministro Joaquim Barbosa, do STF, relator do processo do mensalão, usou a palavra no sentido pejorativo, para tipificar os crimes de uma quadrilha que atuava orquestrada, em proveito de seus integrantes e em prejuízo do dinheiro público.

Mequetrefe: de origem controversa. Os árabes, que ficaram sete séculos em Portugal, têm mogatref, petulante, pernóstico, intrometido. Os ingleses têm make trifles, designando aquele que faz bagatelas, ninharias. Todavia, a origem remota pode ser o latim moechus, pronunciado “mécus”, que virou “méque”, com os significados de malicioso, espertalhão. Somou-se ao castelhano trefe, étimo presente no português trêfego, de origem obscura, que tem os significados de inquieto, esperto, hábil na arte de enganar os outros. Mequetrefe passou a designar indivíduo sem importância, inútil, insignificante, joão-ninguém, porém sem perder as conotações pejorativas de trêfego. Como diz a poeta carioca Cecília Meireles: “Ai, palavras, ai, palavras/ Que estranha potência a vossa!/ Todo o sentido da vida/ Principia à vossa porta;/ O mel do amor cristaliza/ Seu perfume em vossa rosa;/ Sois o sonho e sois audácia/ Calúnia, fúria, derrota.”

Sofocliano: do nome do dramaturgo e poeta grego Sófocles (495-406 a.C.). Ele foi autor de tragédias memoráveis e seu modo de escrever veio a designar tudo o que é dramático ou trágico ao estilo dele. Estreou nas festas dionisíacas, em Atenas, por volta de 430 a.C., com a peça Édipo Rei, que entretanto não ganhou o primeiro prêmio. A tragédia resulta do cumprimento involuntário de uma profecia: o filho (Édipo) matará o pai (Laio) e casará com a mãe (Jocasta).

Tchekhoviano: do nome do escritor e médico russo Anton Tchekhov (1860-1904). O adjetivo é usado para designar o estilo marcado por concisão, objetividade e clareza na arte de narrar. Filho de comerciante, o menino ficou em sérias dificuldades quando seu pai faliu. Formou-se em Medicina pela Universidade de Moscou e trabalhou muito para custear os estudos e sustentar a família. Exercia a Medicina numa clínica rural e, juntando esse conhecimento à sua vivência de estudante, tornou-se um grande observador da vida comum, como se depreende da leitura de seus contos. Examinando a fundo banalidades da vida cotidiana, ele chega aos motivos que levam a gestos, falas e comportamentos.