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Regina Duarte se redefine diante de sua história

Estrela da TV brasileira completa 70 anos e conta, em verso e prosa, como encara a maturidade

por Tamara Gaspar Publicado em 14/02/2017, às 08h00

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Em seu lar, ela celebra a chegada dos 70 anos e reflete sobre sua carreira - MARTIN GURFEIN
Em seu lar, ela celebra a chegada dos 70 anos e reflete sobre sua carreira - MARTIN GURFEIN

O amor tem novo significado. Os problemas do dia a dia já não lhe tiram o sono. A paixão pelo ofício é a mesma, mas não há o peso das cobranças. Imutável, só a vitalidade. Definitivamente, a chegada dos 70 anos, no dia 5, tem feito Regina Duarte se descobrir uma nova mulher. “A ideia de me tornar uma senhora de 70 anos sempre foi remota! Eu me via como a Dona Benta, do Sítio do Pica-Pau Amarelo: sentadona em uma cadeira de balanço, contando histórias para as crianças. Essa imagem, no entanto, nada tem a ver com a pessoa moleca que insiste em permanecer comigo”, diz a atriz, em seu apartamento, na capital paulista.

Que nova Regina é essa? Atrás de algumas respostas, ela usa uma boneca ainda sem rosto para refletir. “Um ser em mutação”. E Regina vai além e traduz, em versos, seu momento. “Um certo silêncio / uma certa ordem / como se fosse possível...”, escreve ela, em seu poema Como Se Fosse Possível.

Em suas buscas, a atriz não descarta espaço para um novo amor. “Sem amor a vida fica árida. Que isso nunca se esgote em mim”, afirma, com a calma e a segurança típicas da maturidade. “Não tenho mais aquela carência dos 30, aquela necessidade quase patológica de estar casada. Antigamente, sem um namorado, eu ficava insegura, deprimida. Passou, graças a Deus”, emenda ela, que hoje volta o coração à família: os filhos, André (46), Gabriela (42) e João (35), e os netos, Manuela (10), Frederico (5), Théo (7), Isadora (3), João Gabriel (2) e Antonio (1).

Com voz serena e gestos delicados, Regina não perdeu a doçura e beleza que lhe renderam o eterno título de Namoradinha do Brasil. São 52 anos de carreira, trabalhos na TV, no teatro e no cinema e inúmeros personagens emblemáticos. Não à toa, se tornou referência na teledramaturgia. “Se sinto certo peso? Talvez. Mas tem mais a ver com o desafio que imponho de ter de me superar em cada novo trabalho. Sou exigente”, admite a atriz, cuja última atuação na TV foi na global Sete Vidas, em 2015. “Andei sofrendo, sim, de saudade de um bom personagem. E sou cobrada para voltar. As pessoas falam que têm saudade e me emociono com o carinho que recebo por tudo o que já fiz. Mas já estou me acostumando a ficar guardada, na reserva”, desabafa.

Disse que talvez sinta certo peso. Faria algo diferente?
Teria dedicado mais tempo aos meus filhos quando eles eram pequenos. A vida é engraçada! Agora que eles estão adultos e me sobra tempo, me vejo sem convites de trabalho. É curioso, mas fazer o quê? Não dá para reclamar, só tenho a agradecer.

Está com saudade da TV?
Comecei a listar a quantidade de talentos que também foram sendo aposentados. Passei a ver que faz parte “puxar o carro” para que entrem em cena novas atrações. Aceito o que a vida me reserva com a alma lavada, por tudo que já recebi e pude dar.

O que o tempo te ensinou?
Sempre tive uma sinceridade meio maluca, um lado meio camicase de expressar sentimentos em alto e bom som. Ultimamente venho projetando recolher, ter mais controle sobre minhas opiniões.

Mas não abre mão de se expressar politicamente, afinal, ainda sai às ruas quando preciso...
O livre-arbítrio é uma realidade e todo mundo tem direito à expressão. Defendo a importância de educar e esclarecer sem doutrinar. O silêncio dos últimos anos foi permissivo demais, mas acho que serviu como alerta de que a omissão é sinal de concordância com o que não se concorda.

Sua vaidade mudou?
Minha vaidade máxima é ler pelo menos dois livros por mês e controlar a ansiedade para não cometer excessos na alimentação. Lá atrás, cheguei a fazer plástica no rosto e nos seios e, depois, não fiz quase nada. Botox nunca usei. Gosto mesmo é de roupa e figurino. Amo trajes de gala.

E a Regina fora de cena?
Gosto de ler, ir ao cinema, ver TV, fazer crochê, recortar imagens e fazer colagens, sair com os amigos e receber a família. Aos 70, preciso de alongamento dos pés à cabeça. Sempre que me bate um cansaço, já sei: está faltando oxigenação no cérebro. Aí, arrumo meia dúzia de andares para subir ou faço uma caminhada. Tenho de investir firme na minha saúde, senão vai ficar pesado carregar a próxima temporada.