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Etimologia

Verbo que muitos “conjugam” nas festas da passagem do ano, batucar talvez tenha vindo do guarani apatacá ou apatucá, bater amiudadamente, vinculado a batuque. Nascer, por sua vez, do latim nascere, é muito usado para tudo que começa, como o novo ano.

por Deonísio da Silva* Publicado em 22/12/2010, às 21h34

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Batucar: provavelmente do guarani apatacá ou apatucá, bater amiudadamente, vinculado a batuque, dados ambos como palavras de origem africana. O mais provável, porém, é que tenham sido levados pelos portugueses do Brasil para a África, vez que aparecem apenas em territórios de possessões lusitanas. Outros argumentam que vieram do ronga, variante do tsonga, língua falada na antiga Lourenço Marques, nome em homenagem ao primeiro navegador português a fazer profundo reconhecimento de Maputo, capital de Moçambique. Os habitantes locais, depois dos portugueses, passaram a pronunciar bachtuque. Como no caso de mandioca, mandi e mandubé, palavras que foram do tupi para o português, dali migrando para diversos dialetos africanos, é possível que com batuque tenha ocorrido o mesmo. Outro exemplo de tais migrações de palavras é obrigado, arigatô em japonês. No Largo do Machado, no Rio de Janeiro, assim chamado porque antigamente havia ali um açougue, com o desenho de um machado à entrada, existe uma casa noturna chamada Batuque das Meninas. Batuques diversos e explosões ruidosas integram as festas de fim de ano, como os foguetes e os rojões que saúdam a chegada do novo ano. Desfazer: de "des", partícula de negação, e fazer, do latim facere. Este étimo está presente também em eficaz, fato, fatura, benefício, malefício. Os presépios, que celebram o nascimento de Jesus (século I), começam a ser desfeitos após o Dia de Reis, comemorado em 6 de janeiro. Mas o acontecimento foi narrado de modos distintos e aparentemente contraditórios, justamente por complexas sutilezas das traduções. Os manuscritos dos primeiros dois séculos foram quase todos perdidos e prevaleceram as versões do século IV. Os quatro evangelistas oficializados escreviam numa língua que não era a deles, o grego, e por isso estavam influenciados pelo hebraico, a língua dos ritos no templo, e pelo aramaico, a língua do cotidiano e aquela em que Jesus falou, e ganharam o mundo a partir de sua tradução para o latim, a célebre Vulgata, assinada por São Jerônimo (347-420). Os evangelhos apócrifos desfizeram as narrativas originais e as compuseram de outros modos. São ainda muito lidos e têm servido a filmes e especiais de televisão, em geral baseados no livro O Código Da Vinci, do jornalista americano Dan Brown (46), que tentou desconstruir ou talvez destruir os Evangelhos. Nessas narrativas, Jesus e Maria Madalena (século I) fogem de Jerusalém e vão para a França, onde constituem uma família e têm filhos judeus, nascidos franceses. Nascer: do latim nascere, cujo primeiro sentido é chegar ao mundo, vir à luz, começar a ter vida exterior, que entretanto já existia no útero, ou, no caso das sementes, sob a terra. Nascer é muito usado para tudo que começa, para identificar origem: o português nasceu do latim; nascer de novo, como quando se sobrevive a um perigo. Diz-se também que o Sol nasce, mesmo após a Física ter demonstrado que ele ali aparece porque a Terra se moveu. Tem também o sentido de surgir: "A epopeia grega nasce no século IX a.C.". Designa a nacionalidade, cujo étimo pertence ao verbo nascer. E indica o começo de um novo ano. Verter: do latim vertere, voltar, virar, desviar. Este verbo ganhou também o sentido de traduzir, isto é, de tirar do caminho original e oferecer uma variante. Um exemplo mundial de desvios de tradução, às vezes com o bom propósito de dizer na língua de chegada o que estava dito na língua de partida, são os Evangelhos. Mateus (século I) diz que Jesus nasceu em Belém. Marcos (século I) e João (século I) mudam a cidade para Nazaré, mas o segundo diz que "o Verbo se fez carne", e o primeiro diz apenas que naqueles dias Jesus veio a Nazaré e foi batizado no rio Jordão por João, o Batista (século I), isto é, aquele que batizava. Lucas (século I) começa com a concepção, e a fala do arcanjo Gabriel a Maria (século I) integra a Ave-Maria, oração referencial do cristianismo: "Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo". E a de Maria, visitando a prima Isabel, que já estava com João Batista no útero, também virou oração, o Magnificat, do verbo latino magnifacere, engrandecer, tornar magno, grande: "Engrandece minha alma ao Senhor". São versões reconhecidas. Já as versões apócrifas foram recusadas como doutrinárias e são aceitas ou toleradas apenas como curiosidades.