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Etimologia

por Deonísio da Silva* Publicado em 01/03/2011, às 15h32

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Etimologia
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Apendicite: do latim appendice, o que está pendurado, anexado, e do étimo grego ite, designando inflamação. Uma intervenção cirúrgica rotineira consiste em extrair o apêndice quando inflamado. É difícil morrer de apendicite, mas o famoso ilusionista húngaro Harry Houdini (1874-1926) morreu disso: aceitou uma aposta com estudantes e deixou que eles batessem em sua barriga com muita força para testar sua famosa resistência. Os golpes romperam o apêndice, ele prosseguiu com os espetáculos durante vários dias, apesar de muita dor, e morreu de apendicite. Praga: do latim plaga, chaga, ferida, pancada. Houve mudança de "l" para "r", como acontece também em pranto, do latim planctus, batida, murro, ligado a plangere, bater, que se tornou sinônimo de chorar. Lógico: quem apanha, chora. Na tradução do hebraico para o latim, na Vulgata, o latim plaga designa as 10 pragas do Egito: águas do rio transformadas em sangue, piolhos, moscas, peste nos animais, sarna, chuva de granizo, gafanhotos, escuridão e morte dos primogênitos. Realidade: do latim realitate, declinação de realitas. Explicações de coisas míticas ou lendárias são antecedidas da expressão "na realidade" ou "em realidade". É o caso das 10 pragas do Egito. Pesquisadores modernos chegaram à conclusão de que elas podem ter ocorrido depois da erupção do vulcão Santorini, que produziu 10 catástrofes: lama e fumaça quentes, de cor vermelha, tornaram rubras as águas do Nilo; sapos e rãs, fugindo da intoxicação de águas, banhados, lagos e lagoas, espalharam-se por todos os lugares, inclusive nos palácios do faraó; em momentos de desestabilização ecológica, proliferava exageradamente um tipo de piolho, o maruim, de picada dolorosa; com a morte dos animais, carcaças podres resultaram em numerosos enxames de moscas, males tão exasperantes que em hebraico o Demônio é chamado de o Senhor das Moscas; esses insetos causaram enfermidades aos animais como a peste equina africana e a peste da língua azul. O mormo, mosquito abundante nos estábulos, passou a atacar também as pessoas, provocando úlceras na pele. A chuva de granizo deveu-se a abruptos encontros de massas de ar frio e de ar quente, tornando as tempestades maiores e mais violentas do que já eram. Ventos fortes, em intensidade nunca antes vista, mudaram o curso de bandos de gafanhotos etíopes. Tempestades de areia no Saara, antes mais rápidas, chegaram a durar dias, escurecendo o Sol. E por fim a morte dos primogênitos. Toxidermia: dos étimos gregos de tóxikon, pelo latim toxicum, veneno para flechas, e derma, pele, donde dermatologia, estudo da pele. Designa erupção cutânea decorrente de processos de intoxicação, especialmente alimentar. Foi a décima praga do Egito, resultando na morte de todos os primogênitos, tanto homens como animais. É que por tradição os primogênitos dormiam perto de reservas de cereais, já contaminados, e eram os primeiros a comer, tanto entre os homens como entre os animais. Morreram intoxicados, uma vez que as primeiras camadas das reservas eram as que tinham mais toxinas. Xenomania: dos étimos gregos ksénos, estranho, estrangeiro, e mania, loucura. Designa afeição exagerada por tudo que é estrangeiro. Cada qual tem seu hábitat, não só a espécie humana, todos os organismos vivos. Sem levar em conta este preceito, em 1859, diversas espécies se tornaram pragas na Austrália. Percebendo que no continente não havia coelhos, o caçador e fazendeiro australiano Thomas Austin (1815-1871) levou da Inglaterra 24 exemplares. Eles se multiplicaram de tal modo que em 1950, como último recurso, se experimentou o controle biológico: tentaram exterminá-los com o vírus da mixomatose. Zambro: da alteração de zambo, do grego strabós, pelo latim strabicus, estrábico, torto dos olhos, vesgo. Designa o animal que tem, não os olhos, mas outras partes do corpo tortas, como o camelo. Aliás, esse animal é mais uma das pragas da Austrália, ao lado de sapos, coelhos e raposas. Foram importados camelos, entre 1840 e 1907, para servir de meio de transporte. Multiplicando-se, eles logo se transformaram de solução em problema. Chegam a consumir 80% dos alimentos no deserto. E um camelo pode beber 200 litros de água em apenas 3 minutos.