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Separação dói tanto que vingança pode destruir os bons momentos

por Paulo Sternick* Publicado em 13/07/2010, às 23h38 - Atualizado às 23h38

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Separação dói tanto que vingança pode destruir os bons momentos
Separação dói tanto que vingança pode destruir os bons momentos
A dor da perda é um dos sentimentos mais dolorosos da vida. Dependendo da situação, pode-se levar até anos para superá-la. No auge do sofrimento, parece que a sensação ruim ficará aprisionada para sempre no coração. Não há esperança nem luz no fim do túnel. Nesse momento difícil, é importante contar com o apoio da família e dos amigos e ouvir as palavras solidárias de incentivo e os exemplos de dramas alheios. Mas, na hora em que se encosta a cabeça no travesseiro, vêm à tona os ressentimentos pelas injustiças cometidas e as mágoas pela incompreensão. E assim surgem os sentimentos ambíguos, como a saudade dos bons momentos misturada com a raiva e a indignação. Às vezes, a separação é inevitável. Afinal, as possibilidades do casal não eram infinitas. São várias, e não raro indecifráveis, as razões pelas quais as relações terminam. Quem sabe teria sido apenas uma crise, que poderia ter culminado em crescimento e superação. Ou até o esgotamento de uma possibilidade que não se efetivou no teste do tempo e da realidade da convivência a dois. Muitas vezes duas pessoas se iludem, achando que podem ficar juntas. Mas a união estava baseada em ingredientes superficiais. De uma forma ou de outra, o casal continua no patrimônio existencial de cada um dos parceiros e na memória irremovível da história afetiva, que merece ser preservada com civilidade. Por isso, as atitudes toma das depois do fim da relação têm importância crucial. Afinal de contas, existe um compromisso com a dignidade, o respeito e a gratidão pelo tempo desfrutado a dois. É importante lembrar-se disto, pois o fim da relação pode fazer com que o desespero supere a ética e revele um caráter frágil, esquecendo da consideração com o parceiro. O fim é sentido com tanta angústia que vira licença para botar o pé na jaca sem o menor pudor por um período de silêncio ou de uma discrição recíproca mínima. Já dizia o poeta latino Virgílio em sua obra Eneida: "Se não posso sensibilizar os poderes do céu, moverei o inferno". Em outras palavras, ele ou ela podem se sentir tão humilhados a ponto de desencadear ódio e o desejo de vingança. A mera presença deste turbilhão de emoções é capaz de incendiar a mente, que passa a desconfiar de qualquer atitude do outro, o que seria a senha para revidar. Mexericos e intrigas de conhecidos entram em cena e a situação deixa de ser privada e se torna pública através de instigações e seduções. Paqueras antes mantidas a distância viram realidade e a relação do casal se deteriora ainda mais. Ele pode beijar uma amiga dela, enquanto ela se torna mais íntima de um primo dele. Sem falar de situações ainda piores, que só aumentam a dor e a mágoa. Dessa forma, a perda de um ser amado se transforma em humilhação e ataques à autoestima, provocando a descaracterização dos sentimentos originais. A separação então toma outro significado. Seria necessário estragar tudo a ponto de um não poder mais ver a cara do outro. Se os pombinhos pudessem ser conscientes do que significam um para o outro, talvez tivessem mais cuidado e respeito recíprocos na difícil hora da separação, procurando mantê-la nos limites da civilização. Hoje, lamentavelmente tão esquecida.