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Etimologia

por Deonísio da Silva* Publicado em 09/11/2010, às 14h42

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Etimologia
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Confronto: de confrontar, verbo vindo do étimo latino fronte, declinação de frons, fronte, testa, rosto, cara, frente. Apesar de confronto e confrontar darem ideia de discordâncias, brigas, lutas, adversidades, essas palavras aparecem em outros contextos, como no caso das escrituras imobiliárias, quando se diz que o terreno tal confronta com a estrada de ferro, com a lagoa, com o rio. Não raro está ausente também a ideia de luta, como quando se confronta o texto de um autor com o de outro. Mas no geral prevalece na mídia o uso de confronto para designar choque: confronto de milícias, militantes ou milicianos de candidatos; confronto com a polícia. Em geral, quando há confronto nas ruas, há também lambança. Lambança: de lamber, do latim lambere, para designar ato de comer avidamente, sem cuidado, derramando parte do que lambe na mesa ou no chão, dispensando talheres, donde a expressão "de lamber os dedos", para referir pratos especialmente saborosos. Outras vezes o verbo aparece ligado não só à culinária, mas à pecuária, como na expressão "o que é meu, é meu, e o boi não lambe", que às vezes vem acrescida de "e, se lamber, eu corto a língua e ainda chupo o sangue". O Aurélio e o Houaiss, porém, à semelhança de outros dicionários, dão para lambança, com o sentido de bagunça e desordem, o étimo de lamber, o que é pouco provável. Mais coerente é o Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes (68), que o vincula à forma dialetal africana lamba, cozinhar - "sentido de desordem, sujeira que a atividade culinária parece provocar". Mas Jacques Raymundo, em O Elemento Afro-Negro na Língua Portuguesa, diz que vem de um costume conguês: quando um escravo, insatisfeito com seu proprietário, ia entregar-se espetacularmente a outro, os presentes à cena gritavam n'ambanza, em casa. Teria sido esta expressão a origem de lambança como logro, trapaça, coisa malfeita. Maiúsculo: do latim majusculus, ligado a majus e major, maior, mais do que magnus ou magnum, magno, grande, mas com o sentido de só um pouco maior, daí a analogia com minúsculo, do latim minusculus, um pouco menor do que minus e minor, menos, menor. Denominamos os caracteres e as letras de maiúsculos ou maiúsculas quando têm formato maior do que o tamanho normal. Mas, curiosamente, letras em formato normal são denominadas minúsculas, por prevalecer a comparação com aquelas que são maiores. Usamos letras maiúsculas iniciais em antropônimos, dos compostos gregos antropos, homem, e nomos, nome, designando nomes de pessoas: Pedro, Maria, João; nos topônimos, também dos compostos gregos topos, lugar, e nomos, nome: Porto Alegre, Manaus; nos nomes das instituições: Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), nome com dois adjetivos junto ao substantivo democracia: um deles antes (social) e outro depois (brasileira): mas é mais comum que o adjetivo venha após o substantivo; já o Partido dos Trabalhadores (PT) evitou o adjetivo trabalhista; Igreja Católica Apostólica Romana; Assembleia de Deus, designação igualmente curiosa por analogia com assembleia, palavra que quer dizer reunião, de que são exemplos assembléia dos deputados, mesmo porque não poderia existir uma assembléia dos deuses, a não ser entre os pagãos; também os nomes de festas têm inicial maiúscula: Natal, Páscoa; nos títulos de periódicos, jornais, revistas, livros; também a letra inicial dos pontos cardeais deve ser maiúscula: Norte, Sul, Leste, Oeste. Queijo: do latim caseus, porém com influência do espanhol queso. Mas línguas neolatinas, como italiano e francês, preservaram outro étimo da língua-mãe na denominação. Assim, queijo em italiano é formaggio e em francês é fromage, palavras com origem no latim formaticum, de forma, que designa tanto a forma, como a fôrma. Queijo é literalmente o leite que, coalhado, toma a forma da fôrma. No caso do queijo prato, o nome decorre de uma escolha dos fiscais para taxar com imposto específico o queijo feito por imigrantes dinamarqueses que se estabeleceram em Minas Gerais e passaram a fabricar na região um tipo de queijo de forma cilíndrica, baixo, parecido com um prato. Minas difundiu também por todo o Brasil o queijo de minas, mole e não duro como outros queijos, de forma cilíndrica e baixo teor de gordura.