Sempre que o estilista Karl Lagerfeld idealiza o seu desfile de alta-costura, algo surpreendente está por vir. Desta vez, a força e o poder de Coco Chanel são representados por um cenário onde uma estátua de leão gigante finca suas patas sobre uma pérola. Este simbolismo não poderia ter sido escolha melhor para uma coleção cheia de fortes referências e novas propostas. Dividido em duas partes, uma delas focada em produções para o dia e outra em modelitos para a noite, o desfile tem como principal foco as proporções. Casacos encurtados sobre vestidos retinhos chegam para substituir o tradicional tailleur. Mantôs no melhor estilo dresscoat têm mangas volumosas e estrutura que marca discretamente a silhueta. Sem falar nos vestidos de tweed com referências militares e peles nos punhos das mangas três quartos e na barra das saias com comprimentos logo acima dos joelhos. Por falar em altura das saias, elas continuam descendo e, mais uma vez nesta temporada, confirmam os midicomprimentos como hit absoluto. Alguns tons terrosos, do bege claro ao marrom, passando por bordeaux e os clássicos marinho e preto, determinam as cores desta coleção. Para fazer o contraponto aos looks escuros, e confirmando mais uma vez todo o glamour da marca, os acessórios dourados são um caso à parte. Começando pelas pulseiras (sempre usadas em pares), com seu exagerado mix de correntes, pedraria e pérolas. Pelo visto, os maxicolares estão com os dias contados. Ainda nos acessórios, botinhas douradas de couro amassado também trazem novas proporções e vão muito além das conhecidas ankle boots. Chegando nas produções para festa, Lagerfeld deixa para trás os longos e propõe curtos comportados com bordados florais de jeitão vintage. Uma coleção que, em um primeiro momento, causa certa estranheza, mas que seguramente marca novas diretrizes. Isto é Chanel.
