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Crianças que têm abaulamento na virilha às vezes sofrem de hérnia

José Roberto de Souza Baratella Publicado em 29/03/2007, às 13h14

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José Roberto de Souza Baratella
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Hérnia, segundo a definição clássica, é a saída de uma víscera, ou de parte dela, por um orifício natural ou através da musculatura enfraquecida da cavidade que a contém. Existem basicamente dois tipos: a da criança, resultante de um defeito congênito, e a do adulto, que, embora também possa resultar de defeito congênito, muitas vezes se deve ao enfraquecimento da parede muscular. A hérnia inguinal se caracteriza pela passagem de uma porção do intestino da cavidade abdominal para a região da virilha. Na menina, pode haver também a passagem do ovário. Durante a gestação, forma-se um canal de comunicação entre a cavidade peritoneal e a região da virilha, que, nos meninos, termina na bolsa testicular e, nas meninas, na altura dos grandes lábios. Normalmente essa comunicação se fecha e desaparece antes do nascimento; em 1% a 5% das crianças isso não ocorre. Daí a possibilidade do surgimento da hérnia. Por volta de dois terços dos casos de hérnia inguinal ocorrem em meninos. Pode aparecer já ao nascimento, porém é mais comum nos primeiros anos de vida. Por volta de 60% da incidência é à direita, 20% à esquerda e os outros 20% dos dois lados. A observação de abaulamento ou de uma "bolinha" na virilha quando a criança faz força, em geral, é o primeiro sinal que faz a família e o pediatra suspeitarem da existência de hérnia. O abaulamento normalmente aparece porque o íleo, porção terminal do intestino delgado, ou o ovário entram naquele canal que deveria ter fechado durante o período de evolução da criança. Comumente a criança não se queixa de dor, só de desconforto. Além disso, quando ela para de chorar ou de tossir, ou termina a evacuação, a porção intestinal ou o ovário se retraem, o que se chama redução da hérnia. Pode ocorrer, entretanto, de esses órgãos ficarem presos no canal, caracterizando o que se conhece como encarceramento da hérnia. O encarceramento do ovário não costuma causar maiores problemas; mas o do intestino freqüentemente leva a uma diminuição na irrigação sanguínea, podendo provocar sua necrose. Nessa situação, os doentinhos costumam apresentar dor local intensa e muitas vezes vômitos. Trata-se de uma situação de emergência, que, se não atendida a tempo, pode causar grande prejuízo ao órgão e mesmo infecção generalizada, às vezes fatal. Pais que notarem um abaulamento na virilha, ou uma "bolinha" no escroto do filho, devem levá-lo ao pediatra. Mediante exame cuidadoso, o especialista poderá confirmar ou não o diagnóstico e, se necessário, encaminhá-lo ao cirurgião pediátrico, que fará a correção do problema com cirurgia. Nos casos de encarceramento da hérnia, a primeira providência do médico deve ser sempre tentar desencarcerá-la, tanto para aliviar o sofrimento da criança, como para evitar que o quadro se complique. Com sedação e manobras compressivas, ele tentará soltar o intestino aprisionado. É importante ressaltar que a ajuda médica tem de ser buscada logo que os sintomas aparecem, pois a redução da hérnia só é possível nos quadros iniciais. De qualquer forma, quando não se consegue o desencarceramento, a criança é operada de imediato; nos outros casos, dentro de 48 horas. Crianças com a saúde debilitada ou que sofram de doenças cardíacas ou pulmonares devem passar por avaliação clínica rigorosa do risco cirúrgico antes de serem operadas. A cirurgia é realizada em hospital, com anestesia geral. Abre-se a região da virilha e libera-se o órgão encarcerado no canal peritoneal. Em seguida, ele é fechado para se evitar que o fenômeno ocorra novamente. Nos casos em que não existe encarceramento, no mesmo dia da operação o paciente pode voltar para casa e cerca de dois dias após está apto a retomar suas atividades. Caso se tenha extirpado a parte do intestino que ficou encarcerada, a hospitalização e a recuperação se prolongam por até sete dias.