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Na Ilha de CARAS, Manoel Carlos conta o que fará após o fim de Em Família

O autor ainda contou sobre sua relação com o nome Helena. "Sempre achei um nome mais de personagem do que de pessoa real"

CARAS Digital Publicado em 10/07/2014, às 10h10 - Atualizado em 10/05/2019, às 11h20

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Manoel Carlos e neta - Cadu Pilotto
Manoel Carlos e neta - Cadu Pilotto

No próximo dia 18, quando terminar a exibição de Em Família, o autor Manoel Carlos (81) encerra seu ciclo de escrever novelas para a TV. E, apesar das críticas direcionadas à trama, Maneco tem a sensação do dever cumprido, garantindo que manteve neste trabalho o mesmo padrão dos anteriores. “Agradeço a toda a equipe e aos atores, que estavam primorosos. Me impressionou também a qualidade do elenco jovem do início da novela”, frisou. “Amo televisão e talvez seja a pessoa que há mais tempo escreve para este veículo, faço isso desde 1951, mas realmente prefiro parar enquanto tenho condições de fazer. De maneira realista, não posso ficar me arrastando. Mas não desejo me aposentar, quero escrever obras menores, inclusive tenho minisséries prontas”, acrescentou ele, na Ilha de CARAS, ao lado da neta Sofia (13) e de Beth Almeida (59), sua mulher e grande incentivadora há 35 anos. “Ela tem muito bom senso, é centrada, me policia com relação aos meus arroubos. No começo da nossa vida de casados, lia todos os capítulos antes de eu enviá-los para a emissora. Com a chegada dos nossos filhos,Júlia e Pedro, ela cuidou bastante deles. E hoje em dia ainda me ajuda, porque quando escrevo uma novela fico um pouco distante do dia a dia da casa. Beth administra isso bem, faz os cheques, paga as contas, cuida da família”, explicou Maneco. Segredo da felicidade conjugal? “O relacionamento tem dificuldades como o de qualquer casal, mas sobrevive porque existe um grande laço de amor, compreensão, tolerância e um perdão permanente”, destacou ele. O autor é pai ainda de Maria Carolina (44) – da união com Cidinha Campos (71) –, que há quase 20 anos trabalha como colaboradora nos textos dele, e teve outros dois filhos de um primeiro casamento: Ricardo, que morreu aos 32 anos, em 1988, e Manoel, aos 58, em 2012.

– Como é o seu processo de trabalho?

– Nunca tive isso, meu processo de trabalho é o caos. Escrevo para a TV há mais de 60 anos sem planejamento. Não tenho muita disciplina, porque sou fruto da televisão ao vivo, onde tudo era feito improvisadamente. Perco frente sempre, não tenho hora para escrever, não preciso de silêncio. Trabalho com a porta aberta, cansei de parar para apontar lápis de filho. Tenho criança correndo pela casa desde os meus 19 anos. Se me isolasse, seria prisioneiro do trabalho, não teria convivido com meus filhos. Eles, aliás, contaram na decisão de deixar de atuar. Não me achava um ator ruim, mas, naquela ocasião, eu já tinha dois filhos, precisava ganhar dinheiro. Além de gostar mais de escrever do que representar, também ganhava melhor como autor.

– Como foi superar a perda dos seus filhos mais velhos?

– É difícil e absolutamente intransponível como emoção. Acredito que nada se iguale a isso. Quando acontece, você até para de chorar, mas não de sangrar. A dor é permanente. Na idade em que estou, já perdi quase todos os meus melhores e meus primeiros amigos. Assim, nessas mais de seis décadas em que trabalho na televisão, tudo me marcou, porque foram experiências boas. Eu sinto muita saudade mesmo dos meus amigos e de colegas que morreram.

– Agora, você vai ter férias ou deve emendar algum trabalho?

– Vou viajar. Nesses períodos, gosto de morar em outros lugares, vou muito ao cinema, ao teatro, leio bastante, ouço música, vou a concertos, não perco um balé, ocupo bem o meu tempo.

– Com o fim desse ciclo de protagonistas chamadas Helena, você pode revelar: esse nome não foi realmente de uma pessoa especial na sua vida?

– Muitas pessoas disseram que era o grande amor da minha vida, minha mãe, irmã, mulher. Lamento desapontar, mas não foi nada disso. Gosto de mitologia e desde muito jovem tive admiração pela Helena de Troia. Adaptei ainda o romance Helena, do Machado de Assis, para a TV, nos anos 50. Sempre achei um nome mais de personagem do que de pessoa real. Tive duas filhas, tenho três netas, e nenhuma é Helena. Agora, fechei o ciclo com a Julia Lemmertz, já que sua mãe, Lilian Lemmertz, além de ter sido a primeira Helena, foi uma grande amiga e a ela devo muito o perfil dessas personagens.