CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Contra a depressão, "use" atividade física. Previne e ainda ajuda a tratar

José Antonio Atta Publicado em 06/11/2007, às 17h05

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
José Antonio Atta
José Antonio Atta
Mens sana in corpore sano - mente sã em corpo são. Você já leu ou ouviu em latim ou português essa célebre máxima. É do poeta romano Juvenal (60-130 d.C.), que, para criá-la, recorreu aos textos de Hipócrates (460 a 377 a.C). Muito lá trás, o Pai da Medicina antevia o que a ciência só recentemente demonstrou: a atividade física beneficia não só a saúde física, como também a mental. Está provado que ela é eficaz tanto na prevenção quanto no tratamento da depressão. Gostou? Bem, mas antes de ter mais detalhes é importante saber que a depressão é uma doença comum. Hoje, basta juntar dez mulheres e terá esta "foto": duas a três têm, tiveram ou terão o problema. Em caso de dez homens, um a dois aparecerão no "filme". O retrato é mundial. A depressão afeta 20% a 30% da população adulta. Segundo pesquisa da Universidade de Harvard, as doenças mentais causam metade do 1,3 bilhão de dias/ano de afastamentos do trabalho nos Estados Unidos, sendo a depressão a principal responsável. Quadro semelhante ocorre entre os funcionários do Hospital das Clínicas de São Paulo: 45% das licenças médicas devem-se à depressão. Ela provoca prejuízos duros e doídos. As perdas vão desde dias de trabalho, emprego, alegria de viver e qualidade de vida até fim de relacionamentos. E ninguém está livre de ter uma crise um dia. Logo, prevenir a depressão interessa a todas e todos. Pesquisas de longo prazo demonstram que a atividade física evita o aparecimento de sintomas depressivos em jovens, adultos e idosos, além de melhorar o humor e o bemestar. Parece ainda reduzir o risco do mal de Alzheimer e da demência senil no futuro. Já em quem tem depressão, ajuda no tratamento. É um recurso adjuvante à medicação (os antidepressivos) e à psicoterapia. Os resultados surgem seis a oito semanas após o início dos exercícios regulares. Outra grande vantagem é diminuir as recaídas. Quem apresenta um episódio depressivo tem 50% de risco de apresentar um segundo. Se dois, a possibilidade de um terceiro sobe para 70% a 80%. Em caso de três, o perigo de outras crises ultrapassa os 90%. Conseqüentemente, é vital investir na prevenção de novas crises. É a chamada prevenção secundária. Conclusão: os exercícios funcionam na depressão. O que a ciência ainda não desvendou totalmente são os mecanismos que propiciam tais ganhos. Aparentemente, eles aumentam a liberação pelo cérebro de substâncias como serotonina (melhora humor e bem-estar) e endorfinas (aliviam tensão e ansiedade). Agora, para conquistálos, há uma condição: a atividade física tem de ser regular. O ideal, quatro a cinco vezes por semana durante meia hora, no mínimo. Vale o que você preferir ou estiver ao seu alcance: caminhada, corrida, esteira, bicicleta, natação, dança, ioga. Tanto que eu a prescrevo a todos os meus pacientes. Aos saudáveis, é sugestão, visando proteger-lhes mais a saúde mental e física. Já para quem tem depressão, é "remédio" obrigatório, que complementa os antidepressivos e/ou a psicoterapia. Potencializa os efeitos de ambos. A depressão é um problema de saúde como outro qualquer. No Brasil, atinge 20 milhões. Quanto mais precoces o diagnóstico e o tratamento, menor o risco de voltar. Portanto, se você se sente triste ou infeliz, sem esperança no futuro, com vontade freqüente de chorar, atenção: talvez seja "ela". Busque ajuda logo. E exercite-se. Sua cabeça e seu corpo só lucrarão.