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Casal precisa ficar atento para evitar tentativas de dominação

Nahman Armony Publicado em 18/07/2008, às 14h28

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O convívio humano é complicado. E mais complicada ainda a convivência de casais. Em especial nos períodos de transição da mentalidade, da subjetividade, como o atual. De uma época de hierarquias, em que a mulher se calava diante da autoridade do homem, curvando-se aos seus desejos e projetos, caminhamos para um tempo de igualdade e, inelutavelmente, de confronto. A mulher já não aceita submeter-se às determinações do homem: testemunha inconformada de uma época de submissão feminina, hipersensibilizada pela configuração familiar vivida pela mãe, sente-se tratada como inferior. Tal estado de espírito, claro, dificulta o diálogo. Algumas vezes, colocações simplesmente expositivas são vivenciadas por ela como impositivas, provocando reações exageradas e levando a relação para um terreno emocional tumultuado que pode gerar desde discussões verbais até agressões físicas. Não devemos esquecer que carregamos conosco resquícios de subjetividades que ainda estão em processo de se tornar passado. Assim, pode mesmo haver no homem atual uma nota eclipsada de autoritarismo, do mesmo modo como a mulher também pode carregar uma oculta identificação com a obediência do passado. Resultado: a relação torna-se sensível à mínima e inconsciente expressão de autoritarismo ou submissão. Claro que, mesmo nos moldes antigos de relação, o poder não era privilégio masculino. Dependendo da dinâmica do casal, a mulher também o exercia, ainda que silenciosamente, sutilmente. O poder feminino incidia sobre pontos vulneráveis do homem, como a recusa ao sexo ou a negação de um apoio afetivo consistente em momentos de fragilidade. Hoje, buscam-se relações homem-mulher igualitárias, com direitos equivalentes e nas quais se almeja o entendimento, o respeito e o acordo, de modo a permitir o convívio com as diferenças. Mas teríamos já alcançado tão grande mudança? Ou as tentativas de manipulação persistem? A observação nos permite dizer que o controle pelo desempenho em muitos casos transformou-se em controle pelo discurso. Lembremos que a vontade de fazer prevalecer os próprios desejos e pontos de vista é um dos impulsos do ser humano. E que carregamos resíduos inconscientes das relações hierárquicas. É por essas razões que, muitas vezes, o que poderia ser só uma ponderação sobre diferenças individuais para se chegar a um acordo descamba para a tentativa de manipulação. Raciocínios estapafúrdios, tom de voz impositivo, ameaças veladas, sutis culpabilizações, um persistente tom queixoso de vítima, todas essas são formas de pressionar o parceiro para além de seu desejo e ajuizamento, provocando conflito. Como perceber quando a pessoa expressa desejos e pontos de vista e quando tenta domesticar a outra? O que é pressão e o que é expressão? Às vezes, a manipulação é evidente. Em outras é sutil. A diferenciação torna-se mais problemática quando percebemos que a susceptibilidade à manipulação depende do momento psíquico do casal. Nesse terreno fluido, é importante que os pares percebam a complexidade das situações relacionais para que não se deixem levar pela sensação de manipulação e controle, nem tampouco escondam de si a possibilidade de isso estar ocorrendo.