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Brasileiro Fabiano Carvalho, o Bboy Neguin, é destaque na turnê de Madonna

Prestes a chegar ao país para quatro shows da 'MDNA Tour', Fabiano Carvalho, o Bboy Neguin, conta como é conviver com Madonna profissional e socialmente. À CARAS Online, ele fala da rotina da equipe e exalta o prazer de se apresentar no Brasil

Paola Donner Publicado em 27/11/2012, às 16h35 - Atualizado em 05/04/2019, às 10h58

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Fabiano Carvalho, o Bboy Neguin, pouco antes do primeiro show na América do Sul - Jaan Roose
Fabiano Carvalho, o Bboy Neguin, pouco antes do primeiro show na América do Sul - Jaan Roose

Veja o especial sobre Madonna no Brasil

A dança foi apresentada a Fabiano Carvalho (25) pelos irmãos, quando ele tinha apenas cinco anos. Foi paixão à primeira vista. Após dançar na época da escola e ingressar na aula de capoeira, o menino natural de Cascavel (interior do Paraná) começou a praticar break dance aos 14 anos, inspirando-se apenas no que via em fitas VHS e raros DVDs de campeonatos internacionais. Em apenas cinco anos de intensa dedicação, passou a viver de sua grande paixão e adotou o nome artístico de Bboy Neguin.

Hoje, após viajar por cerca de oitenta países, aprender quatro idiomas, ganhar dezenas de torneios internacionais e ser detentor do título de primeiro e único brasileiro vencedor de um Campeonato Mundial, Fabiano está prestes a desembarcar no Brasil não apenas como o grande dançarino que é, mas também como integrante da linha de frente da trupe de bailarinos da MDNA World Tour, a atual turnê de Madonna (54).

Convivendo diariamente com a rainha do pop há mais de seis meses, Bboy Neguin exalta as qualidades da cantora. “Ela é tão amigável que até esquecemos que ela é a diva Madonna. É até por isso que a chamamos somente M, pois é como se fosse uma amiga da escola”, garante.

Em entrevista exclusiva à CARAS Online, feita enquanto a turnê passava pela Costa Rica, Fabiano Carvalho falou da carreira, da convivência profissional e pessoal com Madonna, fez planos para o futuro após a turnê e vibra por faltar pouco para subir aos palcos brasileiros.

- Quando a dança passou a fazer parte da sua vida?

- Desde os cinco anos de idade, quando fui influenciado vendo os meus irmãos dançarem e escutarem músicas com os amigos deles. Cresci apaixonado pela dança! Dancei nos tempos de escola representando o colégio em festivais e competições e minha irmã me matriculou na academia de capoeira, em 1996, mas foi aos 14 anos que comecei a praticar break dance, no qual eu não tive nenhum professor a não ser fitas VHS e raros DVDs de campeonatos internacionais.

- Quando você saiu de Cascavel para viver de dança e para onde você foi?

- Na verdade, nunca sai definitivamente de Cascavel. Logo após o término do ensino médio, em 2006, apenas pedi autorização aos meus familiares para compartilhar a minha arte em outros estados e também pelo mundo. Então, devido ao meu bom e rápido desempenho, entrei para o circuito de campeonatos mundiais representando o Brasil e tive a oportunidade de conhecer mais de 80 países. Atualmente, continuo viajando e conhecendo centenas de culturas, aprendendo novos idiomas – até o momento falo quatro – e, principalmente, fazendo minha parte ensinando e inspirando novas gerações.

- Quando começaram as viagens internacionais?

Não tenho certeza, mas acho que foi a partir de 2007 que comecei a ver aeroportos, aviões, hotéis, nacionalidades, choques culturais com tanta frequência. Na minha mente, nunca saí do Brasil. Continuo trabalhando, vivendo e fazendo o que eu amo graças a minha persistência e meu talento, assim como qualquer outro cidadão comum, porém numa escala de experiência mais ‘hardcore’ [risos].

- De quais principais competições internacionais você já participou e quais títulos já conquistou?

Foram diversas as competições internacionais e dezenas de títulos. Fui campeão dos maiores e mais importantes campeonatos, como o UBC 2010 (Las Vegas – EUA), R16 2010 (Seul – Coréia do Sul), Warsaw Challenge 2011 (Inglewood - EUA), Outbreak Europe 2011 (Banská - Eslováquia), Unbreakable 2011 (Antuérpia - Bélgica) e Battle Of The Year Red Bull BC One 2010 (Tóquio - Japão), que me torna o primeiro e único brasileiro com o título de Campeão Mundial. Em 2012, decide me afastas das competições e desenvolver outras atividades com minha companhia Brazilian Groove, como o espetáculo Vertente Única.

- Onde você mora atualmente?

Acho que eu sou um tipo de hippie ou cigano, pois não moro em nenhum lugar fixo. Acredito que minha noiva, Amy Secada, e eu moramos em quatro escalas: conforto, que são três meses com minha família em Cascavel; estilo de vida, que são três meses em Nova York; desenvolvimento, que três meses em Los Angeles; e trabalho, que três meses seguidos eu moro dentro da minha mala.

- Como conseguiu a vaga para se tornar um dos bailarinos da Madonna?

- Conheci a M pessoalmente em 2010, na casa dela em Nova York, através de um amigo em comum. Então, em 2011, ela me convidou para fazer parte do show Material Girl, na Macy's, mas eu não estava disponível na data. Novamente fui convidado para fazer o show dela no Superbowl, mas eu também não estava disponível, pois estava em turnê mundial com o meu patrocinador Red Bull BC One All Stars. Por fim, este ano fui convidado novamente para a MDNA World Tour 2012 e aceitei.

- Como é trabalhar com a Madonna?

É uma enorme experiência, pois só talento e habilidades não significam nada para uma grande artista como ela, com mais três décadas de carreira. Realmente, personalidade, educação, comportamento contam muito e muitos artistas talentosos não se encaixam na equipe e desistem. Mas, para quem permanece, significa que tem uma boa conexão de certa forma. Particularmente, não penso que estou a trabalho, pois realmente os amigos mais próximos dela e dos filhos dela somos nós, os próprios dançarinos. Somos nós que compartilhamos coisas do dia a dia com ela, vamos ao cinema, vivemos grandes e simples momentos como uma família.

- Como ela é nos ensaios? Ela opina nas coreografias?

A cada dia de show fazemos horas de soundcheck de todas as músicas e números que ela deseja ensaiar e opinar. O ponto mais interessante da Diva é que TUDO TUDO TUDO passa por ela. É a Madonna quem decide tudo, do mais simples ao maior detalhe, ela tem o dom de ver tudo. Sabe quando sua mãe verifica se sua camiseta está devidamente limpa ou se suas notas na escola estão boas? É exatamente dessa forma que a M trata toda sua equipe, seja dançarinos, massagistas, estilistas, instrumentistas, costureiras ou áudio e visual.

- E fora do trabalho, como é a Madonna?

Ela é supernatural, muito humilde e é tão amigável que até esquecemos que ela é a Diva Madonna. É até por isso que a chamamos somente M, pois é como se fosse uma amiga da escola.

- Você irá participar de toda a turnê?

Sim, sou linha de frente das especialidades do show e, principalmente, em números que estão somente M e eu no palco.

- Como é sua rotina como bailarino da Madonna? 

Chegamos ao local do show e almoçamos às 14h. Os ensaios vão das 15 às 19hs, então temos três horas para relaxar. Em seguida, uma concentração chamada ‘prayer’, no qual formamos um círculo com as mão dadas e cada dia uma pessoa compartilha uma mensagem. Por fim fechamos o círculo com um grito de guerra ‘M -D-N-A let's stonny all the way’, uma gíria interna que significa algo como ‘vamos detonar’, e partimos para o show. No dia seguinte, ficamos livres para conhecer a cidade e às vezes nos reunimos para fazermos algo todos juntos.

- Quais lugares a turnê da Madonna já te permitiu conhecer? Qual foi o mais marcante e por quê?

Europa e Estados Unidos. Não existe um lugar mais marcante, pois todo show feito é uma grande energia e desde que estamos no palco, compartilhando essa energia com o público, é sempre gratificante.

- O título de 'bailarino da Madonna' te possibilitou algumas vantagens, como ser convidado para grandes festas e eventos?

Todo artista tem vantagens e desvantagens, mas o verdadeiro artista tem personalidade e chega aonde quer chegar. Então, sendo sincero, nunca precisei de nenhum título para conseguir coisas desse tipo. Além disso, as festas que eu frequento são as underground, ou seja, aonde as pessoas vão realmente pelo amor pela música, dança, energia, corpo, mente e alma. E de fato essas festas são promovidas por pessoas que fazem algo pela cultura, e não pelo lucro. Até mesmo porque nessas festas não há muito lucro, porque os frequentadores não consomem bebidas alcoólicas e nem refrigerantes, se saciam somente com o espírito que música nos proporciona e água para reidratar. Então, com 15 dólares colaboro com o cachê do DJ, me divirto, fortaleço minha cultura e volto para casa com meus amigos.

- Algum dia, quando você começou a dançar, sonhou que faria parte de uma equipe de dançarinos como a da Madonna?

Acreditei no meu talento. Sempre acreditei que, fazendo o que eu amo com muita determinação, alcançaria meus objetivos. Então, as conquistas serão sempre bem-vindas e assim sigo em frente.

- Se apresentar no Brasil tem um gosto especial?

Sempre, o Brasil é demais! A energia Brasileira é incomparável e com certeza será um grande privilégio para mim e para o outro brasileiro também na turnê, o slackliner Carlos Neto. O Brasil terá dois representes nos shows da Rainha.

- Já tem planos para quando a turnê acabar?

A turnê acaba no dia 22 de dezembro, na Argentina, então vou diretamente visitar minha família, pois não os vejo há cinco meses.

- Depois da Madonna, com quem você gostaria de trabalhar?

- Há alguns outros artistas que desenvolvem ótimos trabalhos com dançarinos urbanos, como Beyoncé e Missy Elliot.

- Com tanto trabalho e viagens, como você faz para ver a família?

- Sempre que possível, pego um avião e vou lá comer o Rango da dona Maria em Cascavel.

- Já sofreu preconceito por ser apresentar para as pessoas como bailarino/dançarino?

Talvez sim, talvez não!  Todos nós somos dançarinos ou dançarinas. O mendigo é dançarino, sua vovó já dançou, o presidente dança, na sua formatura... Deus me deu saúde para dançar e ser feliz, então, por que vou sofrer preconceito ou me importar com isso? Acredito que posso me apresentar como professor de física e explicar a leis da gravidade nas minhas acrobacias e como eu posso girar 40 voltas somente com a minha cabeça no chão [risos].

- Você acha que o Brasil 'produz' bailarinos de qualidade?

Claro! No nosso país há muitos talentos em todas as áreas. O que falta para os bailarinos brasileiros serem os melhores do mundo é apenas se conectar com o mundo.

- A quem você dedica suas conquistas?

Na verdade, foi a minha família que me influenciou a viver da arte e sou imensamente grato à minha irmã que me matriculou na capoeira, porque foi graças à educação, aprendizado e disciplina que aprendi nas aulas que sou quem sou hoje.

- Faltando poucos dias para chegar ao Brasil, qual recado você mandaria aos brasileiros?

Aprecie outras artes e compartilhe a sua.

Assista ao vídeo em que Fabiano Carvalho, o Bboy Neguin, aparece dançando com Madonna durante show em Las Vegas: