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Beribéri é freqüente em indivíduos malnutridos e alcoólicos crônicos

Paulo Olzon Monteiro da Silva Publicado em 10/08/2006, às 10h59

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Paulo Olzon Monteiro da Silva
Paulo Olzon Monteiro da Silva
O Ministério da Saúde divulgou que 33 pessoas morreram este ano no Maranhão por falta de vitamina B1, doença conhecida como beribéri. A palavra beribéri veio do cingalês - língua do antigo Ceilão, atual Sri-Lanka, na Ásia - e significa "fraqueza extrema". A moléstia era conhecida desde antes de Cristo na China e em países do Oriente entre pessoas pobres que se alimentavam basicamente de arroz polido, ou seja, do qual se retira a casca e toda a película marrom-clara rica em nutrientes que envolve o grão. A primeira descrição clínica foi feita em 1652 pelo médico holandês Nicolaas Tulp (1593- 1674). No Brasil, as primeiras referências à doença devem-se ao naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira (1755-1815). Hoje o beribéri ocorre em regiões da Ásia, da África, da América do Sul e, de modo geral, em todos os países nos quais parte da população tem fome e é malnutrida. Outro grupo de portadores está por toda parte, mesmo nas maiores e mais ricas cidades. São os alcoólicos crônicos, que bebem em excesso e, por essa razão, se alimentam mal ou, nos casos mais graves, nem se alimentam. A vitamina B1, também conhecida como tiamina, está presente em muitos alimentos. Os principais são: cereais integrais como arroz, amendoim e trigo; germe e outros derivados do trigo; batatas; peixes; carnes suínas; fígado de animais e aves; nozes, verduras e cerveja. O beribéri, ou avitaminose B1, pode se manifestar em qualquer pessoa. Aparece em geral após meses de carência na substância. Caracteriza-se por uma inflamação nas bainhas dos nervos sensitivos e motores dos membros inferiores. O primeiro sintoma normamente é formigamento nas pernas. Outras indicações são: dormência nas pernas, fraqueza e dificuldade para andar. Doentes apresentam ainda falta de apetite e emagrecimento, o que pode ser fatal. Se o beribéri não é diagnosticado e tratado, existe o risco de atingir o coração e o cérebro. No primeiro caso, danifica o miocárdio (músculo cardíaco), que perde a capacidade de contrair e distender, levando freqüentemente à insuficiência do órgão, o que também pode ser fatal. Os sintomas são: inchaço nas pernas, falta de ar, cansaço, palpitações e aceleração dos batimentos do coração. No cérebro, de outro lado, provoca atrofia dos tecidos, com perda de energia, falta de memória e até mesmo demência. Nesse último caso, a situação é grave e difícil de reverter. Pessoas com sintomas de beribéri devem ser levadas logo a um médico especializado em clínica geral. O diagnóstico é basicamente clínico: o especialista conversa e faz uma avaliação do paciente com o objetivo de identificar a doença. Também pede que faça movimentos como levantar as pernas: portadores de beribéri em geral têm dificuldade ou não conseguem fazêlo. Em alguns laboratórios das capitais e grandes cidades já é possível dosar os níveis de tiamina no sangue, que devem ser de 83 a 180 nmol/litro. Quando os doentes estão muito debilitados, são internados para que se possa cuidar melhor do quadro e evitar o óbito. Nessa situação, além de hidratação e outros cuidados básicos, recebem suplementação de vitamina B1. Nos casos mais simples, porém, basta o consumo de alimentos ricos na substância por alguns dias que a doença começa a desaparecer. O alcoólico crônico, naturalmente, ainda precisará fazer tratamento para se livrar da dependência de bebidas. Hoje, as grandes universidades sobretudo nas capitais e grandes cidades já dispõem de serviços específicos nessa área.