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Dani Haloten: 'Esquecem que sou cega'

A atriz Danieli Haloten, deficiente visual desde a adolescência, está adorando o sucesso da sua personagem Anita, na novela Caras & Bocas, da Globo, e curtindo o reconhecimento do público

<i>por Priscilla Comoti</i> <br> <br> Publicado em 15/10/2009, às 16h24 - Atualizado às 17h12

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Danieli com o inseparável labrador Higgans - Divulgação
Danieli com o inseparável labrador Higgans - Divulgação
A jovem atriz Danieli Haloten, deficiente visual que vive a Anita, na novela Caras & Bocas, está adorando o seu primeiro trabalho na televisão e tem conquistado o público com as histórias da personagem. Com o sucesso por estar na novela das sete da Globo, Danieli tem sido frequentemente abordada pelo público nas ruas, e muitas diferenças já foram notadas: ao invés de fazerem perguntas sobre a sua deficiência, as pessoas conversam sobre a novela e a carreira dela. "Tem gente que até esquece que sou cega e me pede autógrafo (risos). Aí, tento contornar, sugerindo uma foto ou um beijinho", contou ela. Cheia de histórias de vida, como a de ter perdido a visão aos 17 anos, ter conseguido se adequar a restrição da pouca visão durante a infância, até chegar à leitura em Braille, Haloten ultrapassou todos os obstáculos e preconceitos e chegou onde queria: trabalhar com arte no teatro e na televisão. A artista fez teatro, é formada em Artes Cênicas e em Jornalismo, e já trabalhou como apresentadora, além de ter atuado em diferentes áreas do jornalismo. Em entrevista ao Portal CARAS, Danieli Haloten conta como está a sua vida depois de ficar conhecida pelo grande público e o seu desejo de um dia ter filhos. -A Anita tem conquistado o gosto do público. Como você tem sentindo a repercussão da personagem? - Recebo o carinho dos fãs nas ruas e no meu blog. - Está gostando do sucesso? - Estou muito feliz com o sucesso da novela e da minha personagem. Não imaginava que Anita cresceria tanto na trama. Tomara a Deus que eu tenha uma carreira bem-sucedida pela frente. - No começo da novela, você nos contou em uma entrevista que sentia um certo 'medinho' em estrear na TV com o mundo inteiro te assistindo. Esse medo passou? Como você se sente agora sendo conhecida pela população? - Não tinha medo de ser conhecida. Tinha medo de apresentar meu primeiro trabalho profissional como atriz para todo o mundo. Mas, o público tem sido bem generoso comigo. Eles demonstram entender que é meu primeiro trabalho profissional como atriz e são coerentes em suas críticas. - O que mais mudou para você desde o início da novela e agora, já na metade da história? - Foi um giro de 180 (graus). Mudei de Curitiba para o Rio; vim de uma chácara para um flat; saí do banco e fui ao Projac; e realizei meu maior sonho: o de trabalhar na TV. Estou vivendo um mundo completamente diferente do que eu vivia. Mas, pelas suas palavras, acho que não é isso que você quer saber. Você quer saber das ruas? As pessoas sempre me abordaram para me fazer perguntas inconvenientes sobre minha deficiência ou para mexer com meu cão guia. Agora, elas me abordam com mais respeito. Não ficam atrapalhando o trabalho do meu cão, nem me fazendo perguntas invasivas. Eles abordam a atriz que admiram. Acho isso ótimo. Tem gente que até esquece que sou cega e me pede autógrafo (risos). Aí, tento contornar, sugerindo uma foto ou um beijinho. - A Anita pode mostrar para o público as dificuldades de uma deficiente visual e também os seus sucessos, conseguindo um emprego e também um homem que a ama. Você acha que a história da Anita pode ajudar as pessoas? Como? - Sim. Mostrando ao público os aspectos citados em sua pergunta. A personagem mostra também que quando temos força de vontade, as coisas podem acontecer mesmo tendo que enfrentar dificuldades. - Agora a sua personagem está grávida. Como é para você interpretar uma grávida? É difícil? - Por enquanto, o texto, as lembranças que tenho de mulheres grávidas que fizeram parte da minha vida e os toques da Rosana Garcia têm sido suficientes para mim. Vamos ver daqui para frente. - Você sonha um dia encontrar um amor como a Anita? Ou já encontrou? - Acho que é o sonho de todos. - Quer se casar e ter filhos? - Quero ter filho. Casar, não depende só de mim. - Anita ainda promete muitas emoções? Está gostando da personagem? - Por enquanto, Anita está envolvida com os conflitos do Gabriel e posteriormente do Denis. Ela também será mais uma vítima do Edgar. Estou amando fazer Anita. É uma personagem rica em possibilidades de interpretação. Recebo como presentes as cenas que Walcyr (Carrasco) escreve pra mim. - Como é a sua relação com o ator Wagner Santisteban? Costumam se encontrar fora das gravações? Ele tem te ajudado nas cenas? - Acho que trabalhamos muito bem juntos. O Wagner é um bom rapaz. Um cara do bem, sabe? - Como você acha que o Wagner é? Qual a percepção que você tem dele sem poder vê-lo? - Eu o imagino como um garotão. - As pessoas deveriam abandonar os estereótipos e enxergar mais com o coração? - Os estereótipos só servem para criar preconceitos. Recebo muitos comentários de deficientes visuais com medo de que o público tome Anita e as ações dela como exemplo e generalizem. Defendo o autor dizendo que Anita representa uma parcela dessa população e não todos os deficientes visuais. E que o autor, nem Anita, nem eu, temos culpa se, devido aos estereótipos criados, há pessoas que acreditem que cego é tudo igual. Ninguém gosta de comparações. E com a gente, não seria diferente, só porque somos cegos. Muitos jornalistas afirmam erroneamente que estou interpretando a minha vida, só porque minha personagem é cega como eu. E isso não é verdade.