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Casal que se ama de verdade usa as brigas para melhorar a relação

Solange Maria Rosset Publicado em 22/02/2006, às 15h29

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Solange Maria Rosset
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Não há receita para se manter uma relação feliz. Mas parceiros que se propõem a aprender e crescer juntos com certeza serão capazes de criar novas formas de lidar com as brigas e o entorno delas. Ao descobrir que nem sempre são desastrosas, podem até ser úteis, é provável que comecem a usá-las de maneira construtiva. As brigas são perigosas quando o casal se envolve tanto na atividade de brigar - atacar, defender, instrumentar-se e arranjar argumentos - que perde de vista a união e o afeto mútuos. Essas com certeza são desnecessárias, inúteis, porém não inócuas, porque deixam sempre uma marca de dor, mágoa e desgaste na relação. São inúteis quando repetem sempre o mesmo conteúdo, a mesma forma, e não ajudam os parceiros a enxergar novas saídas. Quando trabalho com casais, um dos parâmetros que emprego para avaliar a saúde relacional é mapear se brigam pelas questões atuais ou por razões, conteúdos, opiniões e fatos do passado. Mais funcionais são os que brigam por questões do presente; menos, os que repetem a mesma questão. Em um relacionamento, as abrigas podem ser uma forma de os companheiros se fazerem conhecer, de mostrarem suas características e todo o seu potencial para o parceiro, de lutar para manter a privacidade,o espaço, a individualidade. São aspectos importantes e enriquecedores da união. Evitar desentendimentos pode ser a principal causa de deterioração da relação e impedimento da intimidade. Se uma pessoa tem compulsão para evitá-los, está presa na mesma armadilha de outra que briga compulsivamente por qualquer detalhe. Como se trata de compulsão, as duas atitudes são mais fortes que o afeto e o espaço da união. Para que uma briga seja útil, os parceiros precisam aprender a expressar a raiva sem atacar, destrutivamente, a união; não aplicar "golpes baixos"; não insultar; não desenterrar problemas antigos; não despejar sobre o companheiro queixas e frustrações acumuladas; expressar sentimentos, não acusações; fazer apenas críticas construtivas; ouvir e reconhecer o que o parceiro acabou de dizer, em vez de argumentar logo em contrário. Depois de cada briga, ao baixar a poeira, os dois devem sentar-se para conversar e compreender o que ocorreu. Assim, terão mais conhecimento de si e do outro, além de maior possibilidade de controle, a fim de evitar brigas estéreis. O conhecimento de que cada um pode cometer erros e descontrolar-se vai ajudar ambos a se empenharem para se recuperar. Isso pode ser feito por meio da conversa sobre o modo como os dois cometem erros e os efeitos que produzem. Como as brigas são inevitáveis, o casal deve treinar a fim de buscar maneiras mais adequadas para elas. Uma forma é usar pequenas regras de funcionamento nessas ocasiões. Algumas são: não fazer perguntas usando "por quê", pois significa censurar, o que não ajuda em nada; procurar ater-se a um tema, sem se lembrar de outros que também atrapalham, já que isso tira o foco e desestrutura a questão em discussão; não trazer à tona assuntos do passado: o problema é o que ocorre agora, não o que poderia ou não ter havido em outros tempos; não interromper, dando chance à outra pessoa de terminar o seu pensamento. Aspecto igualmente importante é que, nesses momentos, as pessoas deixam de lado muitas de suas máscaras sociais e aparecem mais suas verdadeiras características, tanto as melhores como as piores. Elas podem usar essa real fotografia de seu funcionamento para mapear o que poderia ser melhorado no aspecto comum e também no individual. Sempre haverá alguma coisa para fazer um dos parceiros explodir. Portanto, em vez de se dedicar a evitar brigas, como se vê, é possível desenvolver a habilidade de se recobrar e de tirar proveito delas.