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Alarme urinário, nova opção para o tratamento da enurese noturna

Maurício Hachul (CRM 62.234). Publicado em 27/04/2006, às 17h16 - Atualizado em 29/06/2010, às 15h32

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Maurício Hachul
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As crianças do país que têm enurese noturna contam com uma nova opção de tratamento. É o alarme urinário, criação de um médico geriatra alemão aperfeiçoada pelos americanos que já era utilizada com sucesso, faz algum tempo, em especial na Europa e nos Estados Unidos. Trata-se de um aparelhinho - antes importado, mas agora já produzido no país- constituído de uma caixa emissora de som de 4 x 5 centímetros de comprimento e 2 centímetros de alturaque é ligada por um fio de cerca de 60 centímetros a uma pequena placa metálica sensível à umidade. À noite, a criança enurética dorme com a caixinha afixadana região entre o pescoço e o ombro e o sensor preso por fora da cueca ou da calcinha. Quando ela solta a primeira gota de urina, o sensor acusa e a caixa emite um som que a acorda imediatamente, interrompendo a micção. A criança pode, então, ir ou ser levada à toalete. Pesquisas da Sociedade Internacional de Incontinência Urinária na Criança comprovaram que a repetição desse processo por no mínimo três meses condiciona o cérebro infantil a controlar o xixi, o que favorece o aumento na capacidade de retenção de líquidos por sua bexiga. O alarme é indicado apenas aos enuréticos maiores, isto é, a partir dos 6 anos. O aparelho tem se mostrado eficaz em 70% a 80% dos casos. Para haver sucesso no tratamento, vale destacar, não basta que a criança se disponha a utilizar o alarme pelo tempo indicado; é necessário que os pais e/ou outros familiares também estejam dispostos a colaborar. Isso se deve ao fato de que muitas vezes a enurese ocorre na fase de sono profundo e a criança não acorda; então, é fundamental que alguém a desperte e leve à toalete. A enurese noturna atinge 15% a 20% das crianças a partir dos 5 anos. Estudos populacionais mundiais comprovaram queé mais freqüente em meninos. Calcula-se que haja no país 3 milhões de portadores. O fenômeno se caracteriza quando a criança maior de 5 anos molha a cama mais de duas vezes por semana. Se não se fizer nada, ao longo dos anos 10% a 15% em geral superam o problema. No entanto, 1% a 2% dos portadores o mantêm na vida adulta. A primeira causa da enurese é genética, ou seja, parte dos portadores herdam-na dos pais. Se um deles era enurético quando criança, os filhos têm 40% de possibilidade de apresentá-la também; se os dois eram enuréticos, os riscos dos filhos já sobem para 75%. Outras causas importantes são: produção excessiva de urina à noite por deficiência no hormônio que controla a formação do líquido; bexiga pequena demais para a quantidade de líquidos que o organismo da criança produz; e sono profundo. Favorecem a enurese noturna a obstipação intestinal (ou prisão de ventre); doenças neurológicas como tumores benignos na coluna; diabetes melitus; obstrução das vias aéreas; e ingestão exagerada de derivados de cafeína e chocolate. Crianças enuréticas, vale destacar, se sentem constrangidas, envergonhadas e inferiorizadas. Podem ter o rendimento escolar comprometido. Tendem a evitar o contato com amigos, colegas e isolar-se. Se não recebem apoio da família, é grande o risco de o quadro se agravar. Nas situações extremas, esses pequenos se tornam presas fáceis da depressão. O ideal, claro, é que os pais ou responsáveis levem a criança a um médico urologista à primeira indicação do problema. Só ele é capaz de avaliar corretamente a situação e indicar o tratamento mais adequado. Hoje, a primeira alternativa no tratamento de enurese com certeza é o alarme urinário. Mas antes de indicá-lo é necessária uma avaliação médica completa. E mais: quando a criança tem deficiência no hormônio que controla a formação da urina, é preciso normalizar os níveis da substância com o uso de remédios.