CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Apnéia do sono impede o repouso e compromete a qualidade de vida

Ademir Baptista Silva Publicado em 18/05/2006, às 17h08

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Ademir Baptista Silva
Ademir Baptista Silva
Quando nós dormimos, toda a musculatura do corpo relaxa, inclusive a da região entre o nariz e a boca, por onde o ar entra e sai de nosso corpo. Se esse relaxamento é acentuado, a faringe se fecha, impedindo a respiração por alguns instantes. Isso se chama apnéia. Podemos apresentar até cinco delas por hora sem qualquer conseqüência. A partir desse patamar, porém, as interrupções, que podem chegar a mais de 30 por hora, se tornam um problema. Para se chamar apnéia a parada na respiração tem de se prolongar por 10 segundos ou mais. Em geral, a pessoa acorda, retoma o ar e dorme de novo, sem perceber o ocorrido. O sono, porém, perde qualidade, pois nunca atinge o estágio mais profundo, responsável pelo repouso. Cerca de 24% dos homens e 9% das mulheres sofrem de apnéia - na menopausa, as taxas se igualam. Outros 10% da população têm a chamada hiper-resistência respiratória: não param de respirar, mas fazem tanta força para o ar entrar ou sair que também acordam e sofrem, com isso, as mesmas conseqüências da apnéia. Apesar de toda essa freqüência, apenas 2% das mulheres e 4% dos homens apresentam queixas que levam ao dianóstico da doença. A maioria acaba atribuindo os sintomas a outros problemas e não procura tratamento. É uma pena, pois há soluções para todos os níveis, do mais suave ao mais grave. A apnéia geralmente nasce no primeiro ano de vida. Acredita-se que esteja relacionada a 20% dos casos da síndrome da morte súbita que atinge os bebês. Pode ter origem genética ou ser provocada por doenças alérgicas que dificultam a respiração e, conseqüentemente, o bom desenvolvimento da parte óssea da face, resultando em queixo menor, desvio de septo ou arcada dentária estreita. Tudo isso compromete a entrada e a saída do ar no organismo. Com a idade, a situação piora. A obesidade agrava o quadro e é agravada por ele. Por um lado, o peso da gordura obstrui a passagem do ar. Por outro, a falta de sono diminui os níveis da enzima leptina, responsável pela sensação de saciedade, e aumenta os da grelina, que provoca a sensação de fome. O hipotireoidismo, distúrbios neurológicos, tumores, analgésicos, calmantes e medicamentos usados no controle da hipertensão também intensificam a apnéia e seus sintomas: cansaço permanente, sonolência, irritabilidade, impotência sexual, hábito de urinar várias vezes durante a noite, refluxo, perda de memória. O ronco, ao contrário do quemuitos pensam, prova justamente que o ar está entrando ou saindo. Pode, no máximo, incomodar o companheiro. Para diagnosticar a doença o médico pedirá uma polissonografia, o monitoramento do sono e da respiração durante uma noite, com o uso de sensores diversos. O exame permite identificar a gravidade e orientar o tratamento. Há casos que se resolvem com a simples mudança da posição de dormir - o ideal é sobre o lado direito, para onde está virado o estômago. Também costuma ser útil deixar mais alta a cabeceira da cama e evitar ingerir álcool pelo menos três horas antes de deitar. Alguns pacientes precisam utilizar um aparelho ortodôntico para abrir espaço na cavidade oral ou um aparelho respiratório que injeta ar no nariz. Eventualmente, são indicadas cirurgias para a correção da anatomia da face. A última opção, quando existe risco de morte, é a traqueostomia, abertura de um orifício na traquéia para a passagem do ar. Quando não tratada, a apnéia pode levar a complicações como hipertensão arterial, arritmia, enfarto e derrame. Sem contar a perda de neurônios relacionados à manutenção da vigília e o risco de acidentes por sonolência. Falar de prevenção que vá além de evitar os hábitos já citados é difícil. Recomenda-se a amamentação. O movimento de sugar ajuda a criança a desenvolver uma boa respiração. Pode não ser suficiente, porém ajuda.