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Débora : 'Você se habitua à solidão'

No próximo dia 5 Débora Duarte lançará o livro No Colo de Apolo, que traz poesias escritas por ela ao longo de sua vida. Em entrevista à CARAS Online, ela também fala de seu papel em Cordel Encantado e de sua relação com a solidão

Renan Botelho Publicado em 30/08/2011, às 08h22 - Atualizado em 08/08/2019, às 15h43

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Débora Duarte - Divulgação
Débora Duarte - Divulgação

Ainda criança, Débora Duarte (61) começou a escrever poesias sobre seus sentimentos, sem nenhuma pretensão de se tornar uma escritora ou algo do gênero. Décadas se passaram e alguns destes textos continuaram guardados em gavetas de sua casa. Agora, eles vão se juntar a outras poesias escritas pela atriz ao longo dos anos no livro No Colo de Apolo, que será lançado no dia 5 de setembro. 

Filha de Lima Duarte (81) e mãe da atriz Paloma Duarte (34), Débora está no ar em Cordel Encantado, em que interpreta a personagem Amália. Em entrevista exclusiva à CARAS Online, ela fala sobre seu livro, do orgulho de estar na novela das seis, revela não ter medo de envelhecer e desafia a solidão: “Tenho mais o que fazer".

- Por que escolheu o título ‘No Colo de Apolo’?

- É uma frase de uma das minhas poesias. Significa o que ela diz. É a primeira frase de um dos poemas que eu mais gosto. (“É no colo de Apolo/ que acordo sempre!/ Todas as manhãs,/ se amando,/ a gente é um solo/ e o sol cozinha maçãs”).

- Quando começou sua relação com a escrita?

- Desde quando eu comecei a entender melhor o que eu sentia, desde quando eu senti a falta de um bilhetinho. Minha inspiração vem dessas fomes.

- E quando foi isso? Alguma época específica de sua vida?

Lá pelos 12 anos. A maioria das poesias daquela época ficou perdida em gavetas por aí, mas guardei muita coisa. Eu voltei a escrever há pouco tempo. Meu livro está saindo assim, do jeito que tem que sair.

- O que a Débora escrevia aos 12 anos e sobre o que ela escreve hoje?

- Aos 12, eu escrevia sobre os sentimentos. A Débora de hoje escreve sobre o que não dá para engolir, o que não dá para calar, o que tem vontade de existir.

- O quanto suas poesias revelam sobre você?

Revelam muito. Eu sofro muito cada vez que alguém abre o livro e vai ler alguma coisa. Eu me sinto mais exposta do que se tivesse nua.

- Mas se você sofre quando leem suas poesias, de onde surgiu a coragem para publicá-las em um livro?

- Este livro foi um grande presente desde o começo. Eu só tive coragem de publicar quando o prefácio da Zélia (Gattai) e a orelha do Mário (Lago) ficaram prontos. E tudo aconteceu porque a Leilah Assumpção e o marido Walter Appel, que são meus amigos, decidiram me dar o livro de presente. Se não fosse assim, eu não publicaria. Não tenho nenhuma pretensão de ser poeta ou uma escritora. Penso que as pessoas vão se interessar em conhecer melhor meu coração, o que eu conheço, isto me dá certa leveza, pois não tenho nenhum compromisso. 

- No ano passado você disse que estava há oito anos sem beijar alguém na boca. Hoje em dia, como anda seu coração?

Vai bem, obrigada (risos). Eu já senti mais falta de ter alguém, hoje em dia não. Você se habitua a viver sozinha. Com o tempo, você fica mais espaçosa e eu estou muito espaçosa. Não estou dizendo que estou com as portas fechadas, só não invento de me preocupar com isso porque eu tenho mais o que fazer.

- Com 40 anos de carreira, você faz parte de uma geração que sobreviveu na televisão. Existe algum segredo por ter durado tanto tempo no ar?

- Acho que a qualidade do meu trabalho...

- Você consegue avaliar a diferença das atrizes que começaram com você e as atrizes de hoje em dia?

Existem todas as diferenças do mundo. A escola é outra, os tempos são outros. Não estou dizendo que uma é melhor ou pior. A gente vem do tempo do artesanato, de que faz o que gosta, hoje em dia você está entrando para uma indústria da televisão.

- E como está sendo a experiência em Cordel Encantado? O que podemos esperar da Amália daqui pra frente?

Olha, sem dúvida, eu estou bem feliz... É de uma qualidade indiscutível. Eu estou muito contente de fazer parte desta novela. Mas sobre a Amália... sabe que nem eu sei? Ela foi se transformando durante a novela e continua sendo uma mulher corajosa e generosa.

- Depois que a novela acabar, você já tem outros projetos encaminhados?

Eu estou pensando em viajar com uma oficina que chama Receita de Récita, uma pequena oficina de interpretação de poesia e prosa. Acabei de renovar meu contrato com a Globo e vou aproveitar para viajar um pouquinho também. E eu gostaria de fazer cinema este ano.

- E pretende escrever mais livros? 

Aí, só Deus sabe. Eu vou escrever sempre, mas se vou publicar é outra história.