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Escolher entre dois amores não é nada fácil, porque envolve perdas

por Leniza Castello Branco* Publicado em 01/03/2010, às 13h33 - Atualizado em 19/12/2012, às 20h49

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Escolher entre dois amores não é nada fácil, porque envolve perdas
Escolher entre dois amores não é nada fácil, porque envolve perdas
"Tenho um namorado há anos. Ele me ama, é trabalhador, bonito e quer compromisso. Mas no trabalho me envolvi com um outro que também diz me amar e insiste para que me separe do primeiro. Não sei de quem gosto mais. Um é estável, sério, confiável; o outro, mais insinuante, melhor na cama e me sinto mais apaixonada por ele. Com qual dos dois fico?" Recebo muitos e-mails como este, fictício, de pessoas que estão sofrendo porque devem tomar uma decisão. Gostariam que eu lhes dissesse qual caminho é o melhor. Suas dúvidas, na maioria das vezes, se referem à escolha amorosa. Em geral têm um parceiro com quem se dão bem, ou um casamento estável, ou um namoro longo, e de repente outra pessoa aparece, causando um turbilhão em uma vida que aparentemente era tranquila. Alguns se relacionam com dois ou duas sem sofrer qualquer conflito. São tão egocêntricos que não acreditam que isso possa causar sofrimento, desde que o parceiro não perceba. Mas esconder também não é fácil. E mesmo que aconteça a descoberta, acredita que vai disfarçar, vai mentir, vai negar (como num bolero) e tudo continuará como antes - até a próxima crise, o que certamente irá desgastar o relacionamento e acabar com a confiança. Mas nem todo mundo consegue viver assim. E são estes que sofrem. Gostam dos dois (o que é perfeitamente possível), mas seus princípios não permitem que mintam, ou, se já estão mentindo, sentem-se mal com isso. Quando a relação é boa e os parceiros se sentem completos, tendem a ser leais e, se ocorre um envolvimento, conversam, enfrentam o ciúme, as mágoas e as discussões até se entender. Mas se não há abertura para uma conversa, quando surge a necessidade de se fazer uma escolha, há um embate, uma desavença interna, a pessoa se atrapalha, não se conforma em perder nenhum dos dois. Isso é complicado, pois para cada ganho sempre há uma perda. Se escolhemos casar, perdemos a liberdade dos solteiros, mas ganhamos um companheiro, estabilidade, tranquilidade. Quando começamos a trabalhar, ganhamos nosso dinheiro e a independência dos pais, mas perdemos a comodidade de ter alguém que nos sustenta e que decide por nós. Assim, vamos amadurecendo e crescendo, sempre tendo de escolher e de enfrentar a depressão pelas perdas. Nessas horas, precisamos pesar os prós e os contras - e mesmo no amor existe uma contabilidade! A razão pergunta: "Quem me dá mais carinho, estabilidade, proteção?" O coração pondera: "Com quem sinto mais emoção, quem me faz sonhar, por quem perco a cabeça?" Conselhos não adiantam. A paixão é cega, surda e burra. Se somos mais emocionais, seguimos o coração. Se somos mais lógicos, escolhemos a razão. O e-mail com o qual inicio este texto não tem resposta. A pergunta é muito íntima e envolve uma escolha para a vida. Nenhum profissional consciente pode opinar, ainda mais sem conhecer a pessoa que escreve. O que pode, sendo psicoterapeuta, é ajudar na decisão, já que deve ter prática em compreender os símbolos que vêm do inconsciente e facilidade para captar os pontos cegos com certo distanciamento. Feita a escolha, deve-se aceitar a perda e deixar o outro seguir seu caminho. Assim poderá encontrar alguém que o faça feliz.