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Casal às vezes briga por bobagens para evitar o fim do relacionamento

Redação Publicado em 08/02/2011, às 14h29 - Atualizado às 16h33

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Nahman Armony
Nahman Armony
O ser humano é polivalente, o que significa que ele é capaz de experimentar ao mesmo tempo vários impulsos e sentimentos na maior parte das vezes conflitantes entre si. Não é uma situação confortável. Em geral preferimos ter a sensação de saber o que queremos para podermos nos conduzir com força e determinação a uma única direção. Desejos contraditórios desestabilizam a segurança, nos colocam em estado de incerteza e nos tornam emocionalmente frágeis. É por isso que os casais, no dia-a-dia, costumam se empenhar em discussões encarniçadas sobre aspectos de menor relevância. É uma maneira de afastar da relação o perigo de instabilidade que a discussão sobre o ponto nodal causaria. Em outras palavras, enquanto as migalhas ocuparem o primeiro plano, se escamoteará a principal fonte de conflito, mantendo o relacionamento em um clima de autoafirmação em que frequentemente o mal-estar e a raiva se fazem presentes. No entanto - e aí está o truque -, a relação se mantém, porque o ponto de conflito que a poderia destruir fica sepultado debaixo das trivialidades. E a certeza de estar com a razão torna a pessoa forte. Um exemplo. Digamos que duas pessoas de nacionalidades diferentes tenham sido fisgadas por cupido. Falo aqui de um amor visceral à primeira vista. Digamos ainda que a maneira de ser de um se afine com a do outro, o que permitiria que as diferenças fossem expostas, discutidas e conciliadas. Existe aqui uma auspiciosa promessa de crescimento da relação, algo raro e precioso que deveria ser conservado a qualquer preço. No entanto, existe igualmente uma questão fundamental: cada um dos parceiros não abre mão de viver em seu país, o que significa tirar o outro do país de origem. Há um primeiro confronto nessa área e o casal percebe a existência de um impasse que poderá destruir a relação. Nenhum deles deseja esse desfecho. Assim, a questão crucial é deixada de lado e eles tentam viver o seu amor sem interferências. A questão não desapareceu; foi apenas enterrada e continua a exercer seus efeitos sobre o casal. Mas a esperteza dos dinamismos psicológicos humanos desvia a discussão daquela questão para outros aspectos da relação que não são tão vitais e que, portanto, podem ser suportados. Discutem-se ninharias, como a melhor maneira de apertar o tubo de pasta de dentes, ou então questões mais pertinentes, como clima, trabalho, mentalidade. Em resumo, para o bem da relação todos os temas podem ser discutidos, menos o amor à terra natal da cada um. Certamente estou dando a impressão de que as discussões secundárias não deveriam existir e que se deveria logo ir ao ponto decisivo. Não é bem o que penso. Enquanto as discussões de menor importância acontecem, outras conversações inconscientes acontecem entre o casal, provocando movimentos de alma que os preparam para uma atitude menos drástica em relação ao problema fundamental. Não se pode saber a priori para onde essa conversa inconsciente e esses movimentos afetivos levarão. Em determinado momento, pode ser que o casal chegue a um acordo. Mas, caso não chegue, haverá pelo menos o consolo de ter batalhado pela continuação do relacionamento amoroso.