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Uniões de príncipes podem ajudar outros parceiros em suas relações

Célia Horta Publicado em 19/04/2011, às 10h33 - Atualizado às 18h54

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Célia Horta
Célia Horta
Muita gente fica estarrecida com o exagerado interesse de alguns a cada novo fato sobre a vida privada do príncipe William (28) e sua escolhida, Kate Middleton (29). Pensam: "Quanta futilidade... Por que perder tempo com tanta informação inútil? Como é possível mulheres, não somente do Reino Unido, mas ao redor do mundo, dirigirem tal atenção à vida de uma garota, só porque será princesa?" Um dos motivos é o fato de que o ser humano precisa de modelos para desenvolver sua capacidade de se relacionar e desempenhar papéis em seus vínculos, inclusive o amoroso. Não é à toa que os antigos contos de fadas recebem incessantes adaptações para os nossos dias. Essa, aliás, foi a grande jogada de Walt Disney (1901-1966), quando apostou todas as fichas na arrojada produção cinematográfica de Branca de Neve e os Sete Anões, finalizada em 1937. A narrativa compilada pelos irmãos Grimm e tão presente no imaginário de todos nós permite não só entretenimento e encantamento, mas também a possibilidade de elaborar conflitos internos, processo fundamental para o desenvolvimento infantil. A história do novo casal da coroa inglesa é recheada de ingredientes que compõem o mais antigo conto de fadas, com contornos característicos da contemporaneidade, o que torna mais fácil a identificação. Contos de fadas, como as histórias reais, são imbuídos de percalços e conflitos a serem enfrentados por seus protagonistas. Além de delicada, a princesa deve ser forte para suportá-los, caminhando, assim, para um final resolutivo. De um lado, Kate surge como uma garota relativamente comum, porém de sorte, já que é escolhida, entre tantas, por um belo príncipe. De outro, é impossível não questionar se ela será feliz tendo de conviver com tudo que implica transformar-se em modelo para um sem-número de garotas e mulheres por todo o mundo e vendo sua vida privada devassada. Para completar o quadro, a história da geração anterior da família real inglesa remete necessariamente ao casamento do príncipe Charles (62) com Diana Spencer (1961-1997), cujo enredo, envolvendo supostas traições, separação e morte, terminou bem distante do esperado final feliz. William e Kate passam então a representar também a renovação das esperanças em relações amorosas bem-sucedidas. Sua disposição em se unir sugere a necessidade de lidar com a imprevisibilidade, de superar dramas íntimos e relacionais, de buscar resoluções. Em alguns dos comentários que se ouvem por aí, observa-se inclusive um uso terapêutico desse conto real ou de fadas, visto que as pessoas usam tramas ficcionais ou não para compor sua subjetividade, utilizando-as como modelos ou antimodelos. Fala-se: "Nisso eu agiria como eles, aquilo eu faria diferente...". Ao se identificar com os personagens, as pessoas equacionam suas dificuldades, trabalham seus medos, elaboram sua capacidade de exercer papéis de namorado, namorada, marido, esposa, pai e mãe. Nesse sentido, o recurso de selecionar uma narrativa alheia e opinar sobre ela aponta um paradoxo, pois leva para uma trama distante da vida pessoal (o que parece frívolo), mas pode tornar mais fácil a aproximação do mundo interno e da possibilidade para iniciar ou mesmo restaurar relacionamentos.