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EM PARIS, JOSÉ WILKER DIZ QUE SÓ QUER SE DIVERTIR

ELE RELEMBRA SUA TRAJETÓRIA, FALA DE LIVROS, FILMES, DA INFÂNCIA E DAS MULHERES DA SUA VIDA

Redação Publicado em 18/05/2007, às 15h04

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Na viagem a Paris, onde recebeu prêmio de Melhor Ator em <i>O Maior Amor do Mundo</i>, Zé diante da Catedral de Notre Dame
Na viagem a Paris, onde recebeu prêmio de Melhor Ator em <i>O Maior Amor do Mundo</i>, Zé diante da Catedral de Notre Dame
por Diva Pavesi Talento cômico ou veia irônica, o fato é que José Wilker (59) dá sempre um tom de riso a tudo o que diz, seja lembrando histórias antigas ou contando detalhes de sua vida íntima. Ele é discreto, não costuma falar muito, e esse apelo da graça deixa a questão: será que ele está falando sério? Fato é que, em viagem recente a Paris, onde ficou hospedado no fabuloso Hotel d'Aubusson, próximo da Catedral de Notre Dame, ele decidiu se abrir. Na capital francesa para apresentar o filme O Maior Amor do Mundo, de Cacá Diegues (67), no 9º Festival de Cinema Brasileiro em Paris, ele faturou o prêmio de Melhor Ator e ainda recebeu uma Medalha de Ouro da Académie des Arts, Sciences et Lettres pelos relevantes serviços prestados às artes no Brasil. "Todo prêmio é sempre um símbolo de carinho, respeito e reconhecimento.É uma grande alegria e satisfação ver seu trabalho reconhecido", disse ele, que no próprio hotel, elegantemente vestido e perfumado, recebeu a reportagem de CARAS. "Meu perfume? É o de sempre: Bulgari pour Homme." Apesar da recente separação da atriz Guilhermina Guinle (32), com quem viveu nos últimos cinco anos, ele afirma estar de bem com a vida. "Ela é uma das mulheres da minha vida, além de minhas filhas, Mariana e Isabel", diz ele. Mas já dá para ser feliz de novo? "Rio de tudo, me divirto muito, mesmo trabalhando, o que para mim é um grande prazer. Minha carreira é uma grande brincadeira, uma grande diversão. Não vejo esse 'ofício' como nada sagrado", diz ele, que até hoje questiona o que o levou a ser ator. "Às vezes me pergunto isso. Acredito que prestamos uma espécie de serviço social ao público. Eu gosto dessa idéia. Os escritores, os artistas, os músicos desenvolvem uma percepção dos fatos e de algum modo revelam isso para as pessoas. Você anda pela rua e às vezes não percebe o que está acontecendo. Quando observamos bem isso e depois contamos a história, e quando o fazemos bem, estamos prestando um serviço social importante." Mesmo sem entender completamente a sua escolha de vida, ele se refere à sua revelação como ator como "um momento mágico". "Durante muito tempo não tive uma relação estreita e afetuosa com essa profissão. Em 1970, encenando a peça o O Arquiteto e o Imperador da Assíria, do teatrólogo espanhol Fernando Arrabal, me encontrei com a magia do teatro. Foi um momento revelador, de encantamento com a minha profissão." Sua carreira é diversificada: ele é ator, diretor, escritor, crítico de cinema. Filmes são assunto que rende. "Nem consigo citar títulos. Assim que falo de um, lembro que estou esquecendo de outro. Gosto da obra de vários diretores, Fellini, Truffaut, Visconti, Louis Malle, Kurosawa, Hitchcock. Sou viciado em cinema, gosto até de filme ruim." Fã de vinhos, outro assunto de que entende bem, ele anda em uma fase em que prefere beber água. "É a melhor bebida do mundo. Não engorda e só faz bem." O Rio de Janeiro, cidade que acolheu este cearense de Juazeiro do Norte, é uma paixão declarada. "Acho a vista de cima do Rio, quando você chega de avião, algo deslumbrante." A brincadeira de olhar o Rio de cima o remete à sua infância, quando sonhava pilotar um avião. "Queria ser piloto, cadete da Aeronáutica, pilotar jatos. Até que um dia, por acaso, virei ator. Um talento que não tenho e gostaria de teré saber pintar. Hoje em dia não tenho nenhum tipo de sonho, nenhum projeto pelo qual me empenhe, batalhe ou lute. Sou muito do acaso". A leitura é outra paixão. Zé é capaz de passar horas a fio lendo, deitado em seu canto preferido do sofá da sala de sua casa. "Difícil escolher meus autores favoritos. Gosto de Dostoievski, Faulkner, Kafka, Machado de Assis. Atualmente eliminei os romances da minha área de interesse, estou mais concentrado em biografias, fatos reais, na história. Estou lendo com compulsão livros sobre a Idade Média. Tenho muito interesse na vida de Adolf Hitler." Colecionador compulsivo, tem mais de 6 000 filmes em DVD em casa, além de uma grande biblioteca. Sua maior virtude, ele afirma, é a generosidade. Seu maior defeito, a honestidade. "Sou excessivamente sincero, e isso às vezes pode ser desagradável para quem ouve." Para manter a forma, malha, anda na esteira, tem uma personal trainer e tenta se alimentar bem. Um recado para o Brasil? "O Brasil de hoje é tão assustado com a violência que corre o risco de perder o seu humor, a coisa mais preciosa que temos. Eu gostaria de implorar aos brasileiros para que não percam o seu senso de humor. A alegria, o bom humor com a vida, o senso do ridículo, a inteligência e a vocação para a liberdade são fundamentais." FOTOS: LOUIS FERRER