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Em 8 de março se festeja o Dia Internacional da Mulher, palavra vinda no latim...

...mulier, fêmea do homem. Na data, que lembra a luta das mulheres pela igualdade entre os sexos, elassão presenteadas com flores, do latim flos, parte da planta que simboliza a beleza e o bem.

Deonísio da Silva Publicado em 08/03/2007, às 15h54

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Cantora: do latim cantore, declinação de cantor, cantor. O feminino surgiu quando a mulher se igualou ao homem, profissionalizando-se na arte de cantar. As cantigas de amor ou de amigo foram escritas e entoadas por homens, no alvorecer da língua portuguesa. Foram necessários séculos para que a mulher conquistasse o direito de compor e de cantar, assim como ocorreu com outros direitos, entre eles os de votar e ser votada. Hoje, são muitas as mulheres na política. Nos Estados Unidos, onde a mulher e o negro têm sido historicamente discriminados, justamente um negro e uma mulher despontam como favoritos às próximas eleições presidenciais: os senadores Barack Obama (45) e Hillary Clinton (59). Sinal dos tempos. Longe se vai a lamentação dos Beatles: "Woman is the nigger of the world" ("a mulher é o negro do universo"). No Brasil, rádio e televisão contribuíram para divulgar o fato de que a mulher é muito mais do que esposa e mãe. Em 1936, uma marchinha carnavalesca tornada famosa por Carmen Miranda (1909-1955) e sua irmã, Aurora Miranda (1915-2005), já dizia: "Nós somos as cantoras do rádio,/ Levamos a vida a cantar,/ De noite embalamos teu sono,/ De manhã nós vamos te acordar". O título original tinha sido Cantores do Rádio. Depois de perder todo o dinheiro no Cassino da Urca, os compositores Lamartine Babo (1904-1963), João de Barro (1907-2006) e Alberto Ribeiro (1902- 1971) tomaram um ônibus, se acomodaram no fundo do veículo, criaram a marchinha e começaram a cantá-la. O motorista perdoou as passagens e ainda ajudou nos vocais. A música está no filme Quando o Carnaval Chegar, de Cacá Diegues (66). Delicadeza: do adjetivo delicado, do latim delicatus, com influência do substantivo delícia, do latim delicia, delícia, prazer, tendo presente o conceito de moleza. Daí as expressões antônimas de ser duro, não dar moleza ou não dar mole, como se diz no Rio de Janeiro. Embora a delicadeza tenha adquirido sentido positivo, sendo típica qualidade feminina, a palavra, por preconceito, já designou astúcias reprováveis, como prova a etimologia remota do vocábulo, ligado a lectum, particípio do verbo lacere, laçar, enredar, enrolar, seduzir, presente em allicere, aliciar, verbo da mesma família, que tem o sentido de corromper, mediante carícias ou presentes. O escritor latino Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.), por exemplo, utilizou a expressão "allicere judicem", aliciar o juiz, ou seja, laçá-lo e trazê-lo para o seu lado. Delicadeza é sinônimo de redobrados cuidados como em "tratar uma situação com delicadeza". Foi o que fez o cineasta Beto Brant (43) em Crime Delicado, lançado em 2005 e baseado no romance Um Crime tão Delicado, de Sérgio Sant'Anna (66). A trama consiste da paixão de Antônio por Inês, vividos por Marco Ricca (40) e Lílian Taublib (26). Ele se apaixona movido pela originalidade da mulher, que não recalca o fato de não ter uma perna, situação que acaba por simbolizar outras deficiências dele. Flor: do latim flos, flor, a parte mais bela da planta. Presta-se a várias metáforas e está presente no verbo deflorar, do latim deflorare, tirar a flor, pois a virgindade seria a mais bela flor que a mulher teria a oferecer na Antiguidade. Hoje a virgindade já não tem toda essa importância. A mulher tem muito mais domínio sobre sua sexualidade. No sentido positivo, temos expressões como "flor da idade", exprimindo os melhores anos de nossa vida; "em flor", isto é, novo, recente, fresco; e "fina flor", sinônimo de elite. Já "não é flor que se cheire" indica que a beleza pode esconder o mal. O mais comum, no entanto, é que as flores apareçam como símbolos do bem e as mulheres apreciam muito recebê-las. Mulher: do latim muliere, declinação de mulier, mulher. No latim designa a fêmea do homem, conceito que se manteve apenas em três filhas do latim: o português, o espanhol e o romeno. Nas outras neolatinas, designa apenas a mulher casada, a esposa. O dia 8 de março foi fixado por decisão da ONU, em 1975, como o Dia Internacional da Mulher. A data foi escolhida para recordar a luta das primeiras mulheres a combater, organizadas e coletivamente, as más condições de trabalho e os baixos salários. O protesto teve lugar em Nova York, no dia 8 de março de 1857. Os patrões e a polícia fecharam o prédio e tocaram fogo, matando 129 trabalhadoras. No dia 25 de março de 1911, outro incêndio, desta vez devido às más condições do Edifício Asch, em Nova York, matou 146 costureiras, a maioria imigrantes, que trabalhavam 72 horas por semana, ganhando entre 27 e 45 dólares por mês. Em 1908, na mesma cidade, 15 000 trabalhadoras marcharam exigindo melhores salários, redução de jornada e direito a voto. Em 1910, em Copenhague, na Dinamarca, realizou-se a primeira Conferência Internacional da Mulher, organizada pela Internacional Socialista, quando foi estabelecido o Dia Internacional da Mulher, celebrado a 19 de março. Hoje, embora as condições tenham mudado para melhor, persiste a luta pela igualdade entre os sexos: para o mesmo trabalho, a remuneração costuma ser inferior quando a função é desempenhada pela mulher, com raras exceções.