CARAS Brasil
Busca
Facebook CARAS BrasilTwitter CARAS BrasilInstagram CARAS BrasilYoutube CARAS BrasilTiktok CARAS BrasilSpotify CARAS Brasil

Lua Blanco revisita suas origens em Belém

Na terra do avô Billy, cantora e atriz vibra com força da natureza

CARAS Digital Publicado em 12/05/2015, às 19h12 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Lua Blanco em Belém - Marcos Salles
Lua Blanco em Belém - Marcos Salles

Viajar sempre foi uma constante na vida da atriz e cantora Lua Blanco (28). Seguida por um numeroso fã-clube desde que estourou com a banda Rebeldes, que se desfez em 2013 após último show em Belém, capital do Pará, ela, que agora prepara seu primeiro CD em carreira solo, retornou à cidade para dias de pura emoção, onde a lembrança do avô paraense, BillyBlanco, ícone da MPB falecido aos 90 anos em 2011, permeou todos os momentos. Além disso, o contato com a natureza foi tão forte que a fez chorar. Hospedada no luxuoso Radisson, sua presença foi notada pelos fãs, chamados de Lunáticos, com grupo que sempre a esperava na porta do hotel. Lua é filha de missionários e, por conta disso, morou em vários lugares no Brasil e também no Peru. Não em Belém, o que tornou a viagem à terra de seus ancestrais ainda mais especial. “Agora, consegui conhecer melhor a cidade. Foi muito especial ter ido à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, lugar que meu avô sempre frequentava. Era católico fervoroso e devoto da santa. Acompanhava o Círio de Nazaré. Lembro de quando ia visitá-lo e não podíamos sair sem falar ‘amém’ para o seu ‘vai com Deus’. Ele ficava repetindo até ouvir o amém”, recorda. “Foi a partir da adolescência que conheci mais meu avô e fui fundo na sua obra, nas suas letras. Fiquei encantada. Perguntava o que o inspirou e ele ia me contando. Era louca por ele, sempre fui”, confessa.

Outro passeio marcante para Lua começou quando ela embarcou no Amazon Queen e navegou na famosa Baía de Guajará, onde acontece a procissão fluvial do Círio, no segundo sábado de outubro, rumo à Ilha do Combu, de onde sai 40% da produção do açaí paraense. Bastou entrar no Rio Guamá para o avô voltar a sonorizar seus pensamentos. “Este apego muito grande que tenho à natureza, este amor pela Amazônia, foi ele que me deixou. Quando avistei a floresta, veio a música O Boto Falou. E adoro esta parte: ‘E o ouro é meu/ O verde não está em crise/ Portanto seu gringo, please/ Amazônia é sagrada/ Todo canto tem louro esperando vez/ Para ser mais um bonzinho na parada/ Não venham com a proteção que eu não pedi/ Amazônia é do Brasil e c’est fini...”, cantarola Lua, que não hesitou em mergulhar nas águas do rio. “Foi um sonho poder entrar ali e sentir aquela energia. Tenho uma ligação forte com a natureza. Se estou triste, em um momento ruim, sempre procuro o mato, o mar, algum espaço onde encontre natureza porque me faz muito bem. E, quanto mais longe da civilização, no passeio de barco, melhor me senti. Estava em casa. Teria passado mais uma semana ali, pois não existem horários, prazos, compromissos, o stress da vida moderna. Na natureza, você se sente nas mãos de Deus”, contou assim que desembarcou.

Ainda na Ilha do Combu, a emoção aumentou. Ao abraçar a Samaúma, árvore de 400 anos, chorou. “Foi, sem dúvida, o contato com a natureza mais poderoso que já tive na vida. Hoje digo com certeza que abraçar uma árvore não é balela. Parecia que ela estava me abraçando de volta. Agora entendo porque ela é sagrada para os índios. De repente as lágrimas começaram a escorrer. Aconteceu. Não tinha como segurar”, revela a atriz, completamente encantada com a experiência. Em suas andanças na capital paraense, Lua sempre entoava canções de Billy Blanco. Ao subir os 47m do Mirante do Mangal das Garças e ver a cidade a seus pés, foi a vez de Pai d’Égua: “Quem não conhece o Pará já perdeu/ porque o que aconteceu num dia, no outro não tem/ a gente basta parar pra ver que é diferente/ E porque jamais se esquece Belém...”, entoou. Para ela, a viagem — que contou com o incentivo da Mostra Viajar, que ocorre esse mês, de 29 a 31, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque no Ibirapuera, e apoio do Ministério do Turismo e da Secretaria Estadual — “é o pedaço do quebra-cabeça que faltava” para conhecer melhor o avô. Ao descer do Mirante, que também é um farol, ela acompanhou a alimentação das garças e entrou no borboletário. “O Mangal é um zoológico aberto. As aves estão ali porque querem. Vão e voltam. As garças e os guarás esperam o horário de comer. É muito lindo, não vou esquecer. Sou bicho do mato. Se tem sapo dentro de casa, quem pega sou eu. Tenho medo de pouquíssimos animais”, afirma a popstar, que conquistou dois discos de ouro, dois de platina e um de platina duplo com a banda Rebeldes.

Quanto à culinária regional, Lua elegeu suas preferências: “Amei o cupuaçu e o taperebá. Os peixes de água doce são deliciosos. O filhote é gostoso, mas o tambaqui foi meu preferido. É uma manteiga, derreteu na boca. Na Estação das Docas, provei o tradicional tacacá, uma delícia e que deixa a língua dormente. Mas o que ganhou disparado de todos foi o sorvete de tapioca, um gosto que lembra infância, pois meu pai servia para a gente de várias formas”, lembra ela. Na volta ao Rio de Janeiro, onde mora, Lua Blanco vai retomar os ensaios da peça Primeiro Sinal, que entra em turnê em junho. Na bagagem, levou chapéus, farinha e castanha-do-pará que comprou no famoso Mercado Ver-oPeso. Para o namorado, o cantor e compositor GugaSabatiê (27), designou algo especial: “Ele é um artista muito talentoso, um cantor incrível, uma pessoa muito iluminada. Estou levando o amor pelo mato, que ele já tem. A gente se perde no mato juntos. E levo também parte dos meus ancestrais e da cultura brasileira como um todo. Aliás, me sinto mais brasileira  conhecendo mais o Pará. Ele vai pirar com minhas histórias e as fotos”, conta Lua, já planejando voltar a Belém com ele. “Isso é certeza!”, garantiu.