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Desavença, do latim adventia, acordo, antecedido pelo prefixo de...

...negação des, é discórdia, querela. Já síndrome vem do grego syndromé, junção de syn, simultaneamente, e dromé, de dromos, raiz do verbo syntréhko, correr. Designa os sinais que, juntos, indicam doenças.

Deonísio da Silva Publicado em 17/08/2006, às 14h11

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Consenso: do latim cum, indicativo de junção, mais senso, do latim sensum, sentido, a partir do verbo sentire, sentir. Designa a uniformidade de pensamentos, sentimentos ou crenças da maioria ou da totalidade dos membros de uma coletividade sobre determinado tema. É um dos modos mais comuns de se deliberar em assembléias e conselhos. A poeta, escritora e professora Soeli Maria Schreiber da Silva (53), da Universidade Federal de São Carlos, no interior de São Paulo, escreveu sobre o assunto no livro Os Sentidos do Povo (Editora Claraluz): "Ocorre consenso quando as partes em conflito, ainda que discordem em diversas questões, chegam a acordo em pontos essenciais."Desavença: de avença, do latim advenientia, aveniência no português culto, significando acordo entre litigantes, antecedido do prefixo des, que indica negação. Desavença, portanto, é discórdia. As músicas escritas pelo compositor carioca Herivelto Martins (1912-1992) depois de desfeito o casamento com a cantora paulista Dalva de Oliveira (1917-1972) revelam as desavenças conjugais da dupla. Em Atiraste uma Pedra, ele acusou: "Atiraste uma pedra com as mãos que esta boca/ tantas vezes beijou". Em Cabelos Brancos, pediu: "Não falem desta mulher perto de mim/ Respeitem ao menos meus cabelos brancos". Em Segredo, reclamou: "Teu mal é comentar o passado/ Ninguém precisa saber o que houve entre nós dois/ O peixe é pro fundo das redes, segredo é pra quatro paredes". A estrela, porém, não parecia querer briga, como cantava em Bandeira Branca: "Bandeira branca, amor,/ Não posso mais,/ Pela saudade,/ Que me invade,/ Eu peço paz".Patamar: provavelmente do malaio pattamari, estafeta, mensageiro ou lacaio que acompanhava os amos em trajetos a pé ou a cavalo, às vezes cuidando de protegê-los da chuva ou do sol. Desembarcados das carruagens ou liteiras, os patrões subiam as escadas das casas, mas seus criados ficavam no primeiro degrau, que passou, por isso, a chamar-se também patamar. Com o tempo, a palavra adotou o sentido de medida de evolução de alguma coisa, sejam juros, seja a corrupção - como a de que são acusados os parlamentares "sanguessugas", assim chamados porque não tiveram pejo de apresentar emendas com a finalidade de liberar verbas públicas para traficar a compra de ambulâncias. As operações tremendamente ilícitas foram reveladas pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, acusado de ser um dos chefes da chamada "Máfia das Sanguessugas", e mostraram que a corrupção no Congresso brasileiro está em patamar altíssimo. Quebra-mar: de quebrar, do latim crepare, estalar, e mar, do latim mare, designando construção ou barreira natural à frente de um ancoradouro ou praia para proteger o local da agitação das ondas ou das correntes marítimas. Quebra-Mar dá título a uma das primeiras marchinhas carnavalescas do Rio de Janeiro a falar sobre a Barra da Tijuca. A composição de Zé da Zilda (1908-1954) e Adelino Moreira (19018-2002) foi sucesso no carnaval de 1953, na voz de Marlene (81): "Na Barra da Tijuca/ Eu fui farrear/ Veio uma onda maluca/ E me atirou no quebra-mar/ Eh quebra-mar, eh quebramar.../ Veio tubarão/ Veio me agarrar". Em 1956, os perigos pareciam debelados, pois Emilinha Borba (1922-2005) cantava estes versos de Braguinha (99): "Vai, com jeito vai/ Senão um dia/ A casa cai./ Menina vai,/ Com jeito vai/ Senão um dia/ A casa cai.../ Se alguém te convidar/ Pra tomar banho em Paquetá/ Pra piquenique na Barra da Tijuca/ Ou pra fazer programa no Joá,/ Menina vai/ Com jeito vai". Quase quatro séculos antes das marchinhas, o português Salvador Correia de Sá, o Velho, requeria, em 1594, a região para que seus filhos, ainda menores de idade, plantassem cana nos alagados da Barra da Tijuca, do tupi ti'yug, charco, lamaçal. O quebra-mar protegia os ancoradouros para que os contrabandistas desembarcassem escravos. Síndrome: do grego syndromé, reunião.É a junção de syn, simultaneamente, e dromé, de dromos, presente em hipódromo, entre outras palavras, e raiz remota do verbo syntréhko, correr, pelo aoristo (tempo verbal do grego) syndramein. Literalmente, reunião tumultuosa. Designa o conjunto de sinais que pode indicar doenças, no sentido denotativo - como em síndrome da imunodeficiência adquirida, ou aids, e síndrome de Down, ou mongolismo, que se caracteriza por deficiência mental e alteração na forma do rosto, dos pés e das mãos -, ou no sentido conotativo, caso de síndrome de Estocolmo, a simpatia do seqüestrado pelos seqüestradores. Esta última foi assim chamada pelo fato de ter sido registrada pela primeira vez na capital da Suécia, quando um diplomata alemão que havia sido preso pelo grupo terrorista Baader-Meinhoff fez declarações amáveis relacionadas ao bando depois de ter sido libertado.