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Etimologia

por Deonísio da Silva* Publicado em 22/03/2011, às 17h18

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Etimologia
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Bebida: de beber, do latim bibere. Designa qualquer líquido para beber: leite, água, chá, café, refrigerante. Quem se entrega à bebida, porém, não é a nenhuma dessas que se entrega. E o aviso "Se beber, não dirija" traz implícita a proibição de bebida alcoólica. No dia 8 de maio de 1886, nos Estados Unidos, foi vendida como xarope a primeira garrafa de uma bebida que ia tomar conta do mundo. Nascia a Coca-Cola, que ostenta no rótulo até hoje a caligrafia estilizada do contador da empresa. Seu fabricante assegurava que aquele xarope "curava todos os males do corpo e da alma por apenas 5 centavos (de dólar)". Foi um fracasso. Ele vendeu a fórmula por uma bagatela. Alterado o gosto e anunciado convenientemente, ganhou o mundo. Corcova: de origem controversa, provavelmente alteração do latim hispânico cucurvus, encurvado. O masculino corcovo significa pinote, salto que o cavalo dá arqueando o lombo. Neste caso, o verbo é corcovear. "O cavalo saiu corcoveando", diz-se frequentemente. As corcovas mais conhecidas são a do dromedário, que tem apenas uma, e as do camelo, duas. Lê-se em Conpozissões Imfãtis: Lissões das Coizas, de Millôr Fernandes (87): "A corcova do camelo também se chama bossa que eu acho que ele tem muita e que foi ele o inventor da bossa nova. O camelo trabalha oito dias sem beber ao contrário do meu tio que bebe oito dias sem trabalhar". Emplacar: de placa, do holandês placken, pelo francês plaque, chapa de madeira, metal ou outro material resistente. Emplacar tomou o sentido de obter êxito. Concluídos os ensaios, a peça entra em cartaz. Se o público aprovar, ela emplaca, isto é, seu sucesso é duradouro, o mesmo acontecendo com músicas, filmes, livros. A metáfora foi reforçada com o automóvel. Emplacar o carro significa tê-lo comprado novo ou renovado a licença. Fuscão: de fusca, como passou a ser pronunciado volks, primeira parte de volkswagen, carro do povo, em alemão. Introduzido no Brasil no final da década de 50 do século passado, o automóvel tinha apenas 1200 cilindradas. Duas décadas depois era fabricado um modelo mais potente, de 1500 cilindradas, logo designado fuscão. O cavalo, meio mais rápido de transporte até o trem, no começo do século XIX, era símbolo de qualificação social. O pobre andava a pé, o rico a cavalo. Foi assim com o automóvel por mais de um século. O fusca e o fuscão, primeiros carros populares, acabaram com isso. Mas deixaram de ser fabricados na década de 1980. O presidente Itamar Franco (79), ao incentivar com redução de impostos a volta do fusca, em 1993, levou as montadoras a fabricar carros populares mais modernos, que hoje são milhões pelas ruas brasileiras. Foram postos ao alcance de classes sociais que antes jamais tinham tido automóvel. Passividade: do latim passivitate, declinação de passivitas, qualidade de quem, ao sofrer a ação, nada faz, não reage. O étimo desta palavra remete a sofrer e é o mesmo de paixão. Mas não é no sentido amoroso apenas. Designa o sofrimento e por isso os padecimentos de Jesus na Semana Santa são conhecidos como Paixão e Morte, e dão nome a várias peças artísticas, principalmente na música sacra e clássica. Passividade é também o estado de certos metais, como ferro, níquel e cobalto, inertes em face de agentes oxidantes fortes. O étimo aparece na voz passiva dos verbos, em que a ação não é identificada pelo sujeito, mas pelo complemento: "Os carros foram levados pela correnteza". Na voz ativa ficaria assim: "A correnteza levou os carros". Xarope: da variação do árabe xarab, bebida, do mesmo étimo de xereb, beber. Designa medicamento líquido e açucarado. Quando surgiu, era indicado para combater a tosse e outras afecções do peito e da garganta. Ao contrário dos xaropes atuais, o antigo era amargo, pois se acreditava que, quanto mais desagradável de gosto, mais eficiente seu efeito. Como a pessoa toma quando não está bem, o chato, companhia sempre indesejável, veio a ser qualificado como xarope. Tal como remédio, tomado a contragosto, também sua presença causa desconforto. Com o tempo foi designada xarope também a bebida agradável, mas o sentido metafórico de xarope como algo ruim permaneceu.