CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Etimologia

<i>por <b>Deonísio da Silva</b>*</i><br><br> Publicado em 23/12/2009, às 19h01

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Deonísio da Silva
Deonísio da Silva
Acalanto: de acalantar, que tem origem controversa, talvez do latim calente, declinação de calens, quente, que em espanhol deu caliente, quente, vivo, ardente. Designa o ato de fazer com que a criança adormeça ao som de cantigas, nos braços da mãe, no colo ou no berço. O poeta gaúcho Jenário de Fátima Rodrigues (52) chamou Acalanto a um soneto em que imagina Nossa Senhora fazendo o menino Jesus (século I) dormir: "Sonhei um sonho, e neste sonho havia/ Um algo assim de arrolo e acalanto./ Um algo assim de êxtase de encanto/ ...Era um enlevamento que eu sentia./ Só que em meu sonho eu não conseguia/ Saber de onde vinha aquele canto/ Por mais que procurasse, no entanto/ A voz que o cantava se escondia./ Foi no acordar então que dei por mim/ Quando se sonha alguma coisa assim/ É a mão de Deus que em nós se faz sentir/ E ficou claro o que eu não entendia/ A voz que ouvi era a voz de Maria/ Cantarolando para Jesus dormir...". Burrinho: diminutivo de burro, vem do latim burricus, cavalo pequeno. Uma das funções do diminutivo em português é o tratamento carinhoso: mãezinha, filhinho, menininha. O burrinho não está presente só no presépio. A Sagrada Família precisou fugir e é clássica a cena em que aparecem os três atravessando o deserto que então separava o Egito da Judeia: São José (século I) vai a pé, puxando o burrinho, no qual segue montada Maria (século I) com o filho nos braços. Eles fogem do rei Herodes I, o Grande (73-4 a.C.), que ordenou a matança de 40 crianças com menos de 2 anos, por sentir-se ameaçado na sucessão, já que os magos lhe haviam dito que nascera o rei dos judeus. O historiador Flávio Josefo (37?-100), nas Antiguidades Judaicas, informa que houve eclipse da Lua pouco antres da morte do tirano. O escritor português Adolfo Correia da Rocha, mais conhecido pelo pseudônimo Miguel Torga (1907-1995), nos versos de História Antiga, diz: "Mas, por acaso ou milagre, aconteceu/ Que, num burrinho pela areia fora,/ Fugiu/ Daquelas mãos de sangue um pequenito/ Que o vivo sol da vida acarinhou;/ E bastou/ Esse palmo de sonho/ Para encher este mundo de alegria;/ Para crescer, ser Deus;/ E meter no inferno o tal das tranças,/ Só porque ele não gostava de crianças". Convenção: do latim conventione, declinação de conventio, ajuste, acordo, convenção. No latim, este "t" tem som de "s". O dicionário Aurélio define como convenção "aquilo que só tem valor, sentido ou realidade mediante acordo recíproco ou explicação prévia. Tudo aquilo que é tacitamente aceito, por uso ou geral consentimento, como norma de proceder, de agir, no convívio social; costume". Natalício: do latim natalitius, natalício, do natal, referente ao dia do nascimento. Aparece no nome de um prato de Natal, o capão natalício. Reza a lenda que, por perder o sono com o canto dos galos, certo imperador romano inventou uma lei que proibia a criação dessas aves. Castrado, o frangão deixa de cantar, ultrapassando em beleza, tamanho e sabor o galo macho. Oásis: provavelmente de antiga forma dialetal do grego uahe-as, lugar em que se bebe, falado na Ilha de Chipre, pelo grego óasis, região distante, no deserto, e daí ao latim oasis, de onde chegou ao português. Originalmente, designava lugar para onde eram banidos criminosos ou desafetos dos poderosos de ocasião. Como outros sítios de degredo, muitos oásis se desenvolveram tanto que inverteram a significação, tornando-a positiva, por designarem lugares com água, vegetação, sombra, alimento. No soneto Solitudo, que significa solidão, o poeta carioca Olavo Bilac (1865-1018) diz: "E só fique em meu peito o Saara ardente/ Sem um oásis, sem a esquiva sombra/ De uma isolada e trêmula palmeira". A palavra oásis sempre esteve ligada a deserto, do latim desertus, particípio do verbo deserere, abandonar. Presepista: de presépio, do latim praesepiu, declinação de praesepium, presépio, estábulo, cerca ou outro obstáculo que se põe à frente (prae) do local onde são recolhidos os animais, com o fim de protegê-los, acrescido do sufixo "ista", que pode designar ocupação. Presepista designa o fabricante de figuras do presépio e o ator ou a atriz que as representa, personificando até mesmo o boi e o burro.