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Etimologia

Redação Publicado em 12/12/2011, às 11h00 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Avaliar: de valia, de valer, do latim valere, ser forte, ter força, ter saúde, cujo étimo está presente na saudação latina “Vale!”, equivalente ao nosso “Passe bem” ou “Como vai?”, formas de cumprimento. Na Roma antiga, era equivalente à gíria de hoje “Valeu!”, que indica aprovação. O verbo validar tem o mesmo étimo latino. O Ministério da Educação e Cultura avalia periodicamente os cursos, de que é exemplo o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes). E o Exame Nacional de Desempenho (Enade) dedica-se a avaliar o ensino superior. Neste ano, foram avaliadas 2176 instituições de ensino superior, das quais 683 obtiveram notas insatisfatórias (abaixo de 3). A maior é 5!

Boiúna: do tupi mboy’una, cobra preta, formado de mboia, cobra, e una, preto. Mito hídrico de origem ameríndia, seus outros nomes são cobrad’água, cobra-grande, cobra-maria, mãe-do-rio, senhora das águas e Cobra Norato. O mito dá conta de um rapaz chamado Honorato que, encantado, se transforma em cobra e vai habitar o fundo dos rios do Pará, mas à noite vira gente outra vez. Inspirou a obra-prima do advogado, diplomata e poeta gaúcho Raul Bopp (18989-1984), Cobra Norato. O narrador estrangula a Cobra Norato, mete-se na pele dela e, depois de tirar um sono, sai em busca da filha da rainha Luzia, com quem quer casar-se. E assim vai nos brindando com uma poética descrição da natureza amazônica.

Capsaicina: de uma derivação do latim científico capsicum, ligado a capsa, caixa, cofre, e a capsula, caixinha, cofrinho, usado na nomenclatura botânica a partir do século XVIII, designando plantas cujas sementes estão em invólucros semelhantes a tais objetos, como é o caso da pimenta. No latim, a palavra tinha outras derivações e capsarius era o escravo encarregado de levar a caixinha com cadeado ou chave onde o seu senhor punha moedas para usar nas viagens. O significado mais comum de capsaicina hoje é designar o ardor da pimenta a partir de quantas gotas de água são necessárias para diluir a ardência do condimento, numa escala criada pelo químico norte-americano Wilbur Lincoln Scoville (1865-1942). A medida vai de zero, caso da pimenta biquinho, a 16 milhões.

Firmeza: de firme, do latim culto firmus, pelo latim vulgar firmis, forte, sadio, que não está infirmus, isto é, enfermo. Firmeza foi uma das características que o jornalista brasileiro Evaldo Dantas Ferreira (86) destacou no alemão Nicolau “Klaus” Barbie (1913-1991), quando o entrevistou na Bolívia, onde ele vivia escondido: “O comerciante boliviano Klaus Altmann fala com firmeza, mas sem demonstrar emoção. Parece mais que está fazendo um esforço de memória.” Sua reportagem sobre o nazista foi publicada no mundo inteiro.

Ocupar: do latim occupare, em cujo verbo está o étimo cap, de capere, pegar, indicando pegar, preencher, tomar. Não apenas as pessoas ficam ocupadas, também os aparelhos, de que é exemplo a expressão “telefone ocupado”. O verbo tem sido usado como palavra de ordem em movimento espontâneo para combater a especulação, surgido nos Estados Unidos com o bordão “Ocupem Wall Street”, rua onde fica o centro financeiro do país. Representando os 99% de explorados por 1%, eles queriam fechar a Bolsa de Nova York. Movimentos semelhantes ocorreram em outras cidades mundo afora.

Pessimismo: do francês pessimisme, palavra registrada na França no século XVIII e, no século XIX, por influência da verdadeira invasão francesa em moda, costumes, etiqueta, culinária, no português do Brasil também. É vócabulo ligado a péssimo, do latim pessimus, muito ruim, o pior que se pode imaginar, pois é o adjetivo ruim em grau superlativo absoluto sintético. Um dos autores mais pessimistas do Brasil é Dalton Trevisan (86), Prêmio Jabuti de contos neste ano. Ele descreve, em estilo sumário, uma de suas marcas, a cidade de Curitiba, alardeada como uma das melhores para se viver no Brasil: “Pare na primeira esquina e conte os minutos de ser abordado por um pedinte, assediado por um vigarista e trombado por um pivete — se antes não tiver a nuca partida ao meio pela machadinha do teu Raskolnikov.” Raskolnikov é o personagem de Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski (1821-1881), que mata uma velha senhora com uma machadinha.