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Antigamente, fogueteiro, do catalão coet, foguete, era apenas o fabricante de fogos...

...Hoje, designa também o colaborador do tráfico que avisa, com rojões, sobre a chegada de um carregamento de drogas. Aquele que entrega a droga vendida e depois "desaparece" é o vapor, do latim vapore.

Deonísio da Silva Publicado em 26/10/2007, às 10h01

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Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Arrego: de arreglo, do espanhol arreglo, que tem também o verbo arreglar, arreglar, fazer acordo, acerto, ajuste mútuo. Provavelmente veio do espanhol dos países hispano-americanos e entrou para a língua portuguesa pelas fronteiras do Rio Grande do Sul. Lá, o significado preferencial de arreglo é um tipo de ajuste que soa a rendição ou ao menos a concessões inesperadas. No Rio de Janeiro, porém, arreglo tornou-se arrego e indica desistência, mudança de comportamento por medo, impaciência ou disposição de obter vantagens diante de iminente derrota. Na gíria do tráfico, arrego é o acerto que o policial faz com os bandidos: ele sabe onde estão localizados os pontos de venda de drogas, mas, devidamente subornado, evita passar por perto daquela região. Bechamel: do francês béchamel, bechamel, designa molho feito com leite, manteiga, farinha de trigo e temperos, podendo levar presunto e gordura. Acredita-se que o nome foi dado por seu criador, o marquês de Nointel, Louis de Béchamel (1630-1703), dito também Béchameil e Béchamelle, ou por um de seus empregados. Mas a paternidade francesa é contestada pelos italianos. Eles asseguram que o molho já estava em pratos de seu país no século XIV, com o nome de besciamella e a variante basciamella. Ainda que não saibam explicar a origem da palavra, levantam a hipótese de a homenagem ter sido forjada a partir da semelhança ortográfica e fonética da palavra italiana com o sobrenome francês, que prevaleceu nos guias culinários de todo o mundo. O célebre cozinheiro francês Paul Bocuse (81) já disse: "Todo cozinheiro que se preze deve saber fazer bechamel, ainda que nunca o utilize". Sobre o molho, J. A. Dias Lopes (63), que assina coluna semanal no caderno Paladar, do jornal O Estado de S. Paulo, informa que "Antonin Carême (1784-1833), o maior chef de todos os tempos, redefinidor dos velhos padrões da cozinha francesa, considerava-o excelso". A esse profissional é atribuída também a frase: "O bechamel, para o cozinheiro, é como a tinta para o escritor".Fogueteiro: de foguete, do catalão coet, com influência de fogo, acrescido do sufixo que indica ofício, como em carreteiro, padeiro e leiteiro, entre outros. Originalmente designava o fabricante de foguetes e de fogos de artifício, mas passou a ser aplicado também àquela pessoa que costuma contar vantagens, pois, como os fogos, ela faz muito barulho, embora sem ferir ninguém. Manejar fogos é tarefa delicada, que pode machucar os incautos. Por isso, surgiu a expressão meter-se a fogueteiro para designar gente que insiste em fazer o que não entende e acaba se dando mal. Uma fogueteira, Rosemary Mello, tornou-se famosa na história do futebol brasileiro. Ela soltou um rojão sinalizador marítimo que foi cair ao lado do goleiro Rojas (50), no Maracanã, quando o Brasil vencia o Chile por 1 a 0, pelas eliminatórias da Copa de 1990, no dia 3 de setembro de 1989. O jogador machucou-se de propósito no supercílio e deixou o campo em maca. A farsa quase tirou o Brasil da Copa, mas foi descoberta a tempo. A fogueteira tinha 31 anos na época e posou nua para a revista Playboy. Na linguagem dos traficantes, fogueteiro é aquele que avisa, soltando rojões,que chegou o esperado carregamento de drogas na favela. Glutão: do latim gluttone, declinação de glutto, glutão, comilão, aquele que deglute vorazmente. O mesmo étimo está presente no verbo deglutir, do latim degluttire, às vezes escrito com um "t" apenas, cujo significado é comer. Não é de se estranhar que alguns dos maiores glutões de todos os tempos tenham sido franceses, dada a excelência de sua célebre cozinha. Luís XIV (1638- 1715), o Rei-Sol, ficou famoso pela voracidade. Sua cunhada, Isabel Carlota Wittelsbach von Pfalz (1652-1722), esposa do duque Felipe d'Orléans (1640-1701), contou em carta que era comum o rei devorar, numa única refeição, quatro pratos de sopa, um de salada, um faisão inteiro, uma perdiz, uma perna de cabrito, dois pedaços de presunto e várias costelas de porco, seguidos de frutas e doces. Vapor: do latim vapore, declinação de vapor, vapor, aquilo que é exalado, que provém de um líquido, geralmente quente. Em latim, palavras aparentadas ajudam a compreender-lhe o significado: vaporosus, vaporoso, é algo delicado, tênue, transparente, fraco; evaporare, evaporar, é desaparecer. Por isso, vapor passou a designar, como substantivo, o funcionário do tráfico de drogas que vai à rua, faz a entrega e desaparece, não fica na boca de fumo (maconha e crack) isto é, no ponto fixo em que se dá o comércio ilegal.