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Etimologia

Redação Publicado em 19/06/2012, às 11h12 - Atualizado às 16h35

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Aguilhoar: de aguilhão, do latim aculeus, ferrão, cujo étimo está presente igualmente em agulha e em acupuntura, designando ação de dar ferroadas, picar, furar, também animar e incomodar. O poeta Guerra Junqueiro (1850-1923), nascido em Freixo-de-Espada-à-Cinta, em Portugal, muito popular em sua época, cujos versos ajudaram a criar o ambiente revolucionário favorável à proclamação da República em 1910, usa o verbo nestes versos: “Eu que tenho no olhar o incoercível dente/ que aguilhoa da carne os sonhos bestiais,/ e tenho as trações nervosas da serpente/ com que Jeová tentou nossos primeiros pais/ (...) Ao ver teu olhar, o teu olhar sombrio/ ó canalha gentil, ó pálido vadio,/ eu, que desprezo o amor, amo-te, Dom João!”. Deve ter faltado a alguma aula de Teologia dos jesuítas, com os quais estudara, pois quem tentou Adão e Eva foi Satanás, não Jeová.

Braquiúro: dos compostos gregos braqui (curto) e uro (cauda), designando aquele ou aquilo que tem cauda curta, como os decápodes, como são chamados os animais que têm 10 pés, entre os quais estão siris e caranguejos. Neles o abdome é reduzido e está encoberto pelo tórax, a carapaça é larga e fundida, e as primeiras patas são parecidas com pinças, que servem para pegar os alimentos.

Demostênico: de Demóstenes (384-322 a.C.), orador grego que, órfão aos 7 anos, com os bens roubados por parentes, viu nascer nele a vocação de orador quando um dia, assistindo a um julgamento, presenciou um ateniense mudar um veredicto que parecia definitivo, utilizando apenas a palavra como arma e ferramenta de trabalho e sendo levado nos braços do povo, em triunfo. Demóstenes era gago e por isso fazia exercícios de dicção correndo contra o vento na praia, com a boca cheia de pedrinhas. Tornou-se o maior orador de Atenas. Depois de várias derrotas na política, suicidou-se com veneno no templo do deus Poseidon. Enlatado: de lata, do latim latta, palavra de origem germânica, designando originalmente uma vara longa e depois o recipiente feito com esse material. O adjetivo tornou-se substantivo ao designar o comestível enlatado e também o filme, acomodado em latas de proteção. A lata de conserva de alimentos foi inventada na Inglaterra, em 1810. Os soldados abriam as latas a tiros de fuzil ou com a ponta da baioneta. Nas primeiras latas havia a inscrição: “Corte-se com formão e martelo, ao redor da parte superior.” Às vezes se feriam com isso ou desperdiçavam a comida. O abridor de latas só foi inventado em 1858; e o de rodinha cortante, em 1870.

Orquídea: do grego orchídion, pequeno testículo, pela semelhança da flor e da planta com órgãos sexuais masculinos, inadequadamente considerada parasita por alguns estudiosos. A designação foi criada pelo botânico francês Joseph Pitton de Tournefort (1656-1708), o primeiro a fazer uma clara distinção de gênero para as plantas. Em suas pesquisas para coleta, viajava com o botânico alemão Andreas Gundesheimer (1668-1715) e o artista Claude Aubriet (1651- 1743). Estudou com os jesuítas e sua obra de referência é Eléments de Botanique, ou Méthode pour Reconnaître les Plantes (Elementos de Botânica ou Método para Reconhecer as Plantas). Não era um costume novo os cientistas desenharem plantas e flores que descobriam, em trabalhos às vezes feitos por eles mesmos, outras vezes por artistas que integravam a expedição, como era o caso. O 22 de junho é Dia do Orquidófilo. 

Regicídio: do latim medieval regicida, designando aquele que mata o rei, por analogia com homicida, homem que mata outro. Vários reis foram mortos, tanto em processos revolucionários formais, como foi o caso dos soberanos franceses Luís XVI (1754-1793), guilhotinado a 21 de janeiro, e Maria Antonieta (1755-1793), como em atentados na rua, como foi o caso de dom Carlos I (1863- 1908), penúltimo rei de Portugal, morto a tiros em Lisboa dia 1º de fevereiro de 1908. Esse rei gostava muito de caçar e, principal responsável por uma monarquia perdulária e gastadora, tinha que ouvir do povo que um dia, ao  invés de caçar, seria caçado. Foi o que aconteceu. Três dias antes do atentado que lhe tirou a vida, tinha matado cinco raposas, sete perdizes, um tordo e 90 coelhos. Ele era bom de pontaria.