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Baque, do árabe waq'a, é golpe, queda, revés, contratempo, baque. De...

...origem controversa, a palavra louco também pode ter vindo do árabe, mais especificamente da forma como os castelhanos pronunciavam o árabe alwaq, que significa tonto, louco.

Deonísio da Silva Publicado em 15/04/2008, às 15h34

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Alimento: do latim alimentum, ligado a alere, aumentar, fazer crescer, étimo que está presente também na palavra alumnus, aluno, criança atendida, alimentada e educada pela mulher, pelos filhos, parentes ou empregados do pater familiae, o chefe da família romana. Será item indispensável nas preocupações das XXIX Olimpíadas, que se realizam de 8 a 24 de agosto de 2008, na capital da China, Pequim, escrito Beijing na língua mandarim. Os americanos insistem, como sempre têm feito, em levar a própria comida. O escritor Carlos Eduardo Novaes (67) satirizou a exigência em crônica publicada no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro: "Os americanos adoram comida chinesa. Nos filmes e seriados, os personagens estão sempre atrás de chop-suey (...). Ao que tudo indica, porém, os americanos só gostam de comida chinesa feita nos Estados Unidos (...). Tanto que o Comitê Olímpico já encomendou 12 toneladas de carne bovina para distribuir entre seus atletas em Pequim". E acrescenta: "Os dirigentes suspeitam que a carne chinesa seja tão pirata quanto os outros produtos que eles espalham pelo mundo. A carne dita bovina, na verdade, teria 50% de gambá e 40% de guaxinim".Baque: do árabe waq'a, golpe, queda, revés, contratempo, desastre, baque. "Non querer andar, dando baques comigo no chão", como anotou a professora Maria Alexandra Tavares Carbonell Pico, aparece em Crônica na qual São Escritos Todos os Feitos Notáveis que se Passaram na Conquista da Guiné, de Gomes Eanes de Azurara (1410-1474). "Com ou sem recessão, os Estados Unidos sentirão o baque", anunciou em manchete, em outubro, o jornal Valor Econômico, apoiado em despachos do The Economist, semanário britânico especializado em economia, fundado em 1843 por representantes da indústria têxtil de Manchester, para defender o livrecomércio, a exportação e a importação, lutando para que a interferência do governo seja mínima. Em 2007, a publicação atingiu 1,2 milhão de exemplares. Em inglês, baque é thud, fall, collision, collapse. Garrafa: do árabe giraf, medida de grãos e de líquido, com influência do persa garába. No século XVI, nos informa João Baptista M. Vargens (55), professor da Universidade Estácio de Sá e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em seu Léxico Português de Origem Árabe, já aparecia a forma "alguarrafa", documentada na Descrição das Terras da Índia Oriental, de Duarte Barbosa (séculos XV e XVI): "Húu page que sempre lhe traz húu barril daguoa ou alguarrafa, guarneçida de prata". Em nossa língua, a garrafa deixou de ser medida de grãos, tornando-se exclusivamente recipiente de líquidos, embora o étimo esteja presente em garrafão, garrafa grande, mas também área do campo de basquete, nas proximidades da tabela, onde o jogador de ataque não pode permanecer mais do que 3 segundos, e em engarrafamento, trânsito difícil pelo grande número de veículos num mesmo trecho. Louco: de origem controversa, talvez da forma com que os castelhanos pronunciavam o árabe alwaq, tonto, louco, cujo feminino é láuqa. Aos ouvidos portugueses, pareceu que os vizinhos diziam laucu, variando para "o" a primeira vogal. Etimologistas espanhóis dizem que se deu o inverso. Para eles, a pronúncia que veio a consolidar-se em "loco" teve origem no português. Os árabes permaneceram na Península Ibérica por cerca de sete séculos. É natural que influenciassem a língua portuguesa. O emblema do louco é Dom Quixote, alucinado protagonista do livro que é tido como o primeiro romance. O engenhoso fidalgo espanhol Alonso Quijano veste-se como um dos personagens das novelas de cavalaria que leu e, de lança em punho, montado no cavalo Rocinante e acompanhado do sensato escudeiro Sancho Pança, enfrenta moinhos de vento, que lhe parecem gigantes fabulosos. Como os heróis de suas leituras, elege uma dama por cuja honra se baterá, Dulcinéia. A amada leva o nome da localidade onde vive, Toboso, como o herói agregou La Mancha, sua região, ao próprio nome. Em 2002, uma comissão de notáveis elegeu Miguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616) o maior romancista de todos os tempos, justamente por sua obra-prima, Dom Quixote. Também o maior escritor brasileiro de todos os tempos, Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), cujo centenário de morte é lembrado em 2008, escolheu o tema da loucura para escrever uma obra-prima: a novela O Alienista. O protagonista é um psiquiatra, Simão Bacamarte, que, achando loucos todos os habitantes de Itaguaí, interna-os no sanatório da Casa Verde, para, como único são, tratar deles.