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Ética e humor tornam união mais transparente, alegre e duradoura

Beatriz Kuhn Publicado em 10/05/2006, às 17h01

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Beatriz Kuhn
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Todos sabem que não há receita para a felicidade a dois. Mas existem excelentes "antioxidantes" para os "radicais livres" que, inexoravelmente, atuam na relação amorosa. São os seguintes: ética e humor. É uma pena que não possam ser tomados, pelo menos de vez em quando, em drágeas no café da manhã, junto com a vitamina C. Infelizmente a aquisição e manutenção dessas duas características não é tão simples. Resulta de um sofisticado processo psíquico e/ou cultural. No Brasil, país da piada pronta, meio caminho foi andado: em geral não falta humor para a população. Já a ética... A nação vivencia atualmente o estrago que a falta de ética na política fez com as melhores esperanças do povo. Será que nas relações amorosas é diferente? Quantas uniões, ainda cheias de vitalidade, foram destruídas de maneira prematura pelo comportamento antiético de um dos parceiros - ou dos dois ao mesmo tempo. Pessoas éticas tratam bem tanto o companheiro quanto o relacionamento. Ética e humor são assuntos tão sérios que uma das formas de avaliar se um processo analítico foi bem-sucedido é verificar se o analisando que entrou no consultório moralista (ou imoral) parte, ao final, ético e capaz de rir da própria tragédia. Sim, porque moralidade e ética não são sinônimos. A moralidade religiosa, por exemplo, é a imposição de um comportamento que a cultura, por intermédio de nossos pais, nos enfia goela abaixo. Vem de fora para dentro. Por isso existe tanto falso moralismo. Já a ética é uma aquisição pessoal, uma conquista da verdadeira compreensão de algo simples: não se deve fazer mal aos outros. Vem de dentro para fora. Por isso, a transformação da moral em ética é tida como evolução de peso. Da mesma forma, o senso de humor é uma sofisticação psíquica extremamente saudável. O homem perdeu o paraíso porque, ao contrário de todos os que lá permaneceram, sabia que ia morrer. O conhecimento de que não existe escapatória nos torna trágicos, conseqüentemente angustiados e, na melhor das hipóteses, neuróticos. Rir da própria tragédia é o melhor que se pode fazer com ela, ao final. Trata-se do melhor remédio, como nos foi ensinado. Não é de hoje que se conhece a importância do riso. Veja o que o matemático e filósofo grego Arquimedes (290-211 a.C.) afirmou sobre o assunto: "Brincar é condição fundamental para ser sério." Além de tudo que já sabíamos de positivo a respeito do bom humor, estudos recentes da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, concluíram que o riso reduz os níveis de adrenalina e cortisol no sangue e aumenta a liberação de endorfina, hormônio ligado às sensações de bem-estar e prazer. O que faz bem até para o relacionamento a dois. "O riso é a distância mais curta entre duas pessoas", disse o pianista e comediante dinamarquês Victor Borge (1909-2000). E é verdade. Existe coisa melhor do que conviver com pessoas que nos fazem rir? Ou estar ao lado de quem é capaz de lidar com todas as chatices da vida com bom humor? Grande qualidade! Poucas coisas valem mais do que isso. Quando se convive com pessoas éticas e bemhumoradas, a tendência é as acharmos cada vez mais bonitas, já notaram? O "encontro" de duas pessoas é uma oportunidade para assistirmos à magia que há no acaso. Não ocorre muitas vezes na vida, mas ocorre. E para todos, até para os que estão patologicamente impedidos de perceber ou acolher a sorte. Deparar-se com "o encontro" não é a parte mais difícil. Difícil é conservá-lo. Pessoas e relacionamentos são de tal forma singulares que não se deve acreditar em receitas prontas. Mas as possibilidades de se preservar uma relação aumentam muito quando a sabedoria e a maturidade emocional a subsidiam.