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Etimologia

por Deonísio da Silva* Publicado em 11/03/2011, às 19h19

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Etimologia
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Crescente: de crescer, do latim crescere. Está presente na denominação quarto crescente, uma das fases da Lua, e também na expressão Crescente Fértil, criada pelo arqueólogo e historiador americano James Henry Breasted (1865-1935) para designar a região do Oriente Médio que inclui Israel, Cisjordânia e Líbano e partes da Jordânia, da Síria, do Iraque, do Egito, do sudeste da Turquia e do sudoeste do Irã. Irrigada pelos rios Jordão, Eufrates, Tigre e Nilo, estende-se das planícies aluviais do Nilo, continua pela margem leste do Mar Mediterrâneo, em torno do norte do deserto sírio e através da Península Arábica e da Mesopotâmia, até o Golfo Pérsico. Ali surgiram os assentamentos mais antigos, de que são exemplos as cidades de Jericó, em Israel; de Damasco, na Síria; e de Bagdá, no Iraque. Esmola: do grego eleémosýne, piedade, compaixão, pelo latim eleemosyna. A forma atual provavelmente formou-se deste modo: elemosna, depois elmosna, a seguir esmonla e por fim esmola. Com a mesma origem, deu elemosina em italiano e limosna em espanhol. Entre os católicos, em especial na Quaresma, tempo litúrgico que vai da Quarta-Feira de Cinzas ao Domingo de Páscoa, são recomendados o jejum, a abstinência e a doação de esmolas e donativos aos mais necessitados. Gemer: do latim gemere, gemer, expressar sofrimento, tristeza e dor em sons inarticulados, plangentes, murmúrios e lamentos que não se compõem de palavras ou frases completas e, sim, de exalações da respiração e da voz. Mas pode-se gemer também tanto de prazer quanto alegria, como é comum a muitas mulheres no orgasmo. O poeta e romancista mineiro Bernardo Guimarães (1825-1884), em Invocação, de Canto da Solidão, utilizou o verbo gemer para designar o barulhinho da água que jorra de uma fonte: "E as vozes mil desprende/ De seus eternos, místicos cantares:/ E dos horrendos brados do oceano,/ Do rouco ribombar das cachoeiras/ Do rugir das florestas seculares,/ Do quérulo murmúrio dos ribeiros,/ Do frêmito amoroso da folhagem,/ Do canto da ave, do gemer da fonte,/ Dos sons, rumores, maviosas queixas,/ Que povoam as sombras namoradas,/ Um hino teces majestoso, imenso,/ Que na amplidão do espaço murmurando/ Vai unir-se aos concertos inefáveis". O verbo aparece também no lema da Campanha da Fraternidade deste ano, deflagrada no último dia 9: "A criação geme em dores de parto". O tema é "Fraternidade e a vida no planeta". Mil: do latim mille, que deixou de ser declinável, sofrendo variações apenas o que designava, como foi também o caso de centum, cem, e decem, dez. Desde o governo de Fernando Henique Cardoso (79), que reduziu a inflação para menos de um dígito, não temos mais a presença de 1000 nas notas de dinheiro impressas pelo Banco Central. A maior é de 100 reais. Mas já tivemos a de 100000 (cruzeiros), em 1985, emitida quando José Sarney (80), atual presidente do Senado, era presidente da República. Quaresmal: de Quaresma, da alteração de quaresima, do latim quadragesima, quadragésima parte, designando antes do cristianismo percentual de imposto muito alto, correspondente a 40%. Seu sentido mais comum na língua portuguesa, porém, é adjetivar tudo que se refira aos 40 dias que vão da Quarta-Feira de Cinzas ao Domingo de Páscoa. Há uma planta dita quaresmal, cujo nome é quaresma, porque sua floração coincide com o período litúrgico. Também a flor do maracujá, mara kuya, em tupi, isto é, alimento na cuia, é considerada flor quaresmal, com os símbolos aludindo mais especificamente aos sofrimentos da Paixão de Jesus: a coroa de espinhos, os três cravos e as cinco chagas. Os mesmos motivos inspiraram a denominação em francês fruit-de-la-passion e em inglês, passion fruit. Vodu: do fon voudu, espírito, presente na expressão jeje vodu, demônio protetor, segundo crenças muito arraigadas entre os fons, povo e agricultores do sul de Benin e da Nigéria. Como procediam os antigos romanos, antes da chegada do cristianismo, os fons cultuam seus ancestrais reais, qualificando-os como divindades. O vodu foi introduzido nas Antilhas por escravos negros e hoje sua presença é mais forte no Haiti do que em qualquer outro país.