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Silvio de Abreu propõe resgate das novelas clássicas

Silvio de Abreu falou a CARAS Digital sobre sua visão para a área: "Novela tem que voltar a ser novela"

Flávia Faccini Publicado em 18/11/2014, às 13h59 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Silvio de Abreu - Amauri Nehn / AgNews
Silvio de Abreu - Amauri Nehn / AgNews

Anunciado na segunda-feira, 17, como novo diretor de dramaturgia da Globo, Silvio de Abreu  falou à CARAS Digital - em entrevista concedida durante festa do lançamento da novela 'Alto Astral' (no dia 18 de outubro) - sobre sua visão em relação ao atual momento das novelas globais. 

Direto, Abreu, que acumula a função com a supervisão de Alto Astral, de autoria de Daniel Ortiz, contou que é contra deixar as tramas globais mais próximas dos seriados norte-americanos e propõe um resgate do gênero. "Novela é  uma história folhetinesca com romance, com comédia, com drama, que a pessoa fique motivada a assistir todo dia e que tenha um gancho a cada comercial, e um gancho forte no final do capítulo. Se você não gosta de novela, vai fazer minissérie, seriado, vai fazer outra coisa, porque novela é assim", afirmou.

Franco, o autor também enumerou os motivos que levaram seu mais recente trabalho como autor principal, o remake de Guerra dos Sexos, a ter audiência. "A novela não caiu nas graças do público porque foi muito mal lançada, em uma época ruim. Nem Romeu e Julieta de Shakespeare da primeira vez ia dar certo", comentou.

Leia abaixo os melhores trechos:

- Qual é a sua visão sobre o atual momento das novelas globais?

Eu acho que novela tem que voltar a ser novela. Essa história de fazer novela para ficar parecida com seriado, não dá certo. Novela é uma história folhetinesca com romance, com comédia, com drama, que a pessoa fique motivada a assistir todo dia e que tenha um gancho a cada comercial, e um gancho forte no final do capítulo. O gênero é esse e é assim que tem que ser feito. Qualquer coisa que se fizer fora disso não dá certo.  Então, se você não gosta de novela, vai fazer minissérie, seriado, vai fazer outra coisa, porque novela é assim.

- E com relação à duração das tramas, a emissora vai apostar em novelas mais curtas, como foi Meu Pedacinho de Chão, ou vai procurar manter o número habitual de capítulos?

Não. A gente já estabeleceu isso na Globo: cada novela vai ter a duração que a história permitir. Nós vamos ter novelas de 100 capítulos e de 200, depende da história. O ruim é quando você não tem história para contar e fica enchendo linguiça, e quando eu supervisiono ou escrevo eu não faço isso. Isso é uma coisa que não quero que aconteça mais.

- Por falar em Meu Pedacinho de Chão, a Globo pretende apostar em projetos mais experimentais ou você avalia que a novela não funcionou como deveria?

Meu Pedacinho de Chão foi uma experiência. Não sei se funcionou. A novela foi prestigiada, um trabalho muito bem feito, mas não era o que o público espera de uma novela, por isso é uma experiência. Foi da mesma maneira quando eu fiz Filhas da Mãe, era uma experiência. Não deu certo não deu, vamos fazer outra coisa. Vai sempre ter um monte de gente que gosta e um monte que não gosta. Não é todo mundo que consegue agradar 50 milhões de pessoas todos os dias.

- Você disse que Filhas da Mãe foi uma experiência que não deu certo. E o remake de Guerra dos Sexos, por quê você imagina que não caiu nas graças do público novamente, como na primeira versão?

Eu acho que não deu nada errado em Guerra dos Sexos, eu adorei. A novela não caiu nas graças do público porque foi muito mal lançada, em uma época ruim. Em vez de estrear 19h30 estreou 18h45, em cima do horário político e no horário de verão. Nem Romeu e Julieta de Shakespeare da primeira vez ia dar certo. A cada semana ela mudou de horário por causa das eleições. Depois veio novembro e dezembro. Quando a novela poderia  ter pego, aí começou dezembro, quando novela nenhuma faz sucesso, ou só faz sucesso se já estiver no ar. Quando chegou janeiro, aí já tinha ido, as pessoas não tinham criado o hábito. Mas, de qualquer maneira, de janeiro em diante, a novela teve 25 pontos de audiência, o que é muito mais do que muita novela está dando hoje. Para mim, claro, eu gostaria que a novela tivesse tido uma visibilidade maior, mas a culpa não foi da novela, foi da época.

- O que faz com que você desista de escalar um ator para uma novela?

Não trabalho mais com um ator se ele não for sério, se não estudar, se não evoluir dentro do personagem, não respeitar o trabalho que ele está fazendo.

- E quais são as características que fazem com que um ator entre para o seu time?

O que me faz trabalhar de novo é se ele fizer o oposto do que eu falei. Se for aplicado, profissional, e se gostar do que está fazendo. Porque muitas vezes o ator é bom, mas ele não gosta do tipo de texto que eu faço, já que eu lido muito com comédia e misturo muito as coisas. Têm atores que não se sentem bem fazendo isso, preferem fazer ou drama ou comédia, e aí não resulta, eu desisto do ator. Mas ultimamente isso tem sido bem difícil, acontecia mais no começo. Agora, faço isso há 30 anos, eles já sabem como é o meu estilo.

-  Além de todas as suas atribuições na direção de dramaturgia diária, você também supervisiona o Daniel Ortiz em Alto Astral....

Eu já fiz isso com vários autores e tem sido para mim um novo prazer, já que é muito bom você ver uma pessoa crescendo, podendo desenvolver uma carreira. Escrever novela para mim é um outro ofício, que eu também tenho muito prazer de fazer. É muito cansativo, mas supervisionar não é menos cansativo. Não é melhor nem pior, é só diferente. No momento, estou achando supervisionar muito melhor que escrever, mas daqui a pouco o bichinho da vontade de escrever e aí vou escrever. Acho um privilégio ter essa liberdade de poder fazer os dois.

- Com tantas atribuições, dá tempo para sentir saudade de escrever uma nova novela?

Tudo isso tem me ocupado muito tempo, porque estou descobrindo novos autores, escalando elenco das novelas, escolhendo as novelas... Então é uma outra etapa da minha vida, não tenho tempo de escrever mesmo por enquanto. Não é que eu não queira mais escrever, mas estou feliz fazendo isso. Na verdade, eu gosto é de televisão, o que estiver fazendo lá dentro, eu estou feliz.