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Boa relação é aquela em que os parceiros se amam e se libertam

Joaquim Zailton Motta Publicado em 10/03/2008, às 15h30

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Joaquim Zailton Motta
Joaquim Zailton Motta
O recado mais importante que pode existir entre os pares é esta sublime declaração: "Eu te amo"! É uma comunicação excelsa, sagrada, pois implica nosso mais nobre sentimento e expressa o que existe de melhor no coração afetivo, reduto anímico do ser humano. Toda interação que pretende comunicar algo necessita de boa vontade bilateral. Aquele que fala deve ser claro, expressivo, autêntico, sem ruídos concorrentes, para bem transmitir; e o que escuta tem de abrir os ouvidos, limpar o cérebro, dar crédito, para bem receber. Em todas as áreas de atividade humana, temos observado grande dificuldade de comunicação. Os alunos se queixam dos professores inacessíveis ou relaxados; os pacientes não são entendidos pelos médicos; pais e filhos não conseguem a boa paciência que os integrem; namorados e cônjuges se sentem mutuamente incompreendidos. À medida que recados objetivos, lições concretas, queixas funcionais têm a chance de ser avaliados de outra maneira, o prejuízo se atenua. O estudante safa-se com a internet, o doente revela-se na ultra-sonografia. E quando se fala em subjetividade emocional? O recado que vem da alma não pode conter inspiração hipócrita nem embutir cinismo. É indispensável que seja espontâneo, livre e sincero. Da fonte da melhor transmissão amorosa deve jorrar sentimento puro, com ética irreparável e caráter virtuoso. Quem capta a mensagem amorosa não pode exagerar nas expectativas nem favorecer a sua vaidade. O ego amado deve agir como alvo de recepção simples e comedido, sem investir na pretensão de exclusividade nem de ser idolatrado. Infelizmente, nossa mais insigne comunicação afetiva não tem sido bem respeitada. Em muitas situações, quem declara que ama escorrega levianamente; em outras, quem é contemplado com a revelação se arvora de um valor absurdo, indevido. O pior entrelaçamento é o que alimenta o ciúme, estimula a exigência, tira a liberdade. Um par insiste na pergunta: "Você me ama?" Já ouviu várias vezes que sim, mas, inseguro, precisa sempre confirmar. Um outro faz a declaração dia e noite, não dá tempo para a pessoa amada retribuir, como se não acreditasse nas expressões dela e falasse em seu nome. Terríveis são os que se ostentam de entendidos no amor, verdadeiros professores de afeição, que se dizem convictos do amor ou do desamor do outro: "Imagina que não me ama, eu sei que sou amado"... Ou ainda: "Não acredito, tenho certeza quando eu sou amado"... Bob Marley dizia que "há pessoas que amam o poder e outras que têm o poder de amar". Essa é a grande diferença entre a pessoa que exerce o amor e a que controla o amor do outro. A demanda para controlar o amor é mobilizada pelo medo. Garantindo-se com o poder sobre o outro, a pessoa sufoca o medo. Isso estressa os pares: aprisiona os dois e diminui a gratificação do casal. O exercício do amor, ao contrário, quanto mais natural, mais se distancia dos temores, favorecendo a liberdade e o prazer. A boa relação ocorre no casal que se ama e se liberta. Sentir-se livre e bem-acompanhado é a melhor fruição a dois. Isso ocorre quando os pares se amam e não se cobram amor. Para eles, o "eu te amo" leva o verdadeiro sentido do melhor afeto e, implícita, a mensagem "Eu te liberto"!