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Viagem / Argentina

Empoderada, Bella Piero fala sobre machismo: ''Nossa voz ainda não é igual à do homem''

De férias no Ushuaia, a atriz contou sobre o momento que tem vivido desde o final de 'O Outro Lado do Paraíso'

Marcos Salles Publicado em 17/07/2018, às 14h15 - Atualizado em 24/07/2018, às 11h05

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Bella Piero no Ushuaia, Argentina - FOTOS: MARCOS SALLES
Bella Piero no Ushuaia, Argentina - FOTOS: MARCOS SALLES

De férias da TV após o fim da trama global O Outro Lado do Paraíso, Bella Piero fez as malas e embarcou rumo às surpreendentes paisagens de Ushuaia, na Argentina.

Com os termômetros marcando cinco graus negativos, o clima de mistério da Terra do Fogo ou da cidade do Fim do Mundo, como é conhecida, encantou a atriz. “Foi mágico. Um lugar completamente diferente e místico. Eu gosto de lugares assim. Não tem como olhar para essa imensidão, para a quantidade de cores diferentes, para a cordilheira, para a neve que caiu em mim e que eu nunca tinha sentido e não se emocionar. A gente é muito pequeno diante disso tudo”, apontou a jovem, que viajou a convite de CARAS, da Secretaria de Turismo de Ushuaia e da Agência Brasileiros em Ushuaia.

A força que imprimiu em sua personagem na trama — a jovem Laura, que sofreu abuso sexual na infância — se repetiu no tour. No início, Bella estava receosa em enfrentar o frio, mas logo superou. “Descobri que sou resistente, pois sou muito friorenta e estava com medo de vir. Não sabia se o meu corpo iria aguentar. Falei para o meu pai: talvez eu fique, talvez eu congele, vire um pinguim e não volte. Mas é impressionante como nosso corpo consegue. Sem falar que a primeira vez na neve é algo indescritível”, ressaltou a carioca, hospedada no Hotel Arakur.

Em meio a casacos, luvas e roupas térmicas, a atriz relembrou os momentos que viveu no Jalapão, Tocantins, onde gravou cenas da novela. “Nunca esquecerei do calor das pessoas, do sorriso e da alegria. O Brasil é imenso e ainda não temos ideia da beleza da nossa terra, das pessoas, de como é possível ser feliz com pouco. Lá, é tudo muito vivo, as cores, o céu!”, explica Bella, que, por conta da repercussão da personagem, foi convidada pela ONU para ser uma das representantes da campanha Ela Decide.

“É o empoderamento da reprodutividade e das escolhas femininas. A campanha fala da decisão feminina sobre seu corpo, sua fala, ser ou não mãe, escolhas sexuais, uma campanha para orientar a mulher. Não imaginava que, sendo tão nova, já estaria representando tanta gente”, diz ela, indicada ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação em Ninguém Entra, Ninguém Sai, seu primeiro longa.

- Você já sofreu algum tipo de abuso na vida real?

Acredito que todas as mulheres já foram abusadas e não me refiro somente ao abuso sexual, pois existem de vários tipos. Já me senti abusada, sim, reprimida, coagida. Diariamente, na rua, escutamos piadinhas como “que gostosa”. Não é elogio. No trabalho, ainda somos julgadas, comparadas, inferiorizadas, estigmatizadas. Nossa voz ainda não é igual à do homem, nem nosso salário. Vivencio isso e tento romper o sistema e me posicionar.

- Caso acontecesse algum abuso mais sério, o que faria?

O primeiro passo é berrar. Não suporto ver nenhum ato de machismo na minha frente. Não fico calada. Isso já era presente em mim e agora é latente. Antes tinha um pouco de receio e de vergonha, como a maioria. Quando acontece, o sentimento é “fiz algo de errado?”, mas hoje tenho coragem.

- Seu nome é Izabella Carneiro de Campos Pieruccette. Como se tornou a Bella Piero?

Nos muitos testes que já fiz, nunca acertavam meu nome e eram usadas umas 20 claquetes por conta disso. Até que a Celly Terra, minha empresária, teve a ideia da Bella Piero. E ficou mais sonoro, elegante.

- Além de empoderada, tem o lado poetisa...

Comecei a ler muito aos 13 anos e, a partir daí, passei a me interessar por crônicas. Sempre senti muito e, em decorrência disso, sempre escrevi muito. Eu tenho umas crônicas, umas poesias, tudo de intuição, mas sem técnica nenhuma. Escrevo o que vem, sinto e passo para o papel. Aos 15 anos, já estava escrevendo e já tenho material para um livro. Também já escrevi algumas peças e quero voltar ao teatro com uma delas.